Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você.
Cine Café, uma agradável opção tradicional
Por Hygor Leonardo
Localizado na Rua Dr. Colares, no Centro de Ponta Grossa, o Cine Café surpreende por ser uma das melhores cafeterias da cidade. Contando com uma estrutura pequena e pouco espaço, o local pode atender confortavelmente até, no máximo, 15 pessoas. Por outro lado, o ambiente sucinto gera uma sensação de conforto e aproximação, algo essencial em uma cafeteria. Assim como o ambiente, o atendimento é cordial. É inevitável se sentir acolhido pelo local, que conta com funcionários educados e bem instruídos. A localização, próxima a uma esquina, permite que ao consumir o café também se desfrute da vista e movimento da cidade . Se por um lado isso pode ser um ponto positivo, esta ligação direta com o trânsito e “correria” do dia-a-dia impede o estabelecimento de ser uma fuga desta rotina, como outros ambientes mais restritos e climatizados. A variedade do cardápio não é curta, porém, não vai além do necessário, o que permite que a escolha dentre as opções disponíveis não seja demorada nem cansativa com diversos pratos que ninguém pede. E conta com cafés de grãos especiais, e salgados entre doces tradicionais. O preço dos cafés gira em média entre R$7,00 e R$9,50. Os cafés são bem preparados e saborosos. Já os lanches não têm um preço tão agradável e são pequenos, se comparados a outras cafeterias, embora também sejam apetitosos. De modo geral, o café supera as expectativas, mostrando que ainda há espaço para apreciar um bom café e desfrutar da convivência que a cidade oportuniza. Cada detalhe do local visa dar conforto e oportunizar que, além de um café, seja possível ter uma boa conversa e passar um tempo aproveitando o ambiente.
Serviço: Endereço: R. Dr. Colares, 293 - Centro, Ponta Grossa - PR, 84010-010 Horário: 07:30am - 6:30pm Telefone: (42) 3028-0865
Olho D’ Água São João Maria registra descaso do poder público em PG
Por Luíza Sampaio
A história do monge conhecido como João Maria faz parte do imaginário de várias comunidades da região Sul do Brasil. No Paraná, João Maria é descrito como um homem que peregrinava pelo interior paranaense, vivia da natureza, fazia pregações, milagres e cumpria promessas. Em Ponta Grossa, no bairro de Uvaranas, se encontra o Olho D’Água de São João Maria onde religiosos afirmam que o monge viveu no local. O espaço é um dos pontos turísticos da cidade e frequentado por religiosos para pagar promessas, batizar as crianças na água do olho d’água, fazer orações e firmar a fé através de imagens e objetos religiosos. A reportagem do Crítica de Ponta visitou o local e constatou registros de abandono na manutenção das condições do espaço, principalmente no que diz respeito ao lixo depositado no entorno. No local, onde muitos visitantes fazem orações, chama atenção o lixo exposto, como sacolas plásticas, papéis, objetos descartáveis e de variada natureza. A má iluminação do 'olho' é outro problema registrado no espaço, além frequente forte cheiro de urina devido à falta de conservação e limpeza. O arroio Pilão de Pedra, que liga a fonte da água do São João Maria, possui resíduos de esgoto e lixo jogado, causando riscos à saúde de quem arrisca usar a água da fonte. De acordo com Helena de Almeida, 70 anos, que frequenta o local há alguns anos, as pessoas não costumam mais ir ao santuário devido às más condições. “Antes a gente usava o espaço, vinha visita para rezar e era limpo, não tinha sujeira como agora. As pessoas estão deixando de vir por não ter mais a caseira que fazia a vigilância do local e ninguém cuida do local”, relata. O local não conta com nenhum monitoramento, apenas o Governo Municipal faz a limpeza do mato, por meio da Secretaria do Meio Ambiente. Em contato com a Secretaria do Meio Ambiente, nenhum profissional soube informar como funciona a manutenção do espaço e também não deram nenhuma outra informação sobre o espaço. A reportagem da Crítica de Ponta entrou em contato com a Secretaria do Meio Ambiente na tarde do dia 13, e a educadora ambiental Andréia Aparecida Oliveira não tinha as repostas para as informações perguntadas.
Serviço: Olho D’água São João Maria. Espaço público em PG. Acesso aberto (sem custo). Localização: Rua Alfonso Celso, 1021 - Uvaranas
Qual o perfil do conservadorismo político brasileiro em 2019?
Por Nadine Sansana
O conservadorismo na visão de uma pesquisadora pontagrossense. Marina Basso Lacerda em sua obra O novo conservadorismo brasileiro busca explicar as origens e a situação atual da nova onda conservadora no país. Primeiramente, a autora localiza como foi a ascensão internacional do neoconservadorismo e usa como referência as eleições presidenciais nos EUA em 1980, onde o movimento neoconservador caracteriza-se pela participação acadêmica (chamado movimento intelectual), em que os estudantes são a favor do anticomunismo e pelo movimento político, que resulta na eleição de Ronald Reagan. Em seguida, Lacerda expõe o surgimento do novo conservadorismo no Brasil, que acontece a partir de 2015 com as eleições de deputados evangélicos e com a escolha do representante da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, também evangélico. Desde então, a política brasileira tem sido cada vez mais regida por lideranças religiosas e representantes empresariais que defendem os mesmos ideais. O que caracteriza o novo conservadorismo, de acordo com Lacerda, é o apoio à família patriarcal, o combate à igualdade de gênero e a defesa da importância dos valores morais e religiosos na esfera pública. Pode-se supor que tais premissas acabam indo contra a própria Constituição Brasileira, pois esta prevê que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações e que a liberdade de consciência e de crença é inviolável. Entende-se que a defesa dos valores morais e religiosos por parte dos representantes eleitos pelo povo não traga benefícios para todos, mas somente para a parcela da sociedade que segue os mesmos ideais. Por fim, a autora coloca algumas possíveis razões para a ascensão do novo conservadorismo no Brasil, entre elas está a presença da bancada evangélica e a expansão do combate à chamada ideologia de gênero, entre outras. A autora, Marina Basso Lacerda nasceu em Ponta Grossa e o livro O novo conservadorismo brasileiro foi lançado aqui na cidade, no final de outubro.
Serviço: Livro: O novo conservadorismo no Brasil – de Reagan a Bolsonaro Autora: Marina Basso Lacerda
A linha tênue entre a crítica positiva e a publicidade no Fenata
Por Alexandre Douvan
Durante a edição do Fenata deste ano, a UEPG publicou no site institucional alguns textos que classificou como “críticas” das peças do festival. Ao pesquisar pelo nome do festival, o buscador do site nos oferece sete textos até o fechamento desta crítica. As críticas, produzidas pelos acadêmicos de Letras da UEPG não estão à altura de um festival da envergadura do Fenata. Não passam de extensas e elogiosas resenhas despidas de qualquer elemento negativo ou interrogação sobre as peças. O que se lê no site não são textos que alimentam debate, pois mais se assemelham com as práticas de publicidade ou assessoria. Não se quer dizer que a crítica não pode ser positiva, mas em momento algum, nos textos, ficou claro ao leitor se houve parceria entre o curso de Letras e a organização do evento. Não é preciosismo, é transparência – mordomo que elogia o patrão é sempre suspeito. Houve um tempo em que o Festival trazia críticos externos, dos quais os textos eram publicados em mídias diversas, coisa que se foi junto com os recursos destinados ao Fenata, com a redução da verba para financiamento. Esses fatores, além das condições estruturais dos teatros Opera e Pax, não foram contemplados em nenhuma das críticas, que parecem não se dar conta de que a crítica não consiste apenas na análise dos textos e da encenação. Barbara Heliodora (1923-2015) foi uma crítica de teatro brasileira mundialmente reconhecida. Quando jornalistas se dirigiam a ela, muitas vezes comentavam que era a responsável pelo sucesso ou pelo fracasso das peças que criticava. Por mais elogiosa que fosse a uma atuação, ao papel do diretor ou sobre a montagem como um todo, sempre houve o que elencar para que melhorasse. Nem artistas do porte de Vera Holtz e Antônio Fagundes escaparam de suas análises. Se as peças do 47º Fenata realmente mereceram apenas elogios, já deveriam ter conquistado o mundo.
A contribuição do Funk para a realidade periférica Brasileira
Por Thaiz Rubik
Funk-nejo, brega-funk, funk melody, funk de beat fino e funk pop. Estas são apenas algumas das vertentes do ritmo que está ganhando proporções internacionais. Os primeiros funkeiros brasileiros surgiram nos anos 1980 se estabeleceram nos anos 1990 e se tornou popular no Brasil inteiro. O Funk tem várias vertentes, ele vai desde as letras mais suaves e sensuais até os chamados “proibidões”, que fazem referência ao mundo do crime e trazem mensagens pesadas e fortes nas letras como forma de protesto. O funk, neste sentido, é uma arma que revela problemas como a exclusão social, a marginalização do povo negro, o racismo, o preconceito, a discriminação, a corrupção e os desgovernos. Diferente dos outros ritmos musicais brasileiros o funk tomou proporções mundiais. O canal Kondizilla é um dos principais responsáveis pelo sucesso deste ritmo musical, atualmente, é maior canal do YouTube Brasil e da América Latina, e o maior canal de música do mundo, com mais de 52 milhões de inscritos. Uma pesquisa realizada em 2017 pelo site cultura nas capitais mostrou que o funk e o sertanejo são os ritmos mais ouvidos nacionalmente. A pesquisa entrevistou de 12 capitais brasileiras: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo. Mesmo com proporções nacionais e internacionais o funk ainda é um ritmo desvalorizado em cidades mais “conservadoras”. Em Ponta Grossa, alguns vereadores já tentaram barrar shows de artistas deste ritmo musical. Talvez esse conservadorismo seja só uma forma de disfarçar o preconceito contra artistas negros e de periferia que ganharam destaque na música, com temas sociais que acabam irritando algumas pessoas.
Mídia Pontagrossense não utiliza devidamente o YouTube
Por Natália Barbosa
O canal do Diário dos Campos no YouTube, que possui 345 vídeos e 188 inscritos, não usa playlists, dificultando a procura específica para o usuário. Também não há um padrão quanto ao tempo dos vídeos, que variam de 20 segundos a seis minutos. Mortes ou acidentes são os principais assuntos do canal do DC. Os vídeos em geral são compostos por uma gravação com legendas ou narração do fato. Já a periodicidade de publicação é em média a cada um ou dois meses. O Jornal da Manhã conta com 907 vídeos e 1,9 mil inscritos. A última publicação é de cinco anos (20 de agosto de 2014). Alguns dos vídeos são notícias de um a dois minutos, enquanto os outros são apenas os jornalistas, de cada editoria, falando sobre os assuntos correspondentes ao dia, além de conter quatro playlists. O Tribuna da Massa tem 3.478 vídeos, 9,6 mil inscritos e faz pelo menos uma publicação por dia com os programas completos e de algumas matérias separadas, em geral, alguma fatalidade. Na playlist cada edição é separada por data, deixando visualmente mais organizado e facilitando ao usuário. Já a TV Educativa apresenta 8.835 vídeos, tem 4,1 mil inscritos e também publica as notícias soltas todos os dias. As pautas são diversificadas com duração de três minutos cada vídeo e as 12 playlists são separadas por assuntos variados. Ao analisar os quatro canais percebe-se que o YouTube é apenas uma plataforma digital com uso do visual sem a característica jornalística e consequentemente, sem informação. São vídeos curtos sobre algum acontecimento da cidade, muitas vezes sensacionalistas, alguns não tem uma publicação constante, não possuem um padrão de publicação dos vídeos no canal e não usam como ferramenta auxiliar na divulgação das notícias para alcançar mais públicos. Portanto, estão longe de se tornar um meio de propagação e recurso informativo.
Serviço: Canal dos jornais no YouTube: Redação Diário dos Campos; Jornal da Manhã – Ponta Grossa; Tribuna da Massa – Ponta Grossa e região; TVE Ponta Grossa.
Serviços comerciais aumentam uso de tecnologia em PG
Por Gabriella de Barros
Desde o início de 2019, diversos estabelecimentos comerciais de Ponta Grossa passaram a adotar o uso máquinas no atendimento ao público. Alguns restaurantes utilizam máquina para fazer pedidos, descartando o serviço de funcionários, que ficam apenas com a função de chamar o nome das pessoas quando o pedido está pronto ou para aqueles que farão o pagamento em dinheiro. Os cinemas da cidade adotaram o mesmo método quando instalaram duas máquinas que podem ser utilizadas para comprar ingressos dos filmes, sem precisar ficar na fila ou entrar em contato com as atendentes. A franquia do McDonald's fez uma reforma em 2018 e optou pelo mesmo método, tornando o atendimento mais rápido no estabelecimento. A rede Burger King, ao invés de uma máquina, optou pelo aplicativo, onde as pessoas podem fazer o pedido e entrar em contato com os atendentes apenas quando retirar no balcão, o que também limita o serviço, pois nem todos consumidores têm rede wifi ou 4G para acessar o aplicativo. O shopping Palladium, há alguns anos, utiliza máquinas que recebem o pagamento do estacionamento tanto em dinheiro como cartão de crédito, executando funções que, antes, eram feitas por pessoas. A tecnologia auxilia em diversas áreas, facilita processos, acelera as comunicações e gera resultados rápidos. No entanto, as pessoas sentem os efeitos da tecnologia, que reduz e limita aspectos são importantes ao desenvolvimento humano, como a afetividade, contemplação, sensibilidade, atenção ao momento presente, contato e a convivência humana.
