Trabalhadores temporários encontram nas campanhas eleitorais uma chance de complementar a renda, mesmo com a mão de obra reduzida nas eleições de 2024
Durante as eleições municipais de 2024, trabalhadores encontram em campanhas políticas uma alternativa de renda. Foto: Natália Barbosa.
Com a chegada das eleições, muitas pessoas aproveitam a oportunidade de trabalhar em campanhas políticas nas ruas, ganhando dinheiro para distribuir santinhos, segurar bandeiras e outros objetos que chamam atenção para os candidatos. Este tipo de trabalho temporário é uma alternativa de renda para pessoas que enfrentam o desemprego ou que buscam complementar seu orçamento. No entanto, neste ano, algo diferente foi percebido: o número de pessoas contratadas para segurar bandeiras nas ruas diminuiu. As tradicionais bandeiras, antes balançadas por trabalhadores, deram lugar a versões fixadas no chão, sustentadas por bases de concreto. Esse modelo substituiu, em parte, o trabalho humano.
Os trabalhadores costumavam se posicionar em pontos estratégicos da cidade, garantindo presença constante da imagem de candidatos e candidatas nas ruas e interação mais próxima com os eleitores. Entre eles, está Maria Eunice. Ela trabalhou por 45 dias, e recebeu 60 reais por dia por uma jornada de seis horas diárias. Sua rotina variava conforme as demandas da campanha: em alguns dias, ela distribuía santinhos em vilas e bairros mais afastados, e em outros, segurava o totem da candidata no centro da cidade.
Maria Eunice conta que em um primeiro momento assinou um contrato temporário para trabalhar até o final do primeiro turno das eleições. Como a candidata para quem trabalha avançou para o segundo turno, ela foi contratada por mais 15 dias. "Foi a primeira vez que trabalhei em campanha. Recebi um dinheiro que ajuda nas contas de casa".
Outra trabalhadora que aproveitou a oportunidade de trabalho temporário foi Janaína Bonna. No primeiro turno, ela trabalhou para um candidato que não conseguiu se eleger, mas com a chegada do segundo turno, conseguiu uma nova oportunidade de emprego, agora em uma das campanhas que disputam a prefeitura municipal.
Janaína explica que decidiu trabalhar nas campanhas porque está sem trabalho e viu nessa oportunidade uma forma de complementar sua renda. "Estou desempregada há alguns meses. Esse dinheiro veio em boa hora, consegui pagar algumas contas", afirma. Janaína recebeu os mesmos valores nos dois turnos, 60 reais por seis horas diárias.
O trabalho temporário durante as eleições se enquadra nas disposições da lei 6.019/1974, que regula as contratações temporárias para atender necessidades específicas e de curta duração. As campanhas políticas demandam mão de obra para tarefas como distribuir santinhos, segurar bandeiras e promover os candidatos nas ruas. A lei prevê que essas atividades, ainda que temporárias, sejam regulamentadas, oferecendo aos trabalhadores direitos como pagamento por dia trabalhado, jornadas de até seis horas e a possibilidade de estender o contrato se houver segundo turno. Embora o trabalho temporário durante as eleições seja regulamentado, não gera vínculo empregatício.
Ficha Técnica
Produção: Bianca Voinaroski
Edição e publicação: Mariana Real
Supervisão de produção: Muriel Amaral
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado