Crítica de Ponta #74

 

 

Crítica de Ponta

Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você.

 
 
 

Entre café e jogos de tabuleiro

 

Por Veridiane Parize

 

O Lótus Café – Food & Games, inaugurado no final do mês de julho deste ano, possui uma proposta diferente em relação a outros estabelecimentos do ramo: além de oferecer comidas e bebidas, também há jogos de tabuleiro para os clientes. A proposta é bem diferente e única em Ponta Grossa. São cerca de 50 jogos e alguns deles podem ser consumidos a partir dos 3 anos de idade. No lugar também tem um espaço kids com um quadro, giz, lápis de cor e desenhos. 

Existe um aluguel de 10 reais para usar os jogos. Alguns são bem populares como “jogo da vida”, “banco imobiliário”, “perfil”, jogos lúdicos que estimulam a interação entre amigos e família, ideais para deixar o celular de lado e se divertir. É possível também levar algum jogo que o cliente tenha em casa.

O nome do estabelecimento se refere à carta “Black Lotus”, a mais forte do jogo Magic. O proprietário Hugo Machado, apaixonado por jogos, faz questão de ensinar aos clientes como cada jogo funciona e às vezes até participa de uma partida. Em alguns casos, se chegou a hora de fechar e as pessoas ainda estão jogando, ele espera a partida terminar. 

O público é diversificado, tem pessoas que vão para jogar e os que vão apenas para tomar um café. O Hugo criou um grupo no Whatsapp só para meninas que gostam de jogos e todas as terças-feiras o valor do aluguel dos jogos para as garotas fica por R$8,50.

Os cafés do Lótus variam de um expresso por R$4,90 até um frapuccino de R$13,90. Os salgados variam de um pão de queijo vendido por R$3,90 até uma porção de dadinhos de tapioca por R$18,90. 

SERVIÇO - O Lótus Café está localizado na rua Balduino Taques, 505, Vila Estrela. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 12h às 20h30 e sábado das 16h às 22h.

 
 

 

                                         Que tal um lanche sem glúten?

                                                      Patrícia Guedes 

O glúten é uma proteína presente no trigo, na cevada e no centeio. Para muitos pode ser inofensivo, mas para algumas pessoas o glúten pode provocar alergia e inflamação no intestino, causada pela doença celíaca. Segundo a Associação de Celíacos do Brasil (Acelbra), um em cada 600 brasileiros é portador desse tipo de alergia, porém, esse número pode ser ainda maior, já que as pesquisas mostram apenas as pessoas já diagnosticadas com doença celíaca. Esta alergia pode surgir em crianças e adultos, e acontece devido à hipersensibilidade ou dificuldade em digerir o glúten. O tratamento para a doença celíaca consiste na retirada do glúten da dieta. 

Pensando nisso, muitos estabelecimentos passaram a oferecer apenas produtos sem glúten. É o caso da confeitaria e café Que Tal Sem Glúten?, que há mais de dois anos propõe uma cozinha afetiva, funcional e saudável para seus clientes. O espaço, apesar de pequeno, é aconchegante e receptivo, com frases e desenhos feitos em giz nas paredes. Todos os alimentos são confecções próprias, direcionadas a dietas restritivas - sem glúten, lactose ou soja. São servidos pães, bolos e salgados e o lugar também tem iniciativas sustentáveis, fazendo uso de canudos de metal para evitar o uso desnecessário de plástico.

São servidos quatro tipos de pães, o pão francês, baguete, pão de forma e pão para hambúrguer. Os pães são feitos de trigo sarraceno, farinha de amêndoas, teff e linhaça. Os salgados são todos lowcarb e sem lactose, desde pastéis assados, empadão, coxinha, bolinho de carne, tortas e pizzas. Os bolos são servidos em pedaços de tamanho generoso ou bolos inteiros para encomenda. O lugar também serve três tipos de sucos naturais (laranja, morango e abacaxi com hortelã), além de cafés, capuccinos e chocolate quente.

O tempero é ótimo, mas o preço é um pouco salgado. Os lanches podem variar de 7 a 15 reais. Minha experiência no Que tal sem glúten? foi com pão torrado com manteiga ghee e ovos mexidos. O prato estava saboroso, a massa do pão macia e com a crosta bem crocante, os ovos estavam no ponto de cozimento e de tempero. Também pedi um suco de abacaxi com hortelã para acompanhar o prato, e o valor total do lanche custou cerca de 20 reais.

SERVIÇO: A confeitaria e café Que tal sem glúten? fica localizada na Rua República da Argentina, nº 277, no Bairro Órfãs, próximo à Avenida Anita Garibaldi. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 12h às 19h; e aos sábados, das 9h às 17h. O estabelecimento também está no Ifood e a entrega custa R$6,90.

 

 
 
 
 

Bebidas alcoólicas nas ruas de PG, um hábito que pode virar caso de polícia 

Por Luiz Zak

Você sabia que em Ponta Grossa é proibido beber bebidas alcoólicas na rua? Segundo a Lei Ordinária nº 1104/2012, fica proibido o consumo de bebidas que contenham álcool em praças, parques, avenidas, ruas e quadras esportivas públicas. A lei foi implementada na cidade com a intenção de diminuir crimes e dar mais segurança aos cidadãos. No entanto, no ano seguinte à implementação da lei foram registrados mais de 13 mil boletins de ocorrência, segundo a Polícia Militar (PM). Em 2017 foram 15 mil ocorrências relacionadas a furto, assalto ou perturbação do sossego.

 

No ano passado, foram contabilizados 189 casos de consumo de bebidas em local públicos. A lei não prevê sanção à pessoa que for pega bebendo, porém se tiver descumprido a regra pode ser encaminhada para a delegacia para responder um termo circunstanciado.

 

Nos últimos quatro meses, a PM de Ponta Grossa tem feito vistorias pelas ruas da cidade em busca de pessoas que estejam portando entorpecentes ou bebendo em praças, parques ou até mesmo no rua. A ‘lei do tubão’, como ficou conhecida, se mostra ineficiente, pois foi criada para combater crimes, porém não há relação de causalidade entre o uso de bebidas e a criminalidade. As pessoas mais atingidas por essa lei são jovens em porta de baladas ou mesmo em encontros em espaços públicos e moradores de rua.

 

A Câmara de Curitiba também quer proibir as pessoas de beberem em espaços públicos entre 2h e 8h, porém não estão previstas sanções para quem for flagrado nessa situação. Há apenas o recolhimento do produto.

 

Apesar de ter como principal justificativa o combate à perturbação do sossego e à criminalidade, o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos ou administrados pela Prefeitura não cumpre a meta do poder público, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Ponta Grossa registrou aumento de 8% em ocorrências, em comparação com cidades que têm leis semelhantes, e fica à frente apenas de Cascavel (lei implementada em 2017) e Capanema (2013), que registraram queda de 5%.

 

Em uma cidade que oferece poucas opções de lazer, especialmente ao público jovem, a lei apresenta uma contradição. Afinal, há diversos eventos, promovidos pela administração municipal, que contam com a comercialização de bebidas alcoólicas em espaços públicos. Ou seja, o consumo de álcool passa a ser permitido apenas a determinados públicos, resultando em uma prática discriminatória em torno de um hábito comum de sociabilidade.

 
 
 
 

Memórias de 80 anos do Colégio General Osório

Por Erica Fernanda

Importante para o registro da história e da educação do município, o lançamento do livro “Grupo Escolar General Osório: nos primórdios dos anos de 1930 à direção de Elzira Correia de Sá” foi um evento cheio de reencontros. A Biblioteca Central acolheu professoras e professores, alunas e alunos que perguntavam “você lembra de mim?”, e assim começava uma conversa cheia de nostalgias. Alguns discursos eram bem patriotas, do tipo: “lembram quando a gente aprendeu a cantar o hino nacional? Levantava a bandeira e todo mundo cantava”. Outros traziam memórias marcadas pela política do mérito: “lembram quando a gente ganhava prêmios por ter a melhor nota?".

O livro, publicado pela editora Estúdio Texto, é resultado de pesquisas feitas no projeto de extensão da UEPG intitulado “Construindo e Reconstruindo a Historia”, realizado com o Núcleo Regional de Educação. A professora e autora Luzia Borsato Cavagnari recolheu dados, arquivos do Colégio, Prefeitura e Museus e depoimentos de ex professoras e estudantes para contar como era o ensino do colégio, que substituiu escolas isoladas do bairro de Uvaranas. O lançamento se refere também aos 80 anos do Grupo Escolar General Osório.

