Segundo caminhoneiro Ronaldo Gomes, o valor do auxílio pago pelo Governo Federal não chega a 10% dos gastos mensais
Com o preço dos combustíveis atingindo altas históricas em todo país, uma das classes mais prejudicadas por esse aumento são os caminhoneiros autônomos. Para reduzir o impacto dos preços, o Governo Federal estipulou, em caráter emergencial, o Benefício Caminhoneiro-TAC que será pago em seis parcelas mensais no valor de R$1.000,00 cada.
Em Ponta Grossa, segundo o último levantamento feito pelo Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac), há 2.500 caminhoneiros autônomos. O presidente do Sinditac Neori ‘Tigrão’ ressalta que o valor do benefício não é o suficiente. “Esses mil reais dá para manter a casa durante o mês e só com o básico do mercado, por que se o caminhoneiro for usar, dá só 150 litros de óleo diesel”. Neori critica a proposta inicial de 600 reais e destaca que o valor mínimo aceitável para a classe seria de R$1.500.
Ronaldo Gomes é caminhoneiro a 7 anos em Ponta Grossa e acredita que muitos colegas de profissão vão usar o auxílio como ele: em manutenções necessárias para o caminhão que foram adiadas por falta de dinheiro. “Com o valor do frete muito baixo e o preço do diesel subindo, a gente foi deixando algumas coisas para depois”. O caminhoneiro explica que o gasto mensal com diesel, em média R$9 mil, e a manutenção do caminhão, de aproximadamente R$3 mil por mês, refletem no frete. “O preço do diesel está em torno de 45% do preço do frete e os custos da manutenção do caminhão fica 25% do valor”.
Para Neori, o auxílio é apenas uma medida paliativa do governo. O verdadeiro problema está no preço do diesel. “O auxílio é pouco claro, mas acho que nós precisamos questionar o preço do diesel, a gente não pode concordar que um grupo de empresários e investidores fora do país fiquem milionários com a Petrobrás enquanto o setor de transporte, os caminhoneiros, entram em dificuldade”.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), somente neste ano, o reajuste da gasolina feito pela Petrobrás foi de 31% e o preço do diesel subiu 68%. Nos postos de Ponta Grossa, o preço do diesel chegou a R$7,34 neste ano. No Paraná, a alta dos combustíveis resultou na maior média registrada pela ANP, ao atingir o preço médio de R$7,29, enquanto o diesel alcançou R$6,47.
Foto: Arquivo Periódico
Como ter direito ao auxílio?
O Benefício Emergencial foi instituído pela Emenda Constitucional n° 123, em 14 de julho. De acordo com a Emenda, aqueles que estão com cadastros ativos no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTR-C) têm direito ao benefício. Para ter o cadastro ativo, o caminhoneiro deve fazer a Autodeclaração através do site do Ministério do Trabalho ou com o auxílio do Sinditac. Além disso, é preciso estar com o CPF regularizado e não se encaixar em nenhum impedimento estipulado pelo regulamento do benefício.
É importante que o cadastro do caminhoneiro esteja ativo e que exista registro de transporte de carga na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) neste ano. O presidente do Sinditac alerta que existem muitos caminhoneiros ainda com o cadastro inativo. Segundo a ANTT, “há 900 mil caminhoneiros no registro, mas só 200 mil estão em dia e aptos para receber o auxílio”, afirma Neori. Aqueles que perderam o prazo de regularizar o cadastro para as duas primeiras parcelas do benefício na ANTT terão o direto a partir da terceira parcela.
O período disponível para a autodeclaração, para recebimento da quarta parcela, vai até hoje, 10, com o pagamento previsto para 22 de outubro. Para receber a quinta parcela, os motoristas precisam fazer a autodeclaração até 14 de novembro. A previsão do pagamento é dia 26 de novembro. O período de autodeclaração para a última parcela será de 14 de novembro a 05 de dezembro, com pagamento previsto para 17 de dezembro.
Ficha técnica:
Reportagem: Lucas Müller de Andrade
Edição e publicação: Vinicius Sampaio
Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira, Marcelo Bronoski e Ricardo Tesseroli