Câmara Jovem é o principal projeto de incentivo à participação jovem no legislativo de Ponta Grossa
O objetivo da Câmara Jovem é proporcionar para a juventude de Ponta Grossa a possibilidade de uma imersão na função do vereador | Foto: Radmila Baranoski
A inclusão de jovens no cenário político ganha força em Ponta Grossa com iniciativas como a Câmara Jovem, que promove experiências legislativas para adolescentes de 12 a 16 anos. O projeto, criado pela Vara de Infância e Juventude de Ponta Grossa em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), é uma das principais ferramentas para fortalecer a cidadania e preparar jovens para ocupar espaços políticos. Desde 2023, os integrantes do programa oferecem propostas que são levadas à câmara e, em alguns casos, aprovadas pelos vereadores da cidade.
“Em 2024, 32 escolas já manifestaram interesse em participar do programa, demonstrando um crescente engajamento dos jovens com a política local”, destaca Edson Gil, doutor em Ciência Política e um dos idealizadores da Câmara Jovem. Além das atividades legislativas, o projeto também promove palestras em escolas da cidade. “A boa vontade política é o fator decisivo para que esses jovens possam seguir contribuindo com a cidade, seja como futuros vereadores, seja como líderes comunitários ou representantes de associações. Eles são o presente, não apenas o futuro”, acrescenta Gil.
Esse movimento de inserção política reflete a relevância da participação jovem nas eleições de Ponta Grossa. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pessoas entre 16 e 29 anos representam 23,5% dos eleitores na cidade, mesmo com uma leve queda de 1,4% desde 2020. Em âmbito nacional, essa faixa etária representa 23,3% do eleitorado, um indicador da importância crescente que essa geração tem dado ao voto e às decisões que impactam a sociedade.
O impacto do projeto Câmara Jovem é sentido diretamente pelos participantes e observado dentro das escolas envolvidas, a partir do engajamento dos alunos no ambiente escolar. Segundo os organizadores, a Câmara Jovem oferece uma experiência que vai além da teoria, aproximando os adolescentes do processo legislativo real, onde eles têm a oportunidade de desenvolver projetos, participar de debates e compreender o papel do vereador na defesa de direitos e desenvolvimento de políticas públicas. Para muitos, esse é o primeiro contato direto com o universo político, incentivando uma postura ativa desde cedo. Esse incentivo à participação política também é visto em outras cidades, como Curitiba. A vereadora Camila Gonda foi eleita aos 24 anos. Camila é uma jovem liderança que acredita no poder transformador da política para a juventude. “Eu nunca quis ser vereadora, mas acho que foi consequência do trabalho que já vinha desenvolvendo”, explica a parlamentar, e ressalta que a entrada dos jovens na política é essencial para representar as várias realidades da juventude na cidade. Para ela, a inserção de jovens é fundamental para que políticas públicas contemplem questões como educação, passe livre, geração de emprego e renda, temas prioritários para a juventude.
O engajamento juvenil também se faz presente entre os eleitores. José Vinicius Lopes, de 17 anos, escolheu exercer seu direito ao voto nas eleições municipais de Ponta Grossa, mesmo sem a obrigatoriedade. “Decidi votar porque, mesmo jovem, sinto que minha voz importa para o futuro da cidade. Sei que as decisões que os políticos tomam afetam a vida das pessoas da minha idade”, destaca. Esse pensamento é compartilhado por muitos eleitores dessa faixa etária, que buscam nos votos uma maneira de defender causas que consideram prioritárias, como a educação de qualidade, o meio ambiente e a geração de oportunidades para o primeiro emprego.
Além disso, o uso das redes sociais tem sido uma ferramenta utilizada para despertar o interesse e engajamento político dos jovens. As plataformas digitais permitem que as discussões sobre política estejam mais acessíveis e conectadas com a realidade dos jovens, oferecendo um espaço para debates e trocas de informações. Vereadores jovens reconhecem a importância de explorar essas plataformas para envolver mais pessoas e tornar a política mais atrativa e acessível. A linguagem digital, alinhada aos valores e interesses dos jovens, amplia o alcance das propostas e fortalece o sentimento de pertencimento nas decisões políticas.
Para Camila, a inserção da juventude é vital para o desenvolvimento de políticas inclusivas e representativas, que dialoguem diretamente com as demandas dos jovens. “A política precisa ser compreendida como um meio de transformação social. Esses jovens são o presente e o futuro, representando a diversidade de realidades que exigem políticas públicas adequadas às suas necessidades”, acrescenta. Ela enfatiza que é importante mostrar à juventude que o espaço legislativo também é deles e que o poder público pode e deve ser um canal onde suas vozes são ouvidas e respeitadas.
Ficha técnica
Produção: Laura Urbano e Radmila Baranoski
Edição e publicação: Annelise dos Santos, Joyce Clara e Mariana Real
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado