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Crítica de Ponta

Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você.

 
 
Sobram rotatórias, faltam lixeiras

     
     O cuidado com o espaço público é um dever de todos. É dever da gestão pública dar os meios para que isso ocorra. Campanhas publicitárias afirmam que “lugar de lixo é no lixo”. O que falta é informar que não há lixeiras.
      No Centro de Ponta Grossa, apenas as Ruas Balduíno Taques, XV de Novembro e o Calçadão contam com lixeiras suficientes. Por conta disso, em 2017, a Prefeitura lançou o "Programa Eco Ponta Grossa”, com o intuito de que comerciantes instalassem lixeiras com publicidade. O programa não é mais do que uma forma de transferência de responsabilidade do poder público para o contribuinte.
      Basta caminhar pelas ruas centrais da cidade para perceber que o programa não vingou. Tanto a ausência de lixeiras quanto o costume de algumas pessoas em descartar lixo no chão não são problemas apenas estéticos, pois afetam diretamente os profissionais da limpeza urbana. Além de realizar seu trabalho cotidiano, os garis têm ainda que remediar um problema que poderia ser resolvido com duas coisas: responsabilidade da gestão municipal e educação do pedestre.
     No carnaval de 2019, a situação se tornou evidente. O munícipe que queira passar momentos de lazer nas praças da cidade precisa levar algo para descartar o lixo, uma vez que a atual administração não parece se preocupar com o problema. Mesmo nas áreas em que há lixeiras suficientes,  como na Praça do Pôr do Sol, acabam se tornando criadouros do mosquito da dengue, pois a água das chuvas se acumula nas dobras.

Serviço:
A população pode solicitar a instalação de lixeiras através do número 156.
Alexandre Douvan
 
 

Uma culinária “bem” caipira

     A temporada de festas juninas começou e com elas um cardápio bem tradicional. Além de toda história, a festa possui comidas típicas que têm forte participação do milho devido à proximidade da colheita do grão. Não existe no Brasil festa com mais elementos típicos do que os das festas juninas. Independente da região do país, os pratos são bem semelhantes e com ingredientes fáceis de serem encontrados, com modos fáceis de preparo e com preços em conta.
     As festas juninas se tornaram parte do calendário cristão durante a idade média e atualmente fazem homenagem a três santos: Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).
     A culinária típica é distribuída nas tradicionais barraquinhas, que são populares em alguns locais com venda e consumo de alimentos, as chamadas quermesses. No entanto, as festas juninas estão aos poucos perdendo a sua tradicionalidade. As redes de fast-food tomam conta das festas com comidas “estrangeiras” que substituem lugar da paçoca, do bolo de milho e de outras comidas tradicionais do São João. A falta de incentivo do poder público para preservar a festa como patrimônio cultural acaba descaracterizando esta festa popular que por séculos foi uma forma de celebração.
     O Brasil é rico na culinária e nas manifestações culturais, mas é fundamental conhecer a importância que esses elementos têm para compor a identidade do seu povo, e é através dessas festas artísticas que mantém vivas as raízes populares.

Thaiz Rubik

   

 
Uma crença em forma de procissão ao Corpus Christi
 
     A procissão de Corpus Christi é uma tradição católica que acontece anualmente em todas regiões e estados do Brasil. É um momento em que fiéis se reúnem para adorar o Corpo e Sangue de Cristo.
     Em Ponta Grossa, como de costume, são confeccionados tapetes para a passagem de Jesus Eucarístico, que é levado pelo Bispo Dom Sérgio Artur Braschi. Desde início da manhã do dia de Corpus Christi (Quinta-feira, 20/06), os católicos começam a produzir o tapete: usam serragem colorida, pó de café, tecidos, tampinhas de garrafas, entre outros materiais. Cada paróquia, movimento e/ou pastoral tem um espaço próprio no tapete e, conforme a criatividade dos grupos, mensagens bíblicas e desenhos relacionados à religiosidade, vão se formando.
     Enquanto caminham na procissão, as pessoas rezam o terço e cantam músicas religiosas. Além disso, cada um faz a oração pessoal: alguns oferecem a procissão em agradecimento por alcançar uma graça, outros pedem pela saúde de familiar ou conhecido, outros ainda fazem pedidos mais voltados à igreja, como por exemplo, pelo aumento do número de vocações religiosas. Cada fiel participa da procissão com alguma intenção.
    Todo ano a procissão de Corpus Christi tem um tema diferente e em 2019 o evento destaca “Eucaristia e missão: Ele está no meio de nós”. Com início às 14h30, saindo da frente do asilo São Vicente de Paulo, Centro de Ponta Grossa, a procissão seguiu até a rua Benjamin Constant, ao lado do Parque Ambiental. Mais de 10 mil pessoas participaram da manifestação de fé na cidade em 2019. A procissão termina com a bênção do Santíssimo e algumas palavras de motivação religiosa do bispo diocesano.
 Nadine Sansana
 
Procissão reúne milhares de fiéis na cidade. Foto: Diocese de Ponta Grossa.
 
Exposição questiona abuso sexual em PG

     A exposição artística “O que você estava vestindo?”, em cartaz na Galeria de Artes da PROEX, no centro da cidade, apresenta as peças de roupas usadas por 27 vítimas de abuso sexual. Roupas como calças, vestidos e pijamas pertenciam a mulheres, homens e crianças de Ponta Grossa e região. Junto com cada peça de roupa, objetos e relatos com os nomes das vítimas compõem a exposição.
     Os depoimentos presentes são fortes e comoventes, aproximando os apreciadores da realidade das vítimas e a refletir que a culpa não é da pessoa e que o problema não está na vestimenta no momento do ocorrido.
     As vítimas são de diferentes classes, idade e orientação sexual. A proposta de contar as histórias na exposição, por meio da doação das roupas originais, surgiu voluntariamente das vítimas, com o intuito de compartilhar com as outras pessoas a violência que sofreram de amigos, namorados ou familiares.
     O objetivo da exposição não é ser obra de arte, mas repensar a partir das vestimentas, com uma mensagem de alerta e sensibilidade para a população sobre a realidade vivida por mulheres, homens e crianças que muitas vezes sofrem caladas.  
O projeto original é dos Estados Unidos e em Ponta Grossa a exposição coordenada pela professora, Marcela Teixeira Godoy, teve como proposta da mostra um poema da norte americana (Mary Simmerling, 2000), vítima de violência sexual. A exposição aproxima a realidade do abuso sexual e conscientiza que deve ser tratado como crime.  
    
Serviço:
Coordenação: Marcela Godoy, Adriana Suarez, Nelson Silva Junior e Sandra Borsoi;
Quando: 12/06 à 12/07/2019 na Galeria de Artes da PROEX (rua Sant’Ana, 629, próxima a Catedral – centro de PG)


 
Natália Barbosa

Roupas originais doadas pelas vítimas de violência sexual. Foto: Natália Barbosa

 
 
