Grupo diz que levantamento seria necessário para encaminhar ajuda na pandemia

 

A falta de dados oficiais sobre pessoas LGBTQIA+ em Ponta Grossa dificulta a análise da situação da comunidade na cidade. Dados nacionais do coletivo #VOTELGBT mostram aumento da vulnerabilidade da população LGBTQIA+ no período da pandemia.
De acordo com o coletivo, houve um impacto maior na piora da saúde mental e na obtenção de renda após a Covid-19. Pesquisa realizada entre abril e maio de 2021 revela que seis em cada 10 pessoas LGBT+ sofreram com a diminuição ou ausência de renda, 59,47% estão desempregados há um ano ou mais e 55,19% relataram uma piora na saúde mental diante dos problemas decorrentes da pandemia.

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Manifestação a favor dos direitos da comunidade LGBTQIA+ em Ponta Grossa | Foto: Saori Honorato/Arquivo Lente Quente


Entretanto, em Ponta Grossa não é possível ter uma dimensão da condição da comunidade, visto que não existem levantamentos oficiais sobre este grupo. Atualmente o cuidado com os indivíduos em vulnerabilidade recai sobre as ONG's e instituições com foco na comunidade LGBTQIA+.
Segundo Débora Lee, educadora social e fundadora do Grupo Renascer, percebe-se uma piora na situação da comunidade em diversas áreas e, principalmente, um agravamento da condição das mulheres travestis e transsexuais. “Eu que trabalho diretamente com a população vejo que aumentou a vulnerabilidade não só social, mas também a saúde integral da nossa população, perdendo o direito à moradia, um trabalho digno e formal, direito à educação, direito a uma família”, diz.

 

Ações

De acordo com Bruna Iara Chagas, assistente social, pesquisadora sobre políticas públicas LGBT+ e integrante da Associação Flor de Lis LGBT, para que houvesse uma melhora no auxílio à população LGBTQIA+ de Ponta Grossa seria necessário ao menos duas ações do poder público: a operacionalização das políticas públicas e a produção de dados oficiais em relação à comunidade. “Há uma lacuna entre o que é previsto nas políticas e planos, e o que é realizado em termos de ação, e a ausência de dados oficiais estanca o processo de planejamento de políticas públicas específicas que poderiam ser sustentadas a partir destas informações.”
Em Ponta Grossa, as instituições se mobilizaram para cuidar das necessidades básicas da população LGBTQIA+. O Grupo Renascer apresenta no momento uma lista de espera para auxílio psicológico e também colaborou com a distribuição de uma média de 248 cestas básicas para a população. “Essa é a realidade de uma cidade provinciana e preconceituosa, que nessa pandemia, fingem não ver aquela população que está à margem da sociedade sem direito algum, em vulnerabilidade social acrescida” enfatiza Débora Lee.

 

Conselho

A secretária-executiva da Secretaria de Políticas Públicas Sociais de Ponta Grossa, Leila Cristina, diz que o Conselho Municipal LGBT é responsável pela discussão de projetos e políticas públicas voltadas à população LGBTQIA+. Segundo Leila, o conselho está passando por uma reestruturação, na qual foi criada uma comissão responsável pela eleição dos conselheiros da gestão 2020 através de fórum.
Em março de 2020 foi realizado o Fórum Municipal LGBT na sede da OAB em Ponta Grossa para indicação dos representantes da sociedade civil, mas devido à falta de candidatos para a formação da nova representação do conselho ele foi impossibilitado e também diante do agravamento da pandemia o planejamento de um novo fórum foi adiado.

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre

 

Ficha técnica

Reportagem: Catharina Iavorski

Edição: Lilian Magalhães

Publicação: Matheus Gaston

Supervisão Foca Livre: Jeferson Bertolini, Muriel Amaral e Rafael Kondlastch

Supervisão Periódico: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

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