Crítica de Ponta

Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você.

Um Restaurante Popular a quase 70 reais por mês

Por Luiz Zak

 

Localizado no centro da cidade e com comida saudável, porém com um preço que gera dúvidas. É assim que pode ser definido o Restaurante Popular (RP), de propriedade da Prefeitura Municipal. O estabelecimento oferece almoço a três reais de segunda a sexta-feira. O cardápio varia durante os dias da semana, porém sempre é composto por arroz, feijão, carne, salada e uma fruta. 

O almoço no dia 2 de outubro foi composto por purê de batata, arroz, feijão, peixe, salada de repolho e maçã, não deixando nada a desejar para os restaurantes do centro, seja por quilo ou PFs. A comida do RP leva pouco sal e com facilidade é possível terminar de comer tudo que está na bandeja. O peixe veio temperado com tomate e molho, porém com grandes pedaços de espinho, o arroz é bem soltinho e o feijão temperado. Mesmo  servida pelas pessoas que trabalham no RP, dá para pedir a quantidade de alimento que será colocada na bandeja, com exceção da carne. 

O local é amplo e composto por várias fileiras de mesas. No dia visitado não tinham pessoas em pé esperando lugar para comer, porém do lado de fora a partir das 11 horas começa a formar uma longa fila que ocupa desde a entrada do restaurante até o estacionamento. A espera para comprar o ticket é de 5 a 10 minutos. 

No lugar não pode entrar com refrigerante, chás ou sucos, aviso colocado em várias partes. O restaurante não oferece copos e no espaço há um bebedouro. É possível notar que há filas quando as pessoas terminam de comer para encher a garrafa levada por elas ou para tomar direto no bebedouro.

O preço do Restaurante Popular de Ponta Grossa pode ser considerado barato? Essa é a dúvida que fica quando se depara com o preço de três reais por apenas uma refeição. Se o frequentador quiser repetir, precisa voltar para a fila e desembolsar mais três reais para comer. Durante apenas uma semana, quem come do RP gasta 15 reais e para almoçar, no mês, são em média menos 70 reais do salário ou do auxílio do governo, que hoje fica em torno de 96 reais, segundo a Caixa Econômica Federal. 

Criado em 2014, o Restaurante Popular é voltado à população mais carente, sendo cobrado na época 1 real por pessoa, porém é nítido que esse objetivo foi sendo afastado ao longo do tempo. O valor atual, por mais que seja considerado baixo por muitos, se considerarmos uma família com filhos acaba por representar um custo razoável, deixando o “popular” apenas de nome ou numa frase de efeito dos administradores do RP.

Em 2007 a Prefeitura de PG começou a servir sanduíches à população em troca de qualquer moeda. Apesar de ser uma ótima ideia, principalmente para matar a fome da população mais carente, a proposta não seguiu adiante. A gestão do atual prefeito Marcelo Rangel (PSDB) acabou com o sanduíche popular, restando só o ponto em que o alimento era oferecido e a fome dos mais carentes da cidade.

 

Serviço:

O Restaurante Popular fica na rua Ermelino de Leão, 1125, em Olarias. O custo é de R$3,00 reais por refeição e o horário de funcionamento é das 11 ás 13 horas.

Os sonhos que não foram esquecidos 

Por João Pedro Teixeira

 

Com certeza você já teve sonhos estranhos e cheios de símbolos, mas quase sempre os esquece, certo?  Akira Kurosawa não. O diretor japonês reproduziu oito sonhos que teve ao longo da vida. Lançado em 1990, o filme “Yume”, ou “Sonhos” em português, traz histórias cheias de simbolismos tipicamente japoneses. Em primeiro momento, o longa é confuso e parece não fazer sentido algum, porém conforme as histórias são contadas podemos perceber que se trata de um tema só: a vida e a morte. 

Um raio de sol através da chuva, O jardim dos pessegueiros, A tempestade, O túnel, Corvos, Monte Fuji em Chamas, O demônio que chora e o Vilarejo dos moinhos d’água parecem desconexo quando assistimos sem atenção. Mas conforme o decorrer do filme, notamos que há certa linearidade nos temas tratados. Os dois primeiros são leves e tratam da infância, da descoberta e curiosidade. Os cinco seguintes são mais profundos e tratam sobre a morte e os erros dos seres humanos. E o último sonho traz uma conclusão, ou talvez a visão madura do diretor, sobre seus atos em vida e a relação com o fim dela. 

