“Há muitos problemas no município por conta da ineficiência na supervisão”, diz geógrafo e pesquisador

 

As cavernas municipais estão ameaçadas por falta de fiscalização e ausência de outras ações efetivas de preservação do poder público. O desconhecimento popular tanto das cavernas, quanto da relevância das cavidades subterrâneas para o município, especialmente no fornecimento de água, também agrava os prejuízos à preservação.

A interferência humana causa alterações significativas no ecossistema da furna Buraco do Padre Foto: Danilo Schleder/Lente Quente


O geógrafo e pesquisador do Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Henrique Simão Pontes, explica que cavidades subterrâneas localizadas fora do Parque Nacional dos Campos Gerais estão sujeitas a depredação. “Nós temos em Ponta Grossa várias cavernas situadas fora do Parque, constantemente alteradas por diferentes tipos de atividades”. Conforme Pontes, as principais atividades de impacto são agricultura, plantio de pinus e visitação sem controle.


Segundo o pesquisador, mesmo em áreas protegidas de Ponta Grossa, praticamente não há vistoria. A ausência de ações efetivas do poder público traz ameaças ao patrimônio espeleológico. “Os órgãos responsáveis deveriam fiscalizar, contudo não realizam vistorias. Há muitos problemas no município por conta da ineficiência na supervisão, as ações de proteção são muito falhas”.


O geógrafo e representante da Associação de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural (APPAC) Brendo Francis Carvalho destaca a necessidade de apresentar o patrimônio espeleológico aos ponta-grossenses. “O desconhecimento faz com que as pessoas não tenham comoção pelo assunto, a pauta ambiental é uma temática difícil de introduzir na sociedade e, sem conhecimento, os moradores não conseguem avaliar a importância das cavernas.”


Por sua vez, Pontes lembra que o valor das cavidades subterrâneas consiste, sobretudo, em sustentar os mananciais, mesmo em longos períodos de estiagem. “Ponta Grossa não teve problemas sérios com falta de água porque o Aquífero Furnas supre os rios da região, mas essa formação só tem competência para recarregar os rios devido à alta infiltração de água através das muitas cavernas existentes.”


A reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa (PMPG) para obter informações sobre a fiscalização do Parque Nacional dos Campos Gerais e o patrimônio espeleológico fora dele, mas não obteve retorno.

 

Confira a entrevista com o geógrafo e pesquisador Henrique Simão Pontes sobre como a educação patrimonial comtribui para a preservação das cavernas ponta-grossenses:

 

Ficha técnica:

Reportagem: Robson Soares

Supervisão de produção de texto: Marcos Zibordi

Supervisão da disciplina de NRI III: Marcelo Bronosky e Muriel Amaral

 

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