Secretaria calcula prejuízo de mais de R$ 20 milhões nos setores de hotelaria, gastronomia e espaços turísticos

Resumo

  • Reportagem mostra que município teve prejuízo de aproximadamente 22 milhões de reais na pandemia;
  • De acordo com pesquisa, cerca de 200 funcionários foram demitidos em todo setor de turismo em Ponta Grossa;
  • A procura por turismo interno cresceu em 60% em 2021;
  • O cicloturismo é uma alternativa, mas carece de investimento da prefeitura.

 

Ponta Grossa prevê recuperar as perdas financeiras no setor de turismo em decorrência da pandemia da Covid-19 apenas em 2023, afirma o secretário de Turismo do município, Paulo Stachowiak. Segundo ele, a cidade não estava preparada para o impacto da chegada do coronavírus no setor que é o terceiro mais forte da economia, atrás somente de indústria e comércio.

De acordo com o secretário de Turismo, o prejuízo atual gira em torno de 22 milhões de reais. “O setor foi severamente impactado, de uma maneira sem precedentes. Hotéis fecharam, muitos funcionários foram demitidos, espaços gastronômicos não tinham a quem servir, e aqueles que conseguiram se manter investiram no turismo interno, de passeio e lazer”. 

CACHOEIRA DA MARIQUINHA Mirna Bazzi

Cachoeira da Mariquinha Foto: Mirna Bazzi

Hotelaria

Com o isolamento social, o ramo da hotelaria foi um dos mais impactados. Alecsandra Hypólito, diretora do Ponta Grossa e Campos Gerais Convention Visitors Bureau (PGCG-CVB), associação responsável pela promoção de turismo, estima que a recuperação financeira dos espaços de hospedagem só será possível dentro de dois a três anos. 

Segundo dados da pesquisa “Impacto do coronavírus (Covid-19) no turismo dos Campos Gerais do Paraná”, realizada em setembro de 2021 pela PGCG-CVB em parceria com o Sebrae Paraná, cerca de 200 funcionários foram demitidos no setor do turismo de Ponta Grossa durante a pandemia, sendo mais de 50 demissões apenas em hotéis. No Premium Vila Velha Hotel, onde o Convention Visitors Bureau possui sede em Ponta Grossa, foram três ondas de demissão para manter o estabelecimento aberto. 

Em 2019, a hotelaria do município finalizou o ano com 60% de ocupação. Em 2020, caiu para 46%. Em 2021, o melhor mês foi agosto, com 41% de ocupação. “Na realidade da pandemia ter quase metade da ocupação dos hotéis cheios é muita coisa. Temos a previsão de fechar o ano com mais de 50% de ocupação, e isso é motivo para o setor comemorar, pois mesmo sendo pouco comparado a anos anteriores, já é uma grande evolução comparado a 2020”, afirma a diretora do Convention Visitors Bureau, Alecsandra Hypólito.

Turismo interno

Para ela, uma das principais formas de se reerguer após a pandemia é apostar no turismo interno, incentivando a população a frequentar os atrativos disponíveis na cidade. “A cidade aprendeu que turismo não é só quem vem de fora, mas também é o que vende a bebida no bar, a comida no restaurante, o remédio na farmácia, a gasolina no posto. O turista não é só aquele que viaja para cá”. 

Entre os investimentos projetados pelo Convention Visitors Bureau para os próximos anos estão o fomento da prática do balonismo nas áreas naturais da cidade e o aumento da infraestrutura no turismo industrial e religioso. A prefeitura municipal também criou iniciativas para fomentar o turismo interno. Entre elas estão os investimentos em sinalização específica dos trajetos para os principais pontos turísticos da cidade, a criação de cursos para geração de empregos nos setores de hotelaria e gastronomia e o lançamento do projeto “Missão Ponta Grossa”, em que artesãos da cidade são convidados para produzir souvenirs personalizados dos pontos turísticos do município para comercialização. 

Uma cartilha ilustrada sobre os pontos turísticos de Ponta Grossa também está sendo utilizada nas escolas municipais. Para o secretário de turismo, o setor também está diretamente ligado à educação. “Temos que estimular nossas crianças a conhecerem nossa cidade desde pequenas, pois quando um morador tem orgulho da sua cidade, ela vai ser um lugar melhor também para o turista.” 

A Prefeitura ainda pretende iniciar no ano que vem as atividades do City Tour PG, um ônibus exclusivo para realizar passeios pelos principais espaços culturais e de lazer. De acordo com o secretário de Turismo, as atividades internas foram decisivas para o setor em 2021. A procura por passeios ao ar livre e espaços naturais cresceu em até 60%. “Nessa pandemia as pessoas começaram a descobrir que as áreas naturais da nossa região são mais baratas e tão bonitas quanto viagens pela costa do país ou internacionais, e depois de tanto tempo em casa, os ponta-grossenses começaram a apreciar ainda mais as belezas da própria região”. 

Para facilitar o acesso a esses espaços, a Prefeitura de Ponta Grossa está desenvolvendo rotas de ligação com cidades vizinhas como Carambeí, Tibagi e Telêmaco Borba. “A tendência do turismo pós-pandemia é viajar cada vez mais, por um menor período de tempo, e em um menor espaço, ou seja, um deslocamento mais rápido e facilitado. Turismo é acesso, então buscamos ofertar mais formas de se chegar à cidade e uma estrutura capaz de confortar a todos”. 

Cicloturismo 

Uma alternativa para a realização de um turismo seguro durante a pandemia foi o cicloturismo. A prática, que consiste em realizar viagens utilizando a bicicleta como meio de transporte, tornou-se uma das formas mais procuradas de lazer pelos ponta-grossenses em 2021. Alceu e Janete Pogziwa, praticantes de mountain bike há mais de dez anos e adeptos do cicloturismo, relatam que uma das melhores formas de conhecer as áreas turísticas naturais de Ponta Grossa é com bicicleta. 

Para Alceu e Janete, os principais pontos para praticar o cicloturismo nos arredores de Ponta Grossa são a região do Alagados, no Vale do Pitangui, e a região de Itaiacoca, onde se encontram as Furnas Gêmeas, as Furnas do Passo do Pupo e a Cachoeira da Mariquinha. Entre os espaços dentro do município estão os recantos Botuquara e Bocaina, em Uvaranas. Já as cidades da região que o casal recomenda a prática do cicloturismo são Tibagi e Prudentópolis, no centro-leste do Paraná. 

Na visão do casal, os trajetos para cicloturismo são seguros, porém carecem de investimento. “Ponta Grossa ainda é pouco explorada para o cicloturismo, especialmente a região de Itaiacoca, que é o principal ponto de encontro dos adeptos e que muitos ainda se perdem por falta de sinalização, então é uma área que ainda vai crescer muito, ainda mais com o aumento de procura de espaços para prática e locais para se hospedar”, afirma Janete.

 

Ficha Técnica

Repórter: Manuela Roque

Edição e Publicação: Lucas Müller

Supervisão de Produção:  Jeferson Bertolini

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

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