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Crítica de Ponta

Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você

 

 

 

cinema art

 

Filme Marighella reivindica história do guerrilheiro apagada pela ditadura militar

 

Depois de longos dois anos, Marighella, de Wagner Moura, chega aos cinemas brasileiros. O filme, inspirado na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães, que conta a história do ex-deputado federal e guerrilheiro Carlos Marighella sofreu atrasos e impedimentos na estreia. Barrado pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) em 2019, ação que foi criticada e considerada censura pela equipe do filme, e em 2020 o filme teve novamente um lançamento atrasado por conta da pandemia do Covid-19.

Seu Jorge dá vida ao guerrilheiro em filme biográfico | Foto: Divulgação

O filme foca no período em que Marighella, interpretado por Seu Jorge, está à frente da Ação Libertadora Nacional (ALN) em 1968, até a emboscada que resultou noassassinato em Novembro de 1969. O filme combina fatos históricos e ficção para construir a imagem do guerrilheiro e do movimento revolucionário, passando pelas principais ações da ALN, como os assaltos a trens de armas e bancos, a transmissão de mensagens revolucionárias na rádio e o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick.
Wagner Moura não é tímido ao usar violência no filme, mas o exagero de violência não está na direção e sim nas ações da própria ditadura militar. E, ao mostrar os atos de tortura e violência cometidos pelos militares explicitamente, o diretor aproxima o espectador à revolta dos movimentos guerrilheiros.
Através dos personagens, Moura representa as inúmeras histórias diferentes de resistência à ditadura, os integrantes da ALN de Marighella são a união de milhares de histórias de pessoas que foram mortas ou estão desaparecidas até hoje e sofreram com a violência da ditadura, sem qualquer chance de encontrar justiça.

 

Por Lucas Müller

 

 

 

Serviço:
Duração: 2h37 min
Direção: Wagner Moura
Lançamento: 4 novembro 2021
Produção: Wagner Moura, Andrea Barata Ribeiro, Bel Berlinck
Disponível em: streaming na Globo Play

 


 

musica art

 

Novo Ep de Alisson Camargo é um alento aos tempos de pandemia em PG

 

O EP Amores, Cores e Flores do músico de Senjés e residente em Ponta Grossa, Alisson Camargo, é um projeto indissociável do espírito do tempo (zeitgeist) que se formou em torno da pandemia. Pensado antes do estopim gerado pelo coronavírus e motivado pelo início da era Bolsonaro (2019), o projeto se distingue por não sucumbir ao fácil cinismo e tom fatalista de praxe na contemporaneidade.
Ao abordar temas universais como o modo minimalista de se viver, a amizade e a conexão com a natureza, o trabalho de Camargo se torna uma experiência poderosa sem abrir mão da leveza com que se expressa. Amparado por composições orgânicas que fornecem coerência tonal com as letras, o projeto se torna uma peça de arte que merece a atenção de todos.
Poucos músicos conseguem extrair bons resultados de amálgamas diametralmente opostas entre gêneros musicais, visto que o risco de criar miscelâneas desconjuntadas é palpável o suficiente para fazer o artista repensar as escolhas estéticas. Mas Camargo consegue extrair de tal junção algo que soa original e simultaneamente orgânico.

Figura 1- Arte do EP- Divulção

Ao propor a si mesmo criar uma obra que abrange a universalidade da vivência, que não se limita a aspectos binários ou cartesianos, Alisson Camargo encontra a chave musical para unir elementos outrora dissonantes de gêneros como o funky, surf rock, balada romântica e hap, e criar uma obra que instiga o ouvinte a refletir sobre as prioridades e valores. O EP chega ao inconsciente do apreciador cultural como um convite à reflexão sobre o que realmente é importante após dois anos de confinamento e sucessivas provações.
Mas, ao invés de desconstruir as poucas bases que sustentam os humanos, como parece ser a tendência atual de auto sabotagem romantizada sob a fachada de desconstrução, o projeto instiga a construir novas bases colocando como prioridade o pilar da conexão, seja com os outros, com nós mesmo ou com a natureza. A qual, há algum tempo, vem dando alertas de uma subjugada importância à própria sobrevivência.

Yuri A.F. Marcinik

 

 

 

Serviço:
Amores, Cores e Flores pode ser ouvido no seguinte link do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=y8wkjaAmipM

 


 

exposição

 

Superação do câncer representada em imagens


Fotografias do Buraco do Padre, Lago de Olarias, Catedral e outros pontos turísticos que representam a cidade de Ponta Grossa fazem parte da exposição da Rede Feminina de Combate ao Câncer. A exposição apresenta 12 fotos que compõem o calendário de 2022 da Rede Feminina, projeto que foi idealizado para arrecadar fundos para auxiliar no tratamento do câncer.
O calendário gregoriano da Rede Feminina representa as lutas e vitórias dos pacientes do projeto. O objetivo das fotos é mostrar as belezas naturais da cidade representadas por pacientes recuperados ou em recuperação do câncer.

Legenda: Exposição no Shopping Palladium. Foto: Marcela Panzarini

As fotografias são agradáveis aos olhos de quem vê e quem passa pelo shopping pode parar para apreciá-las. As imagens são de pontos turísticos ou de espaços de referência na cidade, com uma pessoa para compor o cenário em todas as fotografias. Algumas fotos foram feitas durante o pôr do sol, com a luz amarela evidenciada na fotografia em que o efeito transmite sensação de relaxamento, descanso, aconchego e tranquilidade. Um exemplo é a foto tirada no Lago de Olarias durante o pôr do sol, de uma mulher com um lenço para o alto sob o vento, as árvores e a luz quente do sol.
Cada mês do calendário da Rede Feminina acompanha uma das fotografias da exposição para trazer paz e boas energias àqueles que passam pelas imagens, seja na exposição ou folheando o calendário durante os meses de 2022.


Evelyn Paes

 

 

 

Serviço:
Título: Calendário 2022
A exposição fica disponível no Shopping Palladium até o dia 30 de dezembro/2021
Endereço: R. Ermelino de Leão, 703 - Olarias, Ponta Grossa

 


 

mídia regional art

 

Correio têm boa ideia, mas peca ao não focar nos Campos


Com a proposta de abranger nove municípios dos Campos Gerais, o portal Correio dos Campos apresenta poucas notícias locais e muitas matérias nacionais. Conteúdos gerais, envolvendo temas como economia e hábitos de vida estão presentes nos filtros de notícias por municípios. Dessa forma, o que, a um primeiro olhar, parecia uma ideia interessante, apresentar filtros que possibilitem selecionar o conteúdo do site pelos municípios que o portal se propõe a noticiar, se torna inviável. Isso porque os mesmos conteúdos, na maior parte, pautas frias, sem relevância para a população do município, são replicados em todos os filtros.
Na página inicial, o site apresenta, para além da ferramenta de filtros por município, cinco editorias: política, segurança, esporte, geral e guia comercial. A última vale uma análise detalhada, pois apresenta os patrocinadores, ou no mínimo, posts pagos por empresas interessadas em expor marcas no Correio dos Campos. Ainda sobre o guia comercial, ao clicar na editoria, é possível escolher uma letra e o site apresenta uma série de empresas e prestadoras de serviços, com contato e endereço.

CORREIO DOS CAMPOS

Reprodução/Site

Outro ponto importante do site é que as matérias publicadas não são assinadas, não há identificação de autoria ou crédito a um veículo nacional, como a Agência Brasil, por exemplo. Os posts apresentam o texto acompanhado de uma imagem, normalmente de assessoria.
Um aspecto positivo do portal é bom senso no uso de propagandas na página do site, o que propicia uma experiência interessante para aqueles que desejam ler algum material do site, sem que tenham de enfrentar a poluição visual característica em sites de pequeno alcance, que utilizam todo o espaço da tela para destilar anúncios e propagandas.
Apesar das já mencionadas matérias com escopo nacional, alguns conteúdos do site prestam certo tipo de serviço para uma faixa da população, com informes sobre emprego e eventos. Com muitos aspectos para aperfeiçoar editorialmente, o Correio dos Campos apresenta uma proposta interessante, mas peca na execução.


Por João Gabriel Vieira

 

 

 

Serviços:
Acesse o Correio dos Campos em seu site e nas redes sociais:
Twitter: https://twitter.com/CorreioCampos
Facebook: https://www.facebook.com/correiocampos/


musica art

 

Higor Qas em uma Caixinha (artística) de Surpresas


No final de novembro, o músico ponta-grossense Higor Qas lançou o primeiro single, intitulado Caixinha de Surpresas. Através de uma parceria com a gravadora Abrigo Records + Selo Apartamento 23, a música, que ficou guardada por muito tempo no caderno de composições do artista, finalmente ganhou vida e já está disponível nas plataformas de streaming musical.
Higor Qas traz na estreia autoral um protagonista que vive uma paixão ainda não correspondida. Em meio a declarações poéticas para a amada e analogias com histórias famosas de amor, como Romeu e Julieta, o artista embala o ouvinte com uma voz suave e uma letra sincera. Caixinha de Surpresas é uma música capaz de tirar suspiros dos casais apaixonados até os solteiros mais céticos. Afinal, o amor é uma linguagem universal.
A música cresce conforme o ouvinte a escuta e faz jus ao título: uma caixinha positiva de surpresas. Com uma melodia composta por instrumentos de cordas como violão e violino, associado ao grave do baixo e à intensidade do saxofone e da bateria, a produção remete aos recentes lançamentos de MPB contemporânea de artistas nacionais, como Tiago Iorc, Vitor Kley e Jão. Para quem gosta dos nomes da música, Higor Qas é mais um para adicionar na playlist.

Capa do single Caixinha de Surpresas de Higor Qas. Nela, o artista é transportado para a história de “O Pequeno Príncipe”, que assim como o protagonista da música, também tece declarações de amor à uma musa, a Rosa | Crédito da foto: Leonardo Pancheniak

A estreia autoral de Higor Qas ocorre em um momento importante para os músicos brasileiros. No início de dezembro, a atividade de compositor passou a ser reconhecida legalmente como profissão no Brasil. A lei 14.258 de 2021, que já está disponível no Diário Oficial da União, regulamenta a profissão e possibilita que compositores recebam direitos trabalhistas como a aposentadoria igual aos demais artistas do setor musical.
De acordo com a lei, é considerado compositor todo artista autor de obras musicais, sejam elas compostas ou não por letra e estejam disponíveis em qualquer suporte, tangível ou intangível. Higor Qas, com Caixinha de Surpresas, é um exemplo de artista ponta-grossense que já pode usufruir dos benefícios da lei.
Para quem já conhecia Higor Qas das apresentações de violino, clarinete e saxofone nos semáforos do centro de Ponta Grossa, Caixinha de Surpresas mostra um novo lado do multi-instrumentalista: o compositor. Espera-se agora que a cidade invista nos talentos escondidos nas ruas e crie políticas públicas de incentivo à produção autoral dos músicos da região. Uma coisa é certa: existem diversas caixinhas com surpresas para serem abertas por aí, basta que alguém acredite que elas podem encantar corações como Higor Qas encantou.


Por Manuela Roque

 

 

 

Serviço:
Composição, Voz, Violão, Violino e Saxofone: Higor Qas.
Produção Musical, Bateria, Baixo, Captação, Mix e Master: Eric Santana.
Produção Executiva: Bel Zan.
Direção e Produção Geral: Abrigos Records + Selo Apartamento 23.
Capa do single: Leonardo Pancheniak.
Confira o lyric vídeo completo de Caixinha de Surpresas no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=5fvQDP7I1Fo