Espaço disponibilizado pela prefeitura para exposição artística não valoriza as obras
Por Hellen Scheidt
A Feira Permanente de Pinturas e Esculturas, realizada pela Fundação Municipal de Cultura junto ao Centro de Cultura (esquina da rua Augusto Ribas com a rua Dr. Colares), reúne obras de artistas da cidade. O local possui quadros pintados à óleo e acrílico, ilustrações em papel tamanho A4 pintadas à lápis e com aquarela e esculturas. A proposta é permitir que os artistas da cidade tenham um espaço físico para expôr as obras. No entanto, o local não valoriza as peças apresentadas. Por exemplo, em 1º de novembro havia folhas secas no chão levadas pelo vento. Algumas pinturas e ilustrações estão fixadas em paredes de madeira, com o aspecto de tapumes utilizados em construções. Além disso, a disposição não leva em consideração as características de cada trabalho. Estão disponíveis sete espaços individuais de 4m² para cada artista. Por conta disso, as ilustrações em tamanho A4 possuem espaço sobrando, mas para os quadros o espaço é menor, dando a sensação de que estão “empilhados”. Por ser uma exposição que reúne diversos artistas e várias propostas, não há uma uniformidade na apresentação. Os quadros mostram cenas do campo, com paisagens típicas dos Campos Gerais, como as araucárias. Há também quadros que representam o teatro, retratando as máscaras. A proposta que mais destoa do restante dos quadros, principalmente por não ser feita com tinta, mas sim com outras técnicas, trata sobre a lenda de origem chinesa onde duas pessoas estariam ligadas por um fio desde o nascimento. As esculturas representam temas mitológicos, como dragões e lobisomens, além de personagens de filmes e jogos. As ilustrações feitas à lápis possuem temas variados, entre animais, carros e motos, até personagens da cultura pop, como cantores e atores. Já as ilustrações em aquarela são focadas em flores. É possível comprar a grande maioria dos trabalhos presentes no local e os preços variam entre ilustrações partir de R$50 até pinturas à óleo por cerca de R$200.
Serviço: Local: Centro de Cultura/Saguão Matteo Domênico: Rua Augusto Ribas n°722 - Centro de Ponta Grossa Horário: de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h Entrada gratuita Data: até 13 de dezembro
Uma “Irmandade” representada nas condições de insegurança e desrespeito aos direitos humanos
Por Cícero Goytacaz
“Irmandade” conta a história de Edson e Cristina, dois irmãos que foram separados pelos rumos da vida. Quando pequena, Cristina descobre o envolvimento do irmão com tráfico de drogas. Ele foi preso e, a partir de então, se torna o líder de uma facção criminosa, que se fortalece com o ideal de lutar contra a opressão das autoridades. Ter uma personagem mulher como centro da narrativa destaca a atuação de Cristina, que se torna uma advogada honesta e aceita se infiltrar na “Irmandade” para desmantelar a facção. No entanto, ela passa a reconsiderar seus objetivos e a ideia de justiça durante a missão, causando reviravoltas na história. A série estreou em 25 de outubro e é protagonizada por Naruna Costa, Seu Jorge,Hermila Guedes, Lee Taylor, entre outros atores. As atuações transmitem ao telespectador um equilíbrio entre o suspense, a ação e o drama. A história se passa nos anos 1990 e muitos acontecimentos da época são abordados como crítica social, como a morte de Ayrton Senna e o Tetracampeonato Mundial da Seleção em 1994 que, de certo modo, prenderam os olhares do povo aos espetáculos das coberturas dos fatos. A história não faz nenhuma referência à facções existentes. Apesar de retratar uma realidade presente no Brasil, não é baseada em uma história real. Falar sobre falta de oportunidade na vida e abusos de autoridade é recorrente no Brasil, desde suas origens, passando por toda a sua história, até os dias atuais, onde a defesa dos direitos humanos é ferida por discursos de ódio por parte da sociedade e de seus governantes. A preocupação com os acontecimentos da serie reflete com o crescimento da população carcerária em Ponta Grossa, hoje estimada em 1,5 mil presos, que aumentou em 40% nos últimos três anos. Quantas “Irmandades” podem existir diante dos nossos olhos?
Serviço: Série “Irmandade” (2019) está disponível no serviço de streaming Netflix. Primeira (e única) temporada em oito capítulos (50 minutos cada). Produção e direção: Pedro Morelli.