Crítica de Ponta
Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura da cidade de Ponta Grossa para você
Blog do Doc aborda cenário político em Ponta Grossa e região
O Blog do Doc foi criado em 2011 e tem, como principal área de atuação, a política em Ponta Grossa e nos Campos Gerais. No início, era produção complementar do programa TV Doc, transmitido pela TV Vila Velha e, posteriormente, pela TV Educativa. No site, há uma sessão audiovisual intitulada TV Doc, mas as publicações são reproduções de vídeos oficiais do poder público, não contando com produções do portal.
O jornalista responsável pelo site é Eduardo Farias. Com design sóbrio e bem apresentado, o portal não revela poluição visual na home e é facilmente navegável entre as seções. Grande parte das publicações vem da assessoria de órgãos públicos ou políticos em atividade, o que faz da política uma editoria presente.
Reprodução Home Page do Blog do Doc
Embora compromissado com os fatos e não ter apelos de caça clique, problemas textuais em algumas matérias podem comprometer a leitura e, assim, a maneira como os fatos chegam à população. A falta de vírgulas, em alguns casos, afeta o ritmo e a compreensão da notícia.
Quanto à aba audiovisual, espera-se a produção própria de VT’s quando se lê o nome “TV Doc”. Na verdade, há publicação de textos com vídeo, retirados de páginas oficiais, inserido ao final de cada matéria.
O portal é funcional quanto a levar as informações ao leitor e entregar um bom panorama do que acontece no setor político da região. O “fio condutor” das publicações é capaz de manter o leitor, mas peca quanto aos problemas de escrita já mencionados (inclusive, no texto de apresentação do site). Melhor revisão de texto poderia dar ao Blog do Doc condições melhores de apresentar os fatos à população.
Por Cássio Murilo
Serviço:
Site: https://www.blogdodoc.com/
A esperança na 'Alvorada' de Hoovaranas
Músicas que refletem a luz do amanhecer. Esse é o mote de Alvorada, o novo disco da banda pontagrossense Hoovaranas, formada em 2018. Depois de ‘Isolamento’, um projeto mais sombrio e introspectivo, o trio formado por Eric Santana, Rehael Martins e Jorge Bahls segue para uma sonoridade mais esperançosa e colorida em ‘Alvorada’, segundo disco da banda.
Lançado em fevereiro de 2022 pelo grupo de Ponta Grossa, o novo álbum traz influências dos movimentos shoegaze e math rock, como também do rock progressivo e alguns momentos de jazz. Nos 43 minutos de duração, divididos em 10 faixas, a banda aborda temas de esperança, coragem e seguir em frente.
A arte de capa do disco da Hooavaranas é uma produção de Riko Silva
Apesar do otimismo presente no tema e sonoridade do disco, Hoovaranas ainda traz certa melancolia em momentos pontuais , destaque para a faixa ‘Mantra IV’, que usa ambientação sonora sombria e caótica para imergir o ouvinte na música.
Em meio de diversas inspirações e influências, o grupo encontra uma identidade sonora e a executa com coesão ao longo do álbum, o single 'Coragem' escolhido para o disco representa a identidade, com escalas de guitarra inspiradas no jazz, mudanças de tempo da bateria, e o baixo amarrando todos os elementos da faixa.
Como um todo, Alvorada explora o otimismo e a esperança de um amanhecer, mas também traz as complicações enfrentadas na caminhada, como nas músicas 'Obstaculos' e 'Contratempos' que, como na vida real, são interconectadas uma consequência da outra. Apesar dos enfrentamentos, as músicas convidam a, tal qual a capa do disco, olhar em frente e ver a Alvorada.
Por Lucas Müller
Serviço:
Álbum: Alvorada
Lançamento: 22 de Fevereiro de 2022
Artista: Hoovaranas
Duração: 43:32
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1ePzobR9zKs
Ajoelhem-se pois, Colin esteve aqui
Não tem como começar de outro jeito! Colin Kaepernick é muito mais do que um quarterback, a posição mais importante e gloriosa do futebol americano, de sucesso. Mesmo que não tenha conseguido manter a carreira com a regularidade e anos merecidos, ele sempre vai estar na história.
Colin não era o padrão, nunca foi e nunca quis ser. Um atleta na acepção da palavra, que explodiu no início dos anos de 2010 com a franquia San Francisco 49ers, uma das mais tradicionais dos esportes americanos. Mas, ter sido vencedor por um período não é o que faz de Colin o que ele é: ele é muito maior que isso.
O ano era 2016, Colin já estava longe do auge na liga e o time passava por um recomeço. E foi aí contexto que tudo mudou. Como “Colin in Black & White”, produção de 2021 da Netflix, mostra, Kaepernick sempre esteve revoltado. E os recentes, crescentes e repletos casos de violência policial contra jovens negros sucitou nele o que sempre esteve lá. E sem remediar ou calcular o que poderia causar na carreira, ele liderou os protestos contra a violência policial nos Estados Unidos, com um símbolo tão marcante quanto a trajetória. Ao se ajoelhar durante o hino estadunidense, rito tradicional e patriótico, Colin chocou uma sociedade desacostumada a esportistas socialmente engajados, e gerou desconforto e visibilidade sobre um tema latente e ignorado na sociedade americana tradicional.
É óbvio que os atos custaram muito à carreira de Colin. Mas isso, talvez, nunca esteve entre principais preocupações, mesmo que esteja sem jogar profissionalmente a mais de cinco anos e treine todos os dias esperando sua chance, ele já conquistou seu MVP, prêmio dado ao jogador mais valioso de cada temporada nos esportes americanos, e sua relevância dentro da história.
Divulgação Netflix
A produção da Netflix, na qual Colin é produtor, apresenta através de uma minissérie biográfica toda a jornada de descobrimento e autoafirmação de Colin e sua negritude. Um jovem negro, adotado por uma família branca, inserido dentro de todos os esteriótipos atribuídos a atletas negros dentro da sociedade americana.
De 2016 para cá, o legado de Colin cresceu e se consolidou. Outras lideranças surgiram, Lebron James e Lewis Hamilton são os maiores exemplos de esportistas históricos ainda em atividade e socialmente engajados. Mas a caminhada teve trechos importantes construídos e suportados por aquele que sempre será lembrado nos campos da National Football League (NFL) por ter feito algo tão relevante e por marcar sua trajetória independente das franquias e da própria liga. Colin sempre estará lá.
Ao aproximar a história da realidade, percebe-se o custo de estereótipos. Ao contrário dos Estados Unidos, no Brasil o esporte popular é o futebol e não football. Mesmo tendo uma população de maioria negra, reporduz-se no País o racismo estrutural, que reflete nos esportes. Não à toa, esportistas brasileiros negros que alcançam o sucesso são tão desmerecidos e alvo de tantas críticas. Está aí, para todos verem. E, voltando a Colin, nem precisa dizer nada, pois a trajetória fala por si. Ou nem fala, grita e explode.
Por João Gabriel Vieira
Serviço:
Série: Colin in Black & White
Ano de lançamento: 2021
Criado por: Colin Kaepernick e Ava DuVernay
Disponível em: Netflix
Peça online A Bela e a Fera acerta ao usar carnaval brasileiro como cenário
A beleza do conto de fadas A Bela e a Fera sempre se renova no imaginário popular pela mensagem de amor além das aparências de apelo universal. A Companhia do Abração de Curitiba readaptou o texto original de Jeanne- Marie Leprince de Beaumont para integrar o catálogo de apresentações da segunda edição do festival online Abraçando o Paraná.
A adaptação troca os vilarejos nevados do interior francês pelo mundo burlesco do carnaval brasileiro concentrado no samba. A protagonista Bela se oferece para ser prisioneira no lugar do pai, ex-sambista, que tenta ficar com a rosa da Fera. Um ser recluso e amaldiçoado pela aparência deformada por conta dos pecados da vaidade e da mesquinharia que cometeu no passado.
Foto: Divulgação
A mescla entre culturas funciona de modo contagiante na maior parte da peça. Contudo, ainda que voltada ao público infantil, o espetáculo por vezes exagera no número de referências e repetições de termos ligados ao samba.
Algumas referências orais a outro clássico infantil, O Pequeno Príncipe de Saint Exupéry, soam um pouco deslocadas dentro do contexto. Mas tais tropeços soam insignificantes quando comparado ao trunfo da peça que é adaptar de forma oportuna, com figurinos burlescos, uma história sobre a beleza além das aparências em um contexto de carnaval. Data típica por promover o uso de máscaras, sejam elas materiais ou figuradas.
Por Yuri Marcinik
Serviço:
O projeto Abraçando o Paraná termina no fim de março/22 e as peças podem ser vistas no canal do youtube da Cia do Abração.
Para onde foi a tradição teatral da Paixão de Cristo em PG?
Há três anos, rompeu-se uma tradição religiosa da encenação da paixão de Cristo em Ponta Grossa. Com o fim do Carnaval, começa a quaresma e os preparativos para a festa da ressurreição de Cristo, marcada pela Páscoa. O período de 40 dias desperta nos fiéis votos de renovação, promessas e sacrifícios, simbolizando o amor pelo sagrado.
Em Ponta Grossa o período de quaresma também é marcado pela encenação teatral da Paixão de Cristo. Teatro que representa a vida de Jesus, desde o nascimento até o dia da morte e ressurreição. Composto por atores profissionais e amadores, o elenco já alcançou mais de 120 participantes em montagens na Cidade.
O sofrimento anterior ao julgamento/ Kimberly Safraid - Lente Quente
Por conta da pandemia do Covid-19 o ato foi suspenso em 2020 e até o momento não retornou. A última apresentação foi em 2019, organizada pelo grupo de teatro Passio Christi, marcando a 30ª edição do evento. Em diversas situações, o grupo encenou no Centro de Eventos, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Estação Saudade e já alcançou a lotação de 8 mil espectadores.
O teatro da Paixão de Cristo também foi recebido na cidade de Guarapuava e tinha incentivo da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. Em 2022 a comunidade Shalom, pertencente à igreja católica, explica que a organização dos eventos relacionados à Semana Santa são realizados em conjunto entre diversas paróquias, proporcionando um retiro religioso e uma encenação para simbolizar o amor de Jesus. A expectativa do grupo é pelo retorno em 2023, retomando uma tradição cultural e religiosa na Cidade.
Por Marcella Panzarini
Serviço:
Grupo de Teatro Passio Christi
Atuação do grupo em 2017: Vídeo
Foto: Kimberly Safraid/ Lente Quente: Flickr