“Sonhos” foi exibido no projeto “Conversando sobre cinema Japonês”, coordenado pelos professores de Artes Visuais da UEPG, João Antonio Machado e Nelson Silva Jr. O projeto acontece  uma vez no mês na quinta-feira e intercala entre Campus Central e Campus Uvaranas, conforme as temáticas dos filmes. A programação pode ser conferida no Facebook pessoal do professor João Antonio que posta a programação somente uma semana antes. Ao final da exibição há sempre um debate entre os presentes. O projeto contará com mais duas sessões dentro do gênero terror e suspense. 

 

Sorteios de Loteria: a mania dos paranaenses

Por Leticia Gomes

 

Comprar bilhetes de loteria na esperança de ficar rico faz parte do cotidiano do brasileiro. Para os paranaenses, além da famosa loteria da caixa federal, é possível também apostar no título de capitalização, chamado Mega-mania. É um prêmio de sorteio que é vendido semanalmente nas cidades do Paraná.

O Mega-mania tem um programa de TV na Rede Record, que passa todos os domingos, às 10 horas. Nele, passam o resultado de quatro sorteios que são ofertadas em uma só cartela. Os prêmios vão do menor para o maior valor, aumentando gradativamente de um valor para o outro. A transmissão é feita a partir dos prêmios de menor valor, até o prêmio final, de maior valor. O valor da cartela varia de acordo com o tamanho dos prêmios. O valor pode ir de 7 reais até 20 reais por cartela.

Diferente dos prêmios da loteria que só podem ser vendidos nas lotéricas, a cartela do Mega-mania é vendida em diferentes lugares. Desde um café no centro, como o Cactus, até os mercadinhos de vila. O interessante desse prêmio é que a loja que vendeu o bilhete premiado também ganha um prêmio no valor de 100 reais.

O ato de apostar não é dependente do fato de ganhar, pois muitos paranaenses fazem com que a própria aposta e verificação do resultado virem rotina. A esperança de ganhar se torna quase como um pensamento em segundo plano, pois mesmo perdendo sempre, as pessoas continuam apostando.

O programa de TV do Mega-mania vai até a casa dos ganhadores para entregar os prêmios, isso faz com que o espectador se sinta mais próximo da situação do ganhador e dá a ilusão de que “se ele, gente como a gente, ganhou, então eu também tenho chance de ganhar".

 

A Rede dos homens
Por Erica Fernanda

 

Desde sempre vivemos em uma sociedade patriarcal onde modelos, distribuição de trabalho e de renda e práticas culturais giram em torno do homem. Desde as últimas décadas estamos em processo de mudança conquistada pelas mulheres, podendo lutar por direitos, deveres e respeito equalitários em todas as esferas. Mas o portal de notícias pontagrosensse aRede está indo no sentido contrário com a publicação da editoria chamada Homem. 

Ao entrar nesta editoria, observa-se que as publicações têm “subeditorias” como: Homem – Estilo, Homem – Cerveja, Homem – Comportamento, Homem – Fitness, Homem – Sexo e assim segue. É preocupante para o contexto atual o reforço do machismo, afirmando práticas que excluem outros gêneros e sexualidades. Duas postagens chamam atenção nesta editoria. Uma delas é a matéria “Os benefícios da cerveja na saúde do homem”, que traz pesquisas dizendo que a cerveja diminui o estresse, aumenta a fertilidade, melhora a saúde cerebral e reduz os riscos de desenvolver câncer. Ao longo do tempo as mulheres foram vítimas da indústria da cerveja, sempre sexualizadas nas propagandas para atingir o “público alvo”: o homem. Nenhuma das pesquisas foi divulgada juntamente à matéria, tornando o material pouco credível. Aparecem outras matérias de portais com o mesmo sentido, porém elas contam que a cerveja ajuda na saúde de todos, e não só na do homem.

Nenhuma das matérias tem o valor-notícia que o jornalismo tanto se preocupa; as informações não são de interesse público mas sim do interesse DO público, aquele que desperta curiosidade. Outra postagem que chama atenção é “Paternidade ativa e como praticar no dia a dia”, que pelo título mostra um assunto importante, pois nas famílias a falta da contribuição paterna na criação dos filhos é comum, um dos causadores da jornada dupla das mulheres. O texto ainda traz esse aspecto da jornada dupla, mas de uma forma totalmente equivocada. “Levando em consideração que a maioria das mulheres também trabalha fora de casa, isso gera um desequilíbrio muito grande de tempo. Elas acabam tendo uma ‘jornada dupla’, digamos assim, em seu dia-a-dia”. É inquestionável que as mulheres, de fato, têm uma jornada dupla, e não só por conta dos filhos, mas pela má distribuição das tarefas domésticas, que são realizadas pelas mulheres em sua maioria. Segundo dados do IBGE de 2018, as mulheres que não ocupam lugar no mercado de trabalho dedicavam 23,8 horas a atividades domésticas e cuidados de pessoas, enquanto os homens nessa mesma situação, 12 horas. A diferença também é grande entre mulheres e homens ocupados, sendo 18 horas entre as mulheres e 10 horas entre os homens.