Naquela época, o ensino público em Ponta Grossa contava como as Escolas Isoladas, que ficavam localizadas nos bairros. Em um trecho do livro há o depoimento do ex-inspetor e diretor Valdevino Lopes, em que conta como era a situação das escolas. “Funcionavam de maneira bastante precária. [...] a professora recebia da mantenedora como únicos materiais, além da mesa, carteiras e quadro de giz, uma moringa para água, livros de leitura e poucos materiais escolares”, e a estrutura era toda de madeira. A única educação de qualidade que a cidade tinha eram as redes particulares, como Sant’ Ana (1905), Sagrada Família (1933), Colégio São Luiz (1906), Escola Luterana (1916), Escola Evangélica (1928) e escola Liceu dos Campos (1926-1955).

Contudo, em 2 de dezembro de 1938 o governo do Estado criou o decreto n⁰7779, que estabelecia que cada município deveria criar mais 10 escolas do ensino primário, denominadas de grupo escolar. Ao invés de ter apenas uma professora ou professor nas escolas isoladas para atender diferentes níveis de escolaridade, os Grupos Escolares passam a disponibilizar várias e vários professores para cada nível dos estudantes. A construção do Grupo Escolar General Osório teve início em 1938 ao lado do 13⁰ Batalhão de Infantaria Blindado (13 BIB), mas o Colégio só começou o funcionamento em 1939 contando com 137 alunos matriculados em duas turmas do 1⁰ ano e uma turma do 2⁰, 3⁰ e 4⁰ anos.

SERVIÇO – O livro “Grupo Escolar General Osório: nos primórdios dos anos de 1930 à direção de Elzira Correia de Sá” está disponível na Biblioteca Central Prof. Faris Michaele, no Campus da UEPG em Uvaranas.

 

Um desajuste para o sucesso

 

Amanda Dombrowski

 

O podcast é uma mídia em formato de áudio que tem conquistado muito espaço na área da informação e educação. No Brasil, o primeiro podcast foi o Digital Minds de Danilo Medeiros, que começou em 21 de outubro de 2004. Em novembro do mesmo ano surgiu o podcast do Gui Leite, o Podcaster, mais antigo no Brasil que ainda é produzido regularmente. E em dezembro foram criados os podcasts Perhappiness, de Rodrigo Stulzer, e Código Livre, de Ricardo Macari.

Com o passar do tempo o podcast teve uma expansão e várias iniciativas foram criadas. 15 anos depois do primeiro podcast no Brasil, no dia 16 de maio deste ano, Maria Fernanda Teixeira e Nicoly França lançaram o primeiro episódio do podcast Desajusta. As duas são empreendedoras, jornalistas, criadoras de conteúdo e fundadoras do canal do Youtube chamado Desavesso, que existe há três anos, em que falam sobre moda consciente e sustentabilidade.

Na primeira edição, com o nome “Nossa trajetória desajustada”, elas contam o objetivo do podcast que é inspirar as pessoas mostrando que não existe um ponto final chamado sucesso. Dessa forma, nos outros episódios elas trazem histórias inspiradoras mostrando que isso é possível. O programa tem o apoio da FAPCOM, a Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação, onde é utilizado o estúdio para gravação.

O podcast não possui periodicidade regular, tem um tempo médio de uma hora e conta com a participação de convidados que relatam as trajetórias que traçaram até atingir seus objetivos. No décimo primeiro episódio, publicado em 12 de setembro, o assunto tratado foi saúde mental com a dona do podcast Esquizofrenoias, Amanda Ramalho. Como setembro é o mês de conscientização a prevenção ao suicídio, tratar sobre a saúde mental no podcast é um modo de mostrar a relevância do tema.

O objetivo do podcast atinge as expectativas ao mostrar modelos de vida, sonhos e histórias de sucesso para que as pessoas entendam que não existe uma única regra. É preciso boa vontade e oportunidade para realizar os sonhos e objetivos, e para isso não é preciso seguir o mesmo padrão para todos.

 

Serviço

O podcast pode ser acessado nas seguintes plataformas:

Megafono: https://www.megafono.host/podcast/desajusta 

Apple Podcasts: https://podcasts.apple.com/us/podcast/desajusta/id1464073562 

Spotify: https://open.spotify.com/show/7sLf3DvxdKKr0HOGV8ST8L?si=NuUAlov_SvqfWwqqMHcZrg

 
 

Brother Soul em um Paraná paranormal

Fabiana Manganotti

Palco B é um projeto cultural voltado à valorização de artistas autorais. Lançada em 2016, a série produz conteúdo audiovisual em formato de session, em que a banda faz sua performance ao vivo com um cenário em segundo plano. As apresentações são mensais e acontecem no auditório B do Cine Teatro Ópera, com ingressos a partir de R$10. Os vídeos e outras informações sobre as bandas estão disponíveis nas redes sociais da Fluencia e da Luneta Experiências Culturais, organizadoras do Palco B.

Neste ano a temporada do Palco B começou em julho e irá até o fim do ano, com a apresentação de dez bandas, com variados estilos musicais como: rock, MPB, reggae, dub, blues, rap e soul. Quatro bandas já se apresentaram neste ano. No dia 9 de julho aconteceu a primeira edição da temporada, com o rapper Juliano Gafanhoto e PG Town e a banda Circuito Absoluto. A segunda apresentação, no dia 13 de agosto, foi uma edição especial voltada para crianças, com a banda Casa Cantante.

A banda escolhida para o mês de setembro foi a Brother Soul. O estilo de música é o samba-rock, apresentado pelo trio composto por Fabricio Cunha, vocalista e guitarrista, Arajan Cunha, baterista, e Marquinhos Santos, baixista. As composições abordam conceitos sociais, como na letra de “Pixaim”.

As músicas são dançantes e animam o público. Uma delas, ponto alto do show, faz uma homenagem ao estado do Paraná, “Paraná Paranormal”, em referência à chamada Rússia brasileira. A apresentação contou com seis músicas e “Não esqueça do meu” foi gravada duas vezes pois, segundo Fabrício, sua guitarra estava desafinada e ficaria ruim para a gravação do clipe. O público presente no auditório registrou um atraso de meia hora para o início do show. 

Serviço: Mais informações podem ser conferidas nas redes sociais dos organizadores
Luneta Experiências Culturais (https://www.facebook.com/luneta.cultura/) e
Fluencia (https://web.facebook.com/FluenciaCultural/).

 

‘Bacurau’, se for vá em paz 

 

Leticia Gomes

Contemplado pelo Prêmio do Júri no Festival de Cannes de maio deste ano, ‘Bacurau’, que estreou em Ponta Grossa no último dia 12, conta a história de uma pequena cidade no sertão nordestino que misteriosamente desaparece do mapa.

A história começa com o velório da matriarca da cidade e é seguida por assassinatos misteriosos dos nativos do local. O longa dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles usa o desaparecimento do mapa como uma metáfora para a situação de sucateamento do país. Voltado para um gênero western, quase de terror e fantasioso, ‘Bacurau’ trata de temas que não poderiam ser mais reais.

O longa consegue explorar as relações desiguais entre a capital e a cidade pequena. É possível observar isso quando os cidadãos de Bacurau começam a ser caçados por estrangeiros sem aparentemente motivo algum. Com cenas violentas, os diretores escolhem as cenas mais gráficas para a morte dos estrangeiros, ao invés dos moradores da cidade.

‘Bacurau’ é um filme recheado de críticas metafóricas à política brasileira. Pode-se perceber este aspecto a partir de temas como o armamento, a xenofobia, a violência acentuada, e mais sutilmente críticas ao sistema de saúde e distribuição em cidades pequenas do Nordeste. Trata também da mobilização popular e da capacidade de organização de uma comunidade diante de abusos do poder político.

 

Serviço:

Local: Cinemas Lumiere – Shopping Total

Horário: 18h30 e 21h

Preço: R$12,00 (meia) e R$24,00 (inteira). De segunda a sexta-feira todos pagam meia entrada

Tempo: 2h10min

O filme consta na programação do Cinemas Lumiere até o dia 24 de setembro, possivelmente podendo se estender.

Produzido pela Turma C - Jornalismo UEPG