“Vindas” resgata cultura estrangeira no Paraná

     Japoneses, alemães, holandeses, ucranianos e poloneses. Estas são algumas das várias nacionalidades responsáveis pela construção da cultura paranaense e brasileira. Com uma narrativa em primeira pessoa, o livro Vindas: Memórias de imigração consegue reproduzir, em detalhes, a memória daqueles que participaram da construção da identidade cultural e social da região.
     O texto é organizado a partir de entrevistas com famílias imigrantes de sete etnias diferentes. Além da descrição histórica, o relato humano foca no dia a dia daqueles que vieram ao Brasil em busca de oportunidades de vida. A estratégia proporciona um contato entre leitor e personagem. Vindas, publicado pela ABC Projetos, possui 130 páginas recheadas de histórias, fotografias e curiosidades relacionadas à imigração.
     Ao interagir com a obra organizada por Alan de Almeida, Alessandra Perrinchelli, Diego Antonelli e Samara Machado, é possível perceber um minucioso trabalho de apuração. Os autores reuniram uma extensa bibliografia de diversos povos, no entanto, o livro não consegue expressar a complexidade presente nos diferentes ciclos da imigração brasileira e se prende as especificidades que são irrelevantes quando se trata da história completa de toda uma etnia.
    O design é minimalista em termos de ilustração e dialoga com a simplicidade dos relatos e das entrevistas presentes no texto. O preço da obra, avaliada em R$40, é alto para um livro custeado pela Lei de Incentivo a Cultura. A obra foi lançada na 8a edição do Festival Literário dos Campos Gerais, realizado em junho de 2019.


Serviço:
Livro: Vindas: Memórias de imigração
Autores: Alan de Almeida, Alessandra Perrinchelli, Diego Antonelli e Samara Machado
Editora: ABC Projetos, 2019. 130 páginas.
Valor: R$ 40,00
Allyson Santos

O livro "Vindas - Memórias de imigração", está disponível nas livrarias de Ponta Grossa e região no valor de R$40. Foto: Allyson Santos
A desigualdade de gênero representada na publicidade
     Como as campanhas publicitárias estão representando o futebol feminino? O Guaraná Antarctica lançou em 7 de maio, o vídeo propaganda “Seleção Feminina é #CoisaNossa”, no Youtube, para a copa feminina de futebol 2019. Na campanha publicitária a marca patrocinadora da  Confederação Brasileira de Futebol (CBF) convoca os anunciantes dos vários setores a patrocinar a modalidade.
     O comercial estrelado por Andressinha, Cristiane e Fabi Simões simula a participação das jogadoras em propagandas de diversos segmentos, como beleza, produtos esportivos e cartões de crédito. Sob o discurso de que, em 2018, diversas empresas financiaram campanhas  com jogadores masculinos, o que não houve com as mulheres. O interessante da propaganda é que, além das jogadoras que são o destaque no comercial, a narração é feita por voz feminina e, no momento em que aparece a equipe de filmagem, uma mulher parece dirigir a produção.  
     A patrocinadora de material esportiva, também aderiu a iniciativa. A propaganda “Nike - Dream Further”, lançada em 1 de junho, na plataforma Youtube, mostra a atuação das mulheres nos diferentes cargos dentro do futebol: jogadora, técnica, juíza ou bandeirinha.  
O comercial conta com a presença feminina fora de campo, onde se pode ver  mulheres apreciando o esporte, como torcedoras em casa e até mesmo em bares. Com a música de fundo Bad Reputation, da cantora Joan Jett, que tem como frases emblemáticas “uma garota pode fazer o que ela quer fazer”, ilustrado com a propaganda.
    A publicidade também traz jogadoras de diferentes países como China, Holanda, Nigéria, Brasil, dentre outros. Uma coisa que chama a atenção, além da super produção para representar as mulheres no esporte, é a inserção do jogador Neymar. Ele aparece em uma cena jogando Fifa no videogame, onde controla a jogadora Andressa.
     Pela primeira vez na história, o Mundial feminino é transmitido pela Rede Globo de TV. A jornalista Ana Thais Matos, do canal Sportv, é a comentarista das partidas. Nomes como Bárbara Coelho, Glenda Kozlowski e Carol Barcellos participam da cobertura. Claramente a ideia de igualdade de gênero ainda está longe de ser atingida, vemos isso quando propagandas publicitárias de grandes conglomerados precisam reforçar a ideia para que outras marcas patrocinem a modalidade.

 
Arieta de Almeida

Propaganda publicitária do Guaraná Antarctica promove a campanha
#ÉCoisaNossa, onde convidam outras marcas a patrocinarem o futebol feminino. Foto: Divulgação.
Produzido pela Turma B - Jornalismo UEPG