Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você.
Variações do panetone no sabor e no bolso
É nessa época do ano que a consumidor costuma afrouxar o bolso e estender suas despesas. São gastos com presentes, enfeites de natal, ceia e o clássico panetone, que hoje é encontrado de diversos sabores e preços. O panetone é tradição do Natal brasileiro. Antes de chegar dezembro, é visto nos mercados muitas caixas do pão doce, e que em sua forma tradicional, é recheado com frutas secas cristalizadas. O panetone não se resume apenas ao seu formato e sabor clássico. Gourmetizados, recheados com cremes, e coberturas capaz de agradar todos os gostos possíveis. Uma variação mais simples e conhecida do bolo de frutas, o chocotone, que, ao invés de frutas leva chocolate. Existem também sabores que devem ser servidos gelados e até salgados. Junto com essa variedade de opções, os preços também variam muito. A média de um panetone hoje em dia está entre R$15 e R$20. Existem mais simples que chegam na casa dos 10 reais, mas também os mais caros que ultrapassam valores de R$100 reais. Acontece que em tempos de crise, onde o trabalhador brasileiro precisa comportar seus gastos rotineiros mais as despesas de natal dentro do valor de um salário mínimo, 998 reais, um panetone simples representa mais de 1% deste valor. Falando assim não parece muita coisa, mas não se pode descartar que a realidade de várias famílias no Brasil é de sobreviver com apenas um salário mínimo no mês, para mais de quatro pessoas. Neste contexto com a variedade de ofertas a industria perde espaço para receitas economicamente viåveis e produção caseira. A opção de cozinhar o próprio bolo de frutas permite sair do sabor tradicional de panetones de marcas especializadas em chocolatest por um preço que comporta no bolso do trabalhador.
Serviço: Marcas convencionais variam entre: R$8,90/ R$12,90 Marcas especializadas em chocolate variam entre: R$30,99/ R$59 Os panettones de fabricação caseira variam entre: R$5,99/ R$95
Maria Fernanda Laravia
Calor do verão brasileiro não consegue derreter neve nos filmes de Natal
Dezembro começa e a neve já cai nas vitrines das lojas brasileiras e nos filmes natalinos. O frio é incluído como uma das tradições de Natal, que remete ao clima europeu e norte-americano nesta época do ano. Mas no Brasil o calor costuma prevalecer, em inegável clima de verão. Os flocos de neve já se tornaram parte da cultura do natal brasileiro, embora poucas pessoas tenham visto a verdadeira neve durante o inverno tropical, as árvores de Natal são enfeitadas com algodão, os espetáculos teatrais ambientados com nevascas e os filmes lançados na estação quente trazem o branco da neve e o frio como cenário. As produções cinematográficas presentes na plataforma de streaming “Netflix”, quando pesquisado pela palavra-chave “Natal”, trazem a neve como um elemento essencial do clichê natalino, assim como a aparição do Papai-Noel, milagres românticos e alguma relação com o nascimento de Jesus. Da mesma forma, o único filme que remete à época de Natal em cartaz nos cinemas de Ponta Grossa também tem a neve como elemento característico da cultura natalina. “Uma segunda chance para amar” é uma comédia romântica com alguns clichês natalinos, como a magia da época, o movimento comercial, Papai-Noel, a ceia com a família e um final nada surpreendente. O filme, inspirado nas músicas do cantor britânico George Michael, se passa na Inglaterra e, por isso, também conta com a neve como parte do cenário. É curioso pensar que grande parte das produções natalinas que ajudam na propagação da cultura do Natal brasileiro sejam “enlatados” que chegam dos Estados Unidos e da Europa. O Brasil comemora a data no início do verão, mas assim mesmo o Papai-Noel com toucas e roupas pesadas, a neve nas vitrines e o ambiente são pensados como se fosse inverno. Talvez, com um milagre de Natal, o Papai-Noel consiga trazer o Pólo Norte para um país tropical.
Serviço: Filme: Uma Segunda chance para amar Em cartaz: Cinematográfica Araújo ( shopping Palladium); Lumiére (shopping Total) Endereço: R. Ermelino de Leão, 703 - Uvaranas, Ponta Grossa - PR (shopping Palladium); Av. Dom Pedro II, 350 - Nova Rússia, Ponta Grossa - PR (shopping Total).
