Palestrantes debatem as dificuldades de acesso ao aborto legal e seguro

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Foto: Rafaela Colman

Durante a manhã desta quarta-feira (19), após a palestra de abertura do 8º Colóquio Mulheres e Sociedade, ocorreu o painel “Políticas públicas, direitos reprodutivos e lutas das mulheres por direitos”. A mesa teve como convidadas Daniele Valenga (Portal Catarinas), Luciane Leopoldo Belin (UFPR) e Isabela Sens Fadel Gobbo (UBM). Elas falaram sobre o tema do aborto legal e a luta das mulheres. 

A professora Luciane Leopoldo Belin abriu o Colóquio falando da sua pesquisa sobre o assunto. Ela iniciou pesquisando sobre a luta feminista na Argentina e como, por meio do debate, a descriminalização do aborto passou a ser legal. A professora reforçou o quão necessário é o debate acerca do tema. Questionada sobre a importância de se discutir os direitos reprodutivos, principalmente em Ponta Grossa, que tem histórico machista e conservador, ainda mais na UEPG, Luciane falou sobre o pânico causado pelo discurso estigmatizado sobre a legalização do aborto. “A própria descriminalização do aborto no Brasil é derivada do desconhecimento sobre o tema porque se fala muito do direito contra o aborto com o objetivo de causar medo”. 

Ela ainda reforçou que é preciso explicar para as pessoas que o aborto não precisa ser estigmatizado e esse é o primeiro passo para que haja o entendimento que a questão vai além disso. Não é sobre certo ou errado, não é sobre discutir a questão religiosa, não é discutir sobre onde começa a vida ou não. É sobre discutir que há mulheres que irão passar por isso de qualquer maneira, que existem mulheres que irão colocar a sua própria vida em risco e uma vida não é mais importante que a outra. Precisamos debater esse tema de um ponto de vista de cuidado. 

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Foto: Rafaela Colman

Advogada e doutoranda da UEPG, Isabela Gobbo, também esteve presente no painel e falou sobre a relevância das mulheres se fortalecerem enquanto movimento feminino porque, muitas vezes, as mulheres acabam tendo que lutar sozinhas. Isabela destacou o quão fundamental é o fato das mulheres cada vez mais ocuparem os lugares e cargos públicos para que o movimento e a defesa dos direitos das mulheres tenham mais força. Ela ainda citou como exemplo a Câmara de Vereadores de Ponta Grossa onde há dezenove vereadores e somente três vereadoras. 

A última convidada a falar foi a jornalista Daniela Valenga, do Portal Catarinas, um dos primeiros portais de notícia que se autodeclara feminista. Ela frisou que é crucial existirem veículos jornalísticos que se posicionem como feministas para mostrar que não tem como ser imparcial em uma sociedade misógina e machista porque, nesse cenário, a imparcialidade significa colaborar com esse discurso. Quando perguntada sobre a importância do Portal Catarinas, ela reforçou como deve ser o papel dos jornalistas nessas circunstâncias. “Trazer essa perspectiva é dizer que a nossa sociedade é misógina e machista e é papel do jornalismo também trazer esse combate a essa narrativa”, disse.

Ficha técnica:

Reportagem: Emelli Schneider e Júlia Andrade

Edição: Júlia Andrade

Publicação: Júlia Andrade

Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutilli

Supervisão de publicação: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutilli