PSB e DEM também se destacam com crescimento de candidatos eleitos na região

As eleições de 2020 mostraram a força do Partido Social Democrático (PSD), do governador Ratinho Júnior no Estado do Paraná. O PSD foi o partido que mais elegeu vereadores e prefeitos na região das cidades que compõem a Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG). Foram 38 vereadores e quatro prefeitos eleitos, somando os 19 municípios que compõem a região. Em 2016, o PSD elegeu somente 17 vereadores nos Campos Gerais e dois prefeitos, o que representa um aumento de 56% no número de candidatos eleitos nas eleições deste ano.


Neste ano, somente Ipiranga não elegeu nenhum vereador do partido do governador nos Campos Gerais.“O resultado das eleições de 2020 demonstrou como o PSD se solidificou como o partido mais forte no Paraná. Antes mesmo das eleições, já era observado um movimento de candidatos de outros partidos migrando para o PSD”, expõe o Mestre em Ciências Políticas, Fernando Zelinski. Para o pesquisador, o partido de Ratinho Júnior, aproveitou o momento no Governo do Paraná para espalhar governanças pelas cidades do estado.


“É muito provável que o fato do governador do estado ser do PSD tenha influenciado as eleições de 2020, como também os resultados deste ano irão influenciar as eleições de 2022”, destaca Zelinski. O Cientista Político fala que um partido ter uma base forte de prefeitos e vereadores é uma influência em eleições estaduais. “Esse crescimento do PSD dará ao Ratinho Júnior e ao partido condições mais favoráveis de disputar uma reeleição, se comparado com a campanha de 2016".


Além do PSD, outros partidos se destacam na região dos Campos Gerais com o número de candidatos eleitos. O segundo partido mais votado foi o Partido Socialista Brasilero (PSB), com 23 vereadores e dois prefeitos eleitos. Em seguida do Democratas (DEM) que elegeu 22 vereadores e quatro prefeitos. O Partido Social Cristão (PSC), conquistou nove vagas em câmaras municipais e uma prefeitura. O Partido Social Liberal (PSL), que em 2018 elegeu o presidente da república, Jair Bolsonaro, atualmente sem partido, demonstra um crescimento na região. Em 2016, o PSL elegeu dois vereadores. Em 2020, foram 18 vereadores eleitos nos Campos Gerais.


“As eleições deste ano não chegaram a superar a polarização das eleições de 2018, mas há uma mudança, no qual os partidos de centro-direita se destacam”, interpreta Zelinski. Para o pesquisador, atualmente, há um destaque dos partidos tradicionais, que possuem figuras já populares no meio político, em relação aos grupos extremistas. Mas Zelinski ressalta que as interpretações das eleições de 2020 ainda são recentes e no futuro será possível entender melhor os resultados.

 

Esquerda elege na região, mas ainda não conquista equilíbrio

Para o mestre em Ciências Políticas Fernando Zelinski, os partidos de esquerda do Paraná não podem considerar que venceram, por mais que tenham conquistado cadeiras em diferentes cidades. “Em uma análise que realizei em relação aos votos para vereadores, os partidos de Esquerda no Paraná fizeram só 15% dos votos, os partidos de centro conquistaram 7% e os partidos de Direita somaram 78% dos votos”, Zelisnki expõe.


Na região dos Campos Gerais, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) garantiu uma cadeira na Câmara de Ponta Grossa, com a eleição de um Mandato Coletivo. O Partido dos Trabalhadores (PT) manteve o número de três vereadores e uma prefeitura na região dos Campos Gerais entre as eleições de 2016 e 2020. O partido conquistou a reeleição da prefeitura na cidade de São João Triunfo, onde também elegeu dois vereadores. Em Ivaí, o PT elegeu um candidato para a Câmara Municipal.


Fernando Zelinski lembra que nas eleições de 2016, os partidos de esquerda foram afetados pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O Cientista Político coloca que os estudos mostram que em todo o país naquele ano, a esquerda sofreu uma derrota. “Mas mesmo com os resultados destas eleições, ainda é cedo para dizermos que estamos em um processo de reconstrução da esquerda”, destaca.

 

Resultado no Paraná ainda não está completo

Os dados disponibilizados pelo Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) em relação ao resultado das eleições do estado do Paraná ainda não estão completos. Isto acontece porque em algumas cidades os resultados ainda estão na justiça. É o caso de Castro, na região dos Campos Gerais. No dia das eleições, Moacyr Fadel, do Patriota, foi reeleito prefeito, porém, sua candidatura estava indeferida pela Justiça Eleitoral. A 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça já inocentou Fadel e garantiu sua posse para o próximo mandato. Porém, o status do resultado ainda não foi atualizado no sistema Divulga Candidatos do TSE.


Até os dados divulgados no dia 02 de dezembro, o Partido Social Democrático (PSD) foi o que mais elegeu candidatos no estado do Paraná. O partido irá ocupar a prefeitura em 129 cidades. Em relação aos vereadores, foram 463 candidatos eleitos, um aumento de 75% se comparado com as eleições de 2016. Os partidos que também tem destaque no número de eleitos no estado são Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Progressistas (PP), Partido Liberal (PL), Partido Social Cristão (PSC) e Democratas (DEM).

 

Eleições de 2020 são as primeiras com Financiamento Eleitoral

Neste ano, pela primeira vez, as eleições locais contaram com o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), popularmente chamado de Fundo Eleitoral. Segundo o site do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), o cálculo de distribuição do fundo das Eleições 2020 considerou o número de representantes eleitos para a Câmara dos Deputados e para o Senado Federal na última eleição geral, e também o número de senadores filiados ao partido que, na data do pleito, estavam nos primeiros quatro anos de mandato. Em todo o país, os 5 partidos que mais receberam dinheiro do fundo foram PT, PSL, MDB, PP e PSD.


Para o mestre em Ciências Políticas, Fernando Zelinski, o Fundo Eleitoral apresentou menor resultado nas campanhas do que outras modalidades de financiamento, como o privado, mas o valor investido nas campanhas continua influenciando os resultados. “O financiamento continua determinando o resultado eleitoral. E quando observamos qual o perfil político que possui maior acesso ao financiamento, vemos que são homens brancos, ricos e com uma tradição na política, que não representam a população brasileira”, explica.


O Cientista Político expõe que a lei brasileira não estabelece regras de distribuição e que isto privilegia determinados candidatos. “Transformar as eleições em menos dependentes do dinheiro e mais competitivas, não quer dizer que vamos transformar o Brasil em um país melhor, mas em algum grau, ajuda a reduzir a influência do capital na política ao longo dos mandatos, como na criação de Políticas Públicas”, Zelinski conclui.

 

Confira o vídeo produzido por Daniela Valenga sobre os partidos eleitos nos Campos Gerais.

 


Ficha Técnica: 

Repórter: Daniela Valenga

Vídeo: Daniela Valenga

Infográfico: Daniela Valenga

Edição: David Candido

Supervisão: Vinicius Biazotti, Angela Aguiar, Jefferson Bertolini e Cíntia Xavier.