Thailan de Pauli Jaros
Um equilíbrio de vozes entre Misa Criolla e Navidad Nuestra
Ao encerrar o calendário de compromissos de 2019, o Coro Cidade de Ponta Grossa e o Coro em Cores apresentaram em concerto as sinfonias Misa Criolla e Navidad Nuestra, como parte das apresentações do 5º Festival de Ópera do Paraná. As composições são do argentino Ariel Ramírez, produzidas na década de 1960. Cada uma das sinfonias é dividida em sessões, possui ritmos particulares e texto em língua espanhola. Missa Crioulla é uma obra religiosa, uma missa cantada com cinco partes litúrgicas. O concerto possui ritmos e formas musicais que remetem a diferentes culturas da Argentina. Navidad Nuestra é uma cantata de natal, também com cinco canções. Uma das apresentações, em Ponta Grossa, aconteceu em 1º de dezembro, gratuita e aberta ao público, na Igreja São José. Logo após a celebração dominical, os cerca de 100 cantores ocuparam os degraus do altar regidos pela mestre Carla Irene Roggenkamp. Mais da metade dos bancos da igreja foram ocupados para assistir ao grupo. O concerto surpreendeu e conquistou o público pela sincronia dos músicos e pelo equilibro do coro com os cantores solo. Destaque também para a habilidade do pianista Eudes Junior Stockler, desde os ritmos lentos aos mais acelerados. No desempenho solto e na expressão dos cantores, fica visível que houve ensaio e a preparação destaca a performance. O único ponto negativo foi no sistema acústico da própria igreja, por ser grande e alta ao perfil do espetáculo. Ao fundo do local, era difícil a compreensão do som dos microfones dos solistas, com áudio aparentemente abafado. Por vezes, a segunda voz feita pelo coro se sobressaia e tomava o lugar da primeira voz. Os artistas estiveram também na Igreja Luterana Bom Pastor e na Igreja do Rosário apresentando a Misa Criolla e a cantata Navidad Nuestra. Em 2020, o Coro em Cores completa 10 anos em Ponta Grossa.
Serviço: Coro Cidade de Ponta Grossa - Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa - 3220-1000 Ramal 2085 Coro Em Cores - Universidade Estadual de Ponta Grossa e Conservatório Musical Maestro Paulino - 3220-1000 Ramal 2297
Raylane Martins
‘Mais uma Mulher’ na música em Ponta Grossa
Com uma mistura de música contemporânea, Indie Rock, canto lírico e referências da banda inglesa Florence The Machine, a cantora e compositora MUM (Mais um Mulher) ganha espaço no cenário musical de Ponta Grossa.
A artista Gabriela de paula, vocalista da MUM, lançou o primeiro trabalho em 2019 com o Ep chamado Nebulosa. O álbum conta com quatro músicas atorais: Reciclo, Reborn (letra escrita em inglês), Quem é Você e Eu Vou. As letras são misturas de relatos das fases mais ‘Nebulosas’ da cantora. Com composições e um som Indie, MUM mostra que Ponta Grossa também é fabrica de artistas. Embora Gabriela ganhou força na música em 2019, a artista já produz canções independentes desde 2017. Uma característica de MUM é a performance ao vivo, onde, com o próprio corpo e duas bailarinas, a apresentação mostra uma composição de dança e música, ao mesmo tempo que fala da diversidade de corpos e que é possível quebrar padrões de beleza. Um dos shows realizados em 2019 a artista e as dançarinas encenaram uma coreografia onde duas mulheres daçam juntas. A performance causou diversas opiniões e a artista foi criticada pelo público conservador da cidade. MUM recebeu diversos comentários de ódio. De acordo com manifestações da cantora nas redes sociais não preocupam. Mostrou a importância do trabalho da artista em uma cidade conservadora como Ponta Grossa. Para quem curte artistas independentes, MUM destaca-se por cantar e escrever as próprias músicas e defende a diversidade de corpos, questionando a gordofobia e os padrões de beleza.
Serviço: Gabriela de Paula (Cantora) Rafael Arcoverde (Guitarra) Walace Matheus (Baixo) Lorena Smiguel (Synth) Aline Garabeli (Teclado) Wlader Better (Bateria)
Link do EP Nebulosa: https://www.youtube.com/channel/UCrKfsB8wL6ixfpnqMUGZGWQ
Por Rafael Santos
O que justifica uma cobertura midiática em jornais de Ponta Grossa?
Qual o impacto que uma cobertura midiática mal feita pode ter? Quais são os limites do jornalismo? O que deve ser noticiado e o que não deve? Como não ferir os princípios éticos? Essas perguntas básicas deveriam ser refeitas diariamente pelos jornalistas a cada nova produção. No dia 28//11, um rapaz de 22 anos ameaçou pular de um prédio, na região central de Ponta Grossa. A situação foi contornada pelo Corpo de Bombeiros e o apoio da Polícia Militar, que deram assistência ao jovem. A mídia televisiva da cidade optou por não divulgar o acontecimento, mas os dois portais de informação online de Ponta Grossa acreditaram que havia interesse público no fato. O portal ARede noticiou em manchete (“Rapaz do CEEBJA é pessoa tranquila e tem esquizofrenia”), enquanto o Diário dos Campos optou pela seguinte edição: “Bombeiros tentam evitar tentativa de suicídio no Centro de PG”. O desenvolver da primeira matéria indica uma exposição desnecessária da vida particular do sujeito, descrita por pessoas que o conhecem, mas que não são identificadas como fontes. Já a segunda matéria apresenta um apenas parágrafo noticiando o acontecimento em tempo real, sem nenhuma profundidade. Duas matérias diferentes sobre o mesmo assunto e nenhuma delas com relevância para justificar a publicação. A necessidade de cliques e visualizações imediatas parece comprometer o trabalho jornalístico. Enquanto isso, os comentários das publicações revelam ataques ao jovem, brigas entre os sujeitos e uma estranha disputa para ver quem está certo. Quando o jornalismo está preocupado com a espetacularização acaba por deixar lacunas, dá abertura para que pessoas ataquem, julguem e se sintam 'especialistas' no assunto noticiado. Valério Bonfim debate o problema no site Observatório da Imprensa. "O Caso da Eloá é um dos exemplos de uma má cobertura midiática e suas consequências. Até quando vamos participar desse “shownalismo” (expressão já utilizada por diversos autores da área)?
Serviço: Link da matéria ARede: https://d.arede.info/ponta-grossa/304854/rapaz-do-ceebja-e-pessoa-tranquila-e-tem-esquizofrenia Link da matéria Diário dos Campos: https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/bombeiros-tentam-evitar-tentativa-de-suicidio-no-centro-de-pg Link texto “A espetacularização da mídia”: http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/a-espetacularizacao-da-midia/
Ane Rafaely Rebelato
Decoração natalina exclui bairros da cidade
Enfeitar as ruas, casas e praças para o Natal tornou-se comum em todos os lugares. A cidade de Ponta Grossa segue a tradição dos enfeites natalinos e em 2019 começou a receber a decoração no dia 12 de novembro. O que chama a atenção é o valor gasto pela Prefeitura de PG em decoração. Neste ano, o edital para a instalação dos enfeites foi de R$ 376,6 mil. O investimento inicial da decoração contempla apenas o centro da cidade, entre a Rua Balduíno Taques, a avenida Vicente Machado e o Parque Ambiental. Em 2019, a Prefeitura também optou pela iluminação de alta tecnologia no Parque Linear, bairro de Oficinas. A decoração denominada “Bosque Encantado” apresenta uma performance que sincroniza som e luz, com roteiro desenvolvido para o Natal da cidade. O bosque é composto por 40 árvores LED, que medem 5 e 6 metros de altura, iluminadas por cerca 210 mil lâmpadas. O espaço é de 3.400m² e exigiu sete toneladas de equipamentos para sincronizar som e luz. Segundo o portal da transparência da prefeitura de PG, a licitação para a decoração foi de cerca R$ 480 mil. Apesar de a Prefeitura descentralizar as decorações, a maioria dos bairros da cidade ainda não possui enfeites natalinos. Dos quatro maiores bairros de PG (Centro, Uvaranas, Nova Rússia e Oficinas), apenas possuem decoração: Centro e Oficinas, o último foi decorado somente em 2019. Com os investimentos feitos pela Prefeitura, outros bairros poderiam ser contemplados. Ao optar por centralizar os locais de visitação para o Natal, a administração da cidade esquece o comércio localizado nos bairros.
Serviço: Decoração de Natal / Bosque de Luz Data: até dia 26/12/2019 (exceto dia 24) Local: Balduíno Taques, avenida Vicente Machado e o Parque Ambiental - Centro de Ponta Grossa / Parque Linear, próximo a Grande Árvore. Horário: 4 apresentações diárias: às 19h, 20h, 21h e às 21h45.
Mariana Santos
Uma vida sem luxos é uma vida simples?
Viver com menos roupas, menos objetos, menos móveis... Tomar um banho rápido, usar menos energia e consumir menos. Esse é o estilo de vida Minimalista, que traz à tona aos interessados uma ideia de simplicidade, de ter uma vida mais sustentável e equilibrada consigo e com o ambiente. Mais do que isso, o minimalismo, provoca uma reflexão aos hábitos das pessoas que estão condicionadas ao consumo inconsciente. Ao promover o despertar de um capitalismo desenfreado, esse estilo de vida traz aos adeptos uma percepção de que uma vida sem luxos é o caminho para driblar a indústria do comércio, que induz ao consumo pelas propagandas e por promoções atrativas. O Minimalismo promove também uma liberdade financeira, já que, por defender o necessário para viver, tudo aquilo que não é essencial, não precisa ser comprado. Cabe aqui dizer que, esse movimento não diz que não se deve comprar mais nada do que gostamos, mas ensina dinamizar até que ponto as vontades são satisfeitas, compra-se por que realmente se gosta, ou pela indução a comprar? Existem muitas vertentes e abordagens do Minimalismo. Por ter sido um movimento artístico e cultural no século XX, desde então, carrega uma tendência que foi absorvida por várias áreas, como a arquitetura, o design, a propaganda e até a música. O Minimalismo também tem a característica de ter o excesso de elementos reduzidos, bem como a simplicidade na elaboração dos materiais, como menos cores, menos letras, uma decoração não tão chamativa e, no caso da arquitetura, um projeto com o necessário, sem muita composição. Para saber mais sobre esse estilo de vida, existe um documentário na Netflix, titulado “Minimalism”, produzido em 2016, pelos diretores Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, em que os próprios narram experiências ao descobrir o Minimalismo e como a vida de cada um mudou depois de aderirem ao movimento. Alguns exemplos de trabalhos que têm como pauta o consumo consciente são os blogs Slowly, e o MePoupe! no Youtube.