Situações de cancelamento e adiamento inesperados afetam os profissionais que buscam uma vaga no mercado de trabalho

O concurso da Polícia Civil do Paraná para Agente Auxiliar de Perícia, suspenso no dia 28 de abril, acontecerá em 25 de junho. A aplicação da prova estava prevista inicialmente para o dia 7 de maio e a suspensão foi informada pelo portal do Instituto Assessoria em Organização de Concursos Públicos (AOCP), banca organizadora do concurso. O concurso oferece 16 vagas para o cargo de Agente Auxiliar de Perícia Oficial, nas funções de Auxiliar de Necropsia e Auxiliar de Perícia. Esse não foi o primeiro caso de suspensão de concurso da Polícia Civil do Paraná. Em 21 de fevereiro de 2021, o concurso para 400 delegados, investigadores e papiloscopistas foi suspenso horas antes da aplicação, prejudicando os participantes.

O advogado Enzo de Oliveira Camargo, 24 anos, iria participar, em 2021, de seu primeiro concurso, que foi suspenso no dia que a prova seria realizada. O advogado conta que saiu de Ponta Grossa no sábado e se hospedou de favor na casa de uma amiga para a prova que seria aplicada no domingo à tarde em Curitiba. No dia seguinte, acordou com a notícia de que a prova tinha sido cancelada. “Felizmente meus únicos gastos foram de meio tanque de gasolina e a comida dos dois dias”, conta Enzo.


O cancelamento da aplicação do concurso da Polícia Civil de 2021 pegou muitos concurseiros de surpresa, uma vez que desde o anúncio do concurso, haviam sido feitos ao menos cinco pedidos de suspensão negados pela Justiça, por conta da pandemia do Covid-19. Além disso, diversos candidatos já haviam investido dinheiro com a inscrição, hospedagem, passagens e gastos extras como alimentação e transporte na cidade. Foram mais de 100 mil candidatos inscritos para esta prova.

Enzo, que iria prestar o concurso para delegado, conta que muita gente de todas as regiões do país deixou de ir fazer a prova em Curitiba pela possibilidade dela ser adiada. “Acredito que as pessoas já estavam cogitando que isso pudesse acontecer, porque estava ficando grave a situação do coronavírus" explica.
A realização da prova nas 20 cidades do estado aconteceu sete meses depois da suspensão pelo Núcleo de Concursos da UFPR. Porém, nesta nova data, o registro de ausência foi de 55,48% dos candidatos inscritos.


Enzo ainda diz que isso prejudica quem arrisca prestar o concurso, devido a questão financeira. Uma consequência visível disso é o nível de abstenção na data em que foi aplicada a prova, que de 106.836 candidatos inscritos, só 47.744 compareceram. “É um absurdo que algumas pessoas realmente precisaram deixar de vir fazer a prova na nova data, porque na época que eles pagaram pra vir tinham dinheiro, e o dinheiro às vezes não voltou. Dessa forma o candidato pega ódio da banca”, lamenta o advogado.

Motivos do cancelamento
A UFPR alega três problemas para a necessidade de suspensão das provas na madrugada do dia 21 de fevereiro de 2021. A falta de baterias/pilhas para os termômetros, que segundo a universidade, receberam os equipamentos na véspera do concurso, mas chegaram sem as baterias. Como justificativa, eles afirmaram que o contrato previa que os aparelhos fossem entregues carregados e que ter os termômetros funcionando era uma exigência de biossegurança indispensável para aplicação das provas.
Condições inesperadas dos locais de provas, como instituições fechadas ou com banheiro em reformas. Segundo a UFPR, as condições atrasariam o processo e inviabilizariam a aplicação da prova. O Núcleo de Concursos também alegou a desistência de aplicadores de prova que já estavam previamente escalados para atuar na aplicação.
Na madrugada do dia do concurso, o Núcleo de Concursos da UFPR anunciou o cancelamento do processo seletivo com motivo da falta de condições de segurança para realizar a prova, em decorrência da pandemia do Covid-19.
A reportagem consultou a Assessoria da Polícia Civil do Paraná para saber se o atraso das provas prejudicou o funcionamento da instituição. Em resposta, foi informado que todas as demandas que envolvem cargos na instituição já foram solucionadas. 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Anna Sara Dalzotto Kunast

Edição: Tayna Landarin e Rafaela Koloda

Publicação: Amanda Dal´Bosco e Bianca Voinaroski

Supervisão de produção: Manoel Moabis Pereira dos Anjos

Supervisão de publicação:  Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos