Na 3ªConvenção de Tatuagem de Ponta Grossa, apenas 13% dos profissionais participantes eram mulheres

WhatsApp Image 2024 04 24 at 14.49.24

Convenção aconteceu durante os dias 12, 13 e 14 de Abril. Foto: Wesley Machado

 

Segundo dados de 2023 do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de 22 mil estúd, ios de tatuagem atuam no Brasil. Em estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2021, o público feminino soma 45% dos profissionais no ramo de tatuagem. Na 3ª Convenção de Tatuagem de Ponta Grossa, que ocorreu em abril, é possível notar a desigualdade na participação  feminina. De 129 participantes do evento, apenas 17 eram profissionais mulheres.

A tatuadora Sabrina Munhoz participa da convenção desde a primeira edição  e atua na carreira há 10 anos. “Quando iniciei não havia quase nenhuma influência feminina aqui na cidade. Então, foi um começo desafiador, até as pessoas conhecerem o meu trabalho e confiarem em mim”, comenta a tatuadora. Sabrina relata que durante a carreira presenciou comentários masculinos que menosprezavam o seu trabalho. Para ela, o maior estereótipo vivido é a ideia de que a mulher não tem capacidade de obter o mesmo desempenho que o homem. “Hoje em dia sou mais confiante em relação ao meu estilo de trabalho”, fala. A tatuadora acredita que é necessário oferecer mais espaço, principalmente em eventos que podem convidar as profissionais a serem juradas, por exemplo. Sabrina venceu em 2023 a categoria Blackwork, estilo caracterizado por traços mais grossos e escuros, e neste ano ficou em 2º lugar na mesma categoria.

A tatuadora Daniella Cristina relata que o seu maior desafio enfrentado foi ganhar visibilidade no mercado de trabalho. “O estereótipo da mulher na tatuagem é acreditar que fazemos apenas artes simples, denominadas como fáceis”, conta. Ela explica que durante a carreira se deparou com clientes que ficaram receosos em  fazer uma tatuagem com uma profissional feminina. Daniella percebe que atualmente há mais mulheres inseridas no universo da tatuagem, produzindo e consumindo. A tatuadora aconselha as aspirantes da área a estudar, pesquisar, se dedicar e aprender. “Saiba dos seus limites no começo, mas não tenha medo de tentar”, expõe.

Bruna Frotscher conta que ao iniciar a profissão se deparou com comentários hostis de um tatuador homem que a orientava no curso profissionalizante. “Existem homens que pensam que nós não conseguimos aprender os conceitos da profissão”, declara. Para ela, uma das maiores dificuldades da profissão é a forma como a sociedade enxerga as tatuadoras e tatuadores, associando o trabalho à marginalidade. Além desse preconceito, Bruna relata mais um problema “Somos bastantes sexualizadas, enquanto estamos sendo profissionais os homens nos objetificam”. aponta.

Bruna ressalta que com a presença de mulheres na área da tatuagem  se torna importante engajar e levantar pautas femininas em um espaço que era considerado de domínio masculino. Assim como a tatuadora Sabrina Munhoz, Bruna acredita que premiar e dar espaço para as mulheres em eventos é uma forma de incentivar  as que buscam reconhecimento.“Fico feliz em acompanhar novas tatuadoras e me sinto representada toda vez que uma mulher ganha um prêmio na área”, relata.

 

Ficha Técnica:
Produção: Wesley Machado
Edição e publicação: Gabriel Aparecido
Supervisão de produção: Muriel Emidio Pessoa do Amaral 
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Luiza Carolina dos Santos