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Crítica de Ponta

Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você.

 


Ativismo político também se faz com cílios postiços e peruca

Renato Valenga

Sobrancelha desenhada, maquiagem extravagante,  peruca, cílios postiços e roupa feminina. As drag queens se expressam artisticamente desde o século 19. Desde então a transformação do movimento é significativa na manifestação política que representa.
Mesmo que a arte drag não seja uma manifestação exclusiva do público LGBTQ+, ela acabou tomando espaço na luta política do movimento. O grupo utiliza a ironia para crítica a fixação social dos papéis de gênero.  O resultado é a desmistificação das características consideradas próprias ao homem e à mulher.
As apresentações se destacam pela montação e pela criação das personagens. As drag queens dançam, tocam instrumentos musicais, cantam e fazem monólogos, sendo o humor a tônica.
Destaque também para o lip-sync. Conhecido pelo mundo afora, esse tipo show performático das queens traz dublagens de músicas da cultura pop.
No Brasil, diversas drag queens ficaram conhecidas por suas performances. Mas as mais conhecidas, no entanto, são as que cantam, como Gloria Groove, Pabllo Vittar, Lia Clark e Aretuza.
Já em Ponta Grossa, as queens também se apresentam em casas noturnas. Outro espaço de expressão da arte drag são eventos públicos, que celebram o respeito à diversidade. É o caso do Dia Internacional de Combate à Homofobia, em maio.
Vale destacar ainda a Primeira Parada Cultural LGBTQ+ dos Campos Gerais. Comemorado no último final de semana, o evento contou a apresentação de drag queens da cidade.

 

Obra "Vidas Trans" traz experiências de pessoas da comunidade LGBTQ+
 

Verônica Scheifer

O livro Vidas Trans, lançado pela Editora Astral Cultural, mostra depoimentos dos quatro autores da obra e relatam a vida de como ser trans e travesti na sociedade. Amara Moira, uma das autoras, teve um dos seus livros, “E seu fosse puta?” discutido em uma mesa redonda no III Colóquio sobre Currículo Educacional e Diversidades, que aconteceu no dia 3 de novembro na Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Vivências relacionadas a se sentir em outro corpo, preconceitos sociais e da família, momentos de transição, entre outros, são relatados de maneira intensa nas páginas do livro.
            Amara, que é bissexual, feminista e travesti inicia a obra e conta sua realidade de maneira profunda e como tem enfrentado a vida. Além disso, a autora possui um texto envolvente, já que traz momentos íntimos de sua existência, para que o leitor se sinta literalmente em seu lugar.
            As quase 50 páginas do livro trazem relatos variados de pessoas que vivem em situações diferentes, mas que se unem por causas iguais. O livro também busca introduzir leitores a essa realidade pois muitas vezes não sabem o que é estar nesse mundo de preconceitos e situações de ódio do dia a dia das pessoas trans.
Os escritores mostram em seus relatos como suas vidas são cercadas de lutas e militâncias para sobreviver em uma sociedade ainda muito preconceituosa. Os relatos parecem como um documentário que apresenta histórias reais aos espectadores.

 

 

No dia 20 de novembro foi realizada a exposição Nós a Nós, no Centro de Cultura da cidade de Ponta Grossa. 

Ana Flávia Aranna

Na Semana da Consciência Negra, a Fundação Municipal de Cultura, juntamente com os professores do departamento de artes da Universidade Estadual de Ponta Grossa, organizaram uma exposição exaltando a luta do povo negro.

A exposição contou com obras literárias, fotografias e ilustrações, que enaltecem personagens negros e especialmente a força das mulheres negras, que enfrentam dificuldades ainda maiores, pois além de sofrerem com o preconceito de gênero, sofrem também com o racismo.  Todas as artes expostas no evento foram produzidas especialmente para essa data.

É necessário destacar a importância desse tipo de exposição, pois traz à tona causas e lutas que devem ser ouvidas. A exposição Nós a Nós apresenta as mulheres negras à cidade, as mulheres que fizeram história e que precisam ser lembradas e ter suas histórias contadas. 

 
 


O  livro “E se eu fosse puta” é de autoria da travesti e escritora Amara Moira

Millena Lopata 

 

O livro “Se eu fosse puta”, de Amara Moira, professora, puta e também escritora, conta as experiências da travesti com a prostituição e também o seu processo de transição. Amara esteve em Ponta Grossa em outubro deste ano para participar do III Colóquio sobre Currículo Educacional e Diversidades e  fez o lançamento da segunda edição de seu livro.
A obra é composta por 44 textos, entre eles crônicas e poemas. No decorrer da leitura, é possível observar o esforço da autora em entender a vida e todo o processo de mudança pelo qual passou, além dos preconceitos sofridos por ser uma travesti.
  Os capítulos vão se alternando entre ser puta e o desejo de escrever de Amara. O livro possui um tom de conversa informal, o que torna a leitura mais agradável e fluida. Entretanto, a leitura não se resume em suas experiências, pois como Amara é militante do movimento LGBT e feminista, ou seja, por meio do livro, ela também relata como a sociedade reage diante desse assunto, as amizades desfeitas e as mulheres que escolhem a profissão de puta.
 “E Se eu fosse puta” Foi um dos lançamentos mais importantes de 2016. É um livro sobre porquês. É um livro sobre decisões, sobre começos e fins e que nos leva a refletir os tabus que ainda precisam ser quebrados. Amara, recentemente se tornou doutora pela UNICAMP e é uma das poucas trans que conquistou o diploma de doutora no Brasil. 

 
Edição produzida pela turma A