A diminuição do consumo diminuiria a  sobrecarga do sistema em horários de pico

Foto: Arquivo Agência de Noticias do Paraná

 

Neste ano, o horário de verão não voltará, mesmo com a crise hídrica afetando a produção de energia, que poderia ser amenizada com a mudança de horário. Para dezembro, a média de chuvas está abaixo do previsto, e não será suficiente para completar os reservatórios da região Sudeste e Centro-Oeste, onde ficam localizadas as principais fontes de geração elétrica.

Segundo Marcelo Rodrigues, coordenador do curso de especialização em Energias Renováveis na Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), em março o ciclo de chuvas diminuirá novamente na região Sul e Sudeste. 

Especialistas dizem que a volta do horário de verão auxiliaria na diminuição do déficit de energia, porém o Ministério das Minas e Energia leva em conta apenas a economia obtida neste intervalo de tempo, que não seria justificada para a manutenção da política pública. Outro dado utilizado pelo Ministério é o pronunciamento do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, segundo o qual o déficit de energia é muito pequeno, 5% entre os anos de 2019 a 2023. 

O déficit de energia se estabelece quando há uma demanda maior de consumidores enquanto há uma queda na produção de energia, o que sobrecarrega o sistema. No momento, este déficit está sendo coberto pela utilização das termelétricas, encarecendo a conta de luz.

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Uma das últimas avaliações feitas pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), datada do dia 14 de setembro, indica que “métodos de séries temporais, não identificaram redução significativa de energia quando todo o período diário é considerado”. Esta redução mínima seria de 4,5% a 5%, exatamente o que supriria o déficit.

Rodrigues conta que o uso das termelétricas, além de prejudicar o meio ambiente, encarece a conta de luz através das chamadas bandeiras tarifárias - a que está em vigor é a “bandeira tarifária da escassez hídrica”, que adiciona  R$14,20 a cada 100 kW/h consumidos.

Jeferson Cararo, especialista em gestão financeira, relembra que o horário de verão é uma medida educacional ao sobrecarregamento do sistema em grandes centros urbanos, e não somente uma redução de consumo. “O que temos hoje é o resultado de políticas de infraestrutura do passado; em outras palavras, foi concebido em um momento econômico diferente, décadas atrás, quando as necessidades energéticas eram diferentes.” 

Para o especialista em gestão financeira, a solução é pensar em novas formas de sanar as deficiências estruturais que prejudicam a economia de forma direta. Para Marcelo Rodrigues, uma das formas de se contornar a crise energética é investindo em pequenas ações sistemáticas como, por exemplo, no uso de energia proveniente da biomassa e parques de energia solar. “No caso da energia solar é necessário ajustar a legislação”, comenta. 

 

Ficha Técnica
Repórter: Jessica Allana
Supervisão de Produção: Marcos Zibordi, Marcelo Bronosky, Muriel do Amaral. 

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