 Ao utilizar uma linguagem jornalística, o portal aRede reproduz comportamentos e ideias da cultura hegemônica. O texto sobre a paternidade ativa traz algumas reflexões a respeito da colaboração do homem na casa não só financeiramente, mas na organização e acompanhamento das filhas e filhos. Porém, os textos abordam pesquisas sem disponibilizá-las; são matérias reproduzidas de outros portais ou de assessoria de imprensa. O texto sobre a cerveja era do site Revista Versar e sobre a paternidade foi reproduzido do site El Hombre.

Jacu Rabudo completa 10 anos de pontagrossês

Por Veridiane Parize

 

O projeto “Noites de Sexta” no último dia 27, no Museu Campos Gerais, exibiu uma série de vídeos intitulada “Pontagrossês”, produzido pela Misto Quente Produções em parceria com o autor do livro Jacu Rabudo, Hein Leonard Bowles. Os vídeos têm a ver com a temática do regionalismo, assim como o Jacu Rabudo, que completa 10 anos neste ano.

Bowles foi convidado para uma roda de conversa que aconteceu após a exibição, juntamente com o poeta Kleber Bordinhão, o professor e cronista Ben-Hur Demeneck, além dos produtores da série “Pontagrossês”, Frederico Taques e Sérgio Baroncini, com a mediação do jornalista Ismael de Freitas. Houve um debate sobre expressões linguísticas regionais muito usadas no dia a dia dos ponta-grossensses.

O Jacu Rabudo é um dicionário de expressões típicas usadas em Ponta Grossa, produzido em uma linguagem coloquial que não está em nenhum dicionário comum. O autor as reuniu por ordem semântica, ou seja, por proximidade de significados equivalentes ou parecidos.

O livro de 152 páginas contém palavras muito utilizadas no cotidiano do ponta-grossensse como “vina”, “ade”, “desgracido” e seus respectivos significados. Os diálogos são apresentados no contexto de uma conversa. O Jacu Rabudo já está na 4ª edição ampliada pela editora Toda Palavra.

O Brasil que temos: riquezas, conquistas e resistência

Por Amanda Dombrowski
 

 

No dia 5 de outubro, no Cine-Teatro Ópera, o Estúdio de Dança de Salão Alan Oliveira apresentou o espetáculo “Que país é esse?”. Com muita música e dança o espetáculo contou uma parte da história do Brasil. O primeiro ato representou diversas formas de resistência, começando com a ditadura militar e os protestos do povo para conquistar seus direitos, com músicas populares da época, como “Cálice” de Chico Buarque. A peça retratou também a miscigenação dos povos e fez críticas sobre a desigualdade, pobreza, fome e diversos problemas que vemos no Brasil. 

FOTO - O segundo ato mostrou símbolos culturais, ídolos e as conquistas do Brasil. Neste ato a peça passou por todas as regiões do Brasil, mostrando a cultura de cada local. Na região Norte teve danças representando a Amazônia e falando que é importante preservá-la, mostrou também a tradição do Boi-Bumbá. O Nordeste apresentou as festas de São João, o forró e o baião. 

No Centro-Oeste eles fazem novamente algumas críticas, o cenário era Brasília e mostrou a corrupção dos políticos brasileiros. O Sul apresentou a tradição gaúcha, com a dança e música típica da região. O Sudeste foi representado por último, neste momento eles apresentaram o pagode, o samba e o funk como um momento de muita alegria, que foi interrompido pela forte violência da região. 

Um elemento destaque da apresentação foi a inclusão social, com uma tradutora de libras presente em todas as falas.Com o fim do espetáculo, o diretor da peça, Allan Oliveira fez uma fala frisando a importância de ser polêmico e mostrar a realidade do país nos dias de hoje. O espetáculo foi emocionante, conseguiu passar ao público o que queria e foi aplaudido em pé pela plateia. 

 
Produzido pela Turma A - Jornalismo UEPG