Falta de investimento e pré-julgamento são as principais dificuldades que as profissionais enfrentam na área 

No dia 5 de novembro é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro. Apesar da evolução e reconhecimento, inclusive em âmbito internacional, há alguns empecilhos na área, dentre eles, o preconceito contra mulheres. “O que dificulta o trabalho é a desigualdade, a falta de orçamento e não ter voz dentro do set de gravação”. Esse é o relato da diretora de produção, Juliana Brum, sobre trabalhar com cinema no Brasil, sendo mulher. Juliana, que atua no ramo há 10 anos, conta que já presenciou situações em que o preconceito se evidenciou. “Por exemplo, uma diretora de fotografia tem mais dificuldade para ser chamada para um projeto, porque historicamente se confia mais nos diretores de fotografia homens”, afirma.

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Foto: Catharina Iavorski

De acordo com dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine), em 2018, apenas 22% dos filmes produzidos no Brasil foram dirigidos por mulheres e a mesma porcentagem vale para as produções roteirizadas. A Agência não apresenta dados atuais do cenário audiovisual no país, o último anuário, referente a 2021, não trouxe levantamentos em relação ao gênero. 

Em Ponta Grossa, acontece, este mês, o Cine Campos Gerais, primeiro festival de cinema da cidade. São 49 participantes, desses, 17 produzidos por mulheres. Segundo a produtora cultural e do evento, Talita Prestes, o que dificulta a inserção das mulheres na produção cinematográfica é o preconceito e desconfiança do seu trabalho. “A luta diária é ocupar espaços em áreas que são dominadas por homens, como direção de arte, por exemplo”, opina Talita.

Outro ponto que atravessa os relatos das duas profissionais é a necessidade de lidar constantemente com comentários machistas e atitudes misóginas. “Já estive em situações em que precisei me impor por conta de assédio e comentários. A gente acaba sempre ficando na defensiva, o que não é saudável”, lamenta Talita. 

De acordo com Juliana, o que é necessário para que haja a inserção da mulher e de outras minorias na produção audiovisual, são incentivos públicos, como editais e financiamentos específicos, e também uma conscientização no dia a dia do trabalho. “Uma coisa que eu faço é apontar as ações que são preconceituosas, o silêncio não resolve a situação”, concluiu a diretora.

Ficha técnica

Reportagem: Catharina Iavorski
Edição e publicação: Victória Sellares
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli.