Além do comércio, local é ponto de encontro de praticantes e amigos

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Adilson Koslowski, proprietário da Casa 7 Linhas, vende artigos religiosos e orienta os clientes quanto ao uso de cada produto.

Ao caminhar pelo calçadão da Fernandes Pinheiro, o ponta-grossense se depara com uma loja simples, onde o que chama a atenção são as imagens de Pretos Velhos e Iemanjá. Passando pela porta, sente o cheiro característico de produtos de defumação, essências, incensos e preparados para banhos. É a Casa 7 Linhas, a mais antiga loja de artigos para rituais afro-brasileiros, que funciona há pelo menos 60 anos no mesmo lugar.

Ao entrar na loja, atrás de um pequeno balcão, encontramos Adilson Koslowski, 54 anos, filho da fundadora da loja. Ele está há seis anos à frente dos negócios, desde que a mãe se afastou por problemas de saúde. Em meio ao grande movimento de clientes, Adilson se dispõe a relatar a história do local.

Num espaço de cerca de 25 metros quadrados, estão dispostas duas fileiras de estantes repletas de estátuas de entidades de matriz afro e santos católicos. Há até uma separação entre as imagens, segundo Adilson mais por motivos estéticos que religiosos. Nas prateleiras que cobrem as duas paredes laterais, estão dispostas caixas de defumadores, frascos de essências e preparados para banhos, velas de todas as cores e tamanhos, fitas, pratos de cerâmica para oferendas. 

Também chamam a atenção tambores de diversos tamanhos, os chamados atabaques, e uma arara com vestes rituais. Espalhados pela loja, pequenos altares, dedicados a Zé Pilintra, Exu e Iemanjá tem diante de si pratos em que os filhos de santo depositam moedas, cigarros, charutos e outras oferendas.

Adilson começa a contar a história da loja. Fala do tempo em que sua mãe esteve à frente do atendimento, conta do problema de saúde pelo qual ela passou e como assumiu o negócio. Indagado sobre sua ligação com a umbanda, diz que é estudioso da religião, faz suas oferendas, mas não está ligado a nenhum terreiro.

Então é interrompido por uma cliente em busca de defumadores. Ela apanha uma caixa do produto e leva ao balcão:

- Como é que usa, moço?

- Pega dois defumadores, acende no fogão deixa formar brasa e vem do fundo da casa para a frente.

Em poucos minutos a cliente decide qual defumador levar e resolve levar também uma essência para uso no corpo.

Retomamos a conversa falando sobre a convivência com a vizinhança. De um lado da Casa 7 Linhas está uma loja de roupas de propriedade de uma família muçulmana. Do lado oposto, cristãos de diversas vertentes. Além da diversidade de pessoas que passam defronte à loja, que é vizinha ao Terminal Central. Adilson resume este convívio: “Conheço todo mundo, converso com todo mundo, me dou bem com todo mundo.”

A entrevista é mais uma vez interrompida. Agora chega um senhor, com seus cinquenta anos. Nas mãos traz uma sacola cheia de farelo de milho e conta que vai fazer uma ceva, comida para atrair peixes, para depois fazer uma pescaria. Como típico pescador, entra para apenas conversar. E relata suas histórias, conta de seus locais preferidos. “A represa em Carlópolis é um lugar muito bom. Lá tem peixes ótimos.” Adilson deixa claro que não come peixes. 

Depois da saída do pescador, falamos sobre as imagens dispostas nas prateleiras e o sincretismo religioso. Adilson explica que os santos católicos e as entidades de matriz afro são os mesmos personagens, com nomes diferentes. Como exemplo, mostra Santo Antonio e seu correspondente Exu.

Nesse primeiro encontro, que durou cerca de meia hora, percebemos o intenso movimento da loja, tanto com pessoas interessadas em adquirir os produtos à venda, quanto de amigos que chegam apenas para conversar. Marcamos também uma entrevista com a mãe de Adilson, que será publicada em breve no Periódicos.

Antes de sair, Adilson nos atualiza sobre a quantidade de lojas similares em Ponta Grossa. São quatro, todas localizadas no Centro.

download.gifFicha Técnica:

Reportagem e fotos: Eder Carlos

Supervisão de Produção e Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen