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CRÍTICA DE PONTA

Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura de Ponta Grossa para você!

 

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Salto plataforma como reflexo econômico mundial 

Foto salto plataforma

Créditos: Kathleen Schenberger

Marcas de prestígio no mercado, como Naked Wolfe e os queridinhos saltos de plataforma da Versace, estão cada dia mais em alta. As tendências do mundo da moda se tornam acessíveis e se popularizam em lojas de departamento. A extravagância na altura dos saltos pode significar um estilo pessoal, mas também está fortemente ligado aos índices econômicos mundiais. Apesar de parecerem universos distintos, a moda pode ser um termômetro sobre o que acontece com a economia. Você sabe o que é o índex do salto alto?

Um estudo realizado em 2011 pela empresa americana International Business Machines Corporation (IBM), analisou a altura dos saltos entre as mulheres ao longo dos séculos XX e XXI. A pesquisa constatou uma relação entre a economia e a altura dos saltos. Foi percebido que os saltos ficam cada vez maiores quando a economia passa por momentos de crise. Podemos citar o exemplo da década de 1920. No início da década, as mulheres usavam  os flapper shoes, saltos baixos em formato de taça. Porém, em 1929, a Grande Depressão, retratada pela quebra da bolsa de valores de Nova York, mudou completamente o cenário. Neste momento, as mulheres começaram a usar saltos bem mais altos.

A situação volta a se repetir na década de 1970, como a crise do petróleo, em 1990 com as instabilidades da virada do século e em 2007 com recessão econômica. Essa é exatamente a tendência que encontramos em 2022, saltos altos e acompanhados por plataformas. Todo esse resgate histórico da moda pode ser explicado pelo conceito psicológico chamado “escapismo da realidade”. O pessoal na internet adora comentar como as pessoas estão se parecendo com as personagens da Capital, da trilogia  Jogos Vorazes, que se vestiam de forma chamativa. Assim como na ficção distópica, todos os adornos que usamos podem ser como muletas para enfrentarmos momentos difíceis. 

Foto salto

Créditos: Kathleen Schenberger

Não há mal algum em ser ousada. Independente da altura do salto, muitas mulheres o usam para aumentar a autoestima e até mesmo para se sentirem elevadas a um filme hollywoodiano com o toc toc do sapato. O fundamental é reconhecer seus estilos pessoais e aplicar essas tendências de forma adaptada. A moda tem muitos produtos passageiros, é preciso tomar cuidado com o consumo excessivo. Se esses modelos de salto não fazem parte da sua personalidade podem acabar esquecidos no fundo do armário. Como já dizia a estilista francesa Gabrielle Chanel “A moda muda, mas o estilo permanece”. 

Por Kathleen Schenberger

 

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Novo itinerário dos ônibus atrapalha visitas ao Parque Monteiro

Lente Quente Amanda Dal Bosco

Créditos: Amanda D’albosco

Nos últimos meses, os itinerários do transporte coletivo de Ponta Grossa sofreram diversas alterações, entre elas está a linha do Santa Mônica, que deixou de ter uma parada na Rua Ernani Batista Rosas, rua conhecida pelos amantes de caminhadas e piqueniques ao ar livre, isso porque ela fica em frente ao Parque Monteiro, no Jardim Carvalho.

Com a alteração nos horários, os moradores do Jardim Carvalho, nos bairros do Baraúna, Jardim das Aroeiras, Santa Lúcia e Santa Mônica acabam sendo muito afetados, principalmente para quem tem a mobilidade reduzida, isso porque as visitas ao local, que levavam cerca de 15 minutos, podem chegar a 40 minutos, salvo situações em que a pessoa consiga caminhar por 500 metros, distância onde o ponto atual fica.

Reprodução Prefeitura de Ponta Grossa

Créditos: Prefeitura de Ponta Grossa

A única forma dos moradores da região norte do Jardim Carvalho conseguirem descer no ponto que fica em frente ao parque é ir até o terminal e pegar o ônibus Monteiro Lobato, ou pagar duas passagens, que para muita gente é impossível.

Vale lembrar que a linha do Monteiro Lobato é feita por um micro-ônibus, que tem uma capacidade muito reduzida e quase sempre anda lotado, além das viagens acontecerem a cada 1 hora.

Para quem é portador de alguma deficiência física que afete a mobilidade, um simples passeio pelo parque pode durar um dia inteiro, mas não no parque em si, mas na viagem até lá.

Por Heryvelton Martins

 

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O rádio para um time, o esporte sem diversidade

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Créditos: Kadu Mendes

A crônica esportiva do rádio ponta-grossense está majoritariamente focada em um só objeto: o Operário Ferroviário. A cobertura ampla do time de futebol da cidade não está errada, afinal é o único clube da região que está batendo às portas da elite nacional do esporte mais popular do país.

O problema é que a grande visibilidade ao Operário minimiza o tamanho da cobertura dos outros esportes. Sobretudo em esportes individuais. Ponta Grossa tem atletas de destaque estadual e nacional. Mas ao perguntar os nomes deles e delas para a comunidade que acompanha o rádio esportivo pontagrossense, não há resposta.

Quem faz o rádio esportivo daqui alega que há pouco espaço para os demais esportes por conta do público. Mas se for olhar historicamente no rádio esportivo da cidade, aconteceram coberturas pontuais de outras modalidades esportivas. Não como se é feito com o Operário que é protagonista há tempos. Então como se pode afirmar que não há público para outros esportes quando ainda nem se construiu tal público?

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Créditos: Reprodução

Além disso, há outro problema: a maneira como o rádio esportivo local é feito. A linguagem utilizada pelos programas esportivos não está conectada com a dos mais jovens. Em um contexto em que a juventude está muito ligada à internet, o rádio precisa repensar a construção do próprio público e investir na convergência. Em Ponta Grossa, as rádios se limitam apenas a fazer lives no Facebook e Youtube das próprias transmissões, seja de programas ou de jogos. Nenhum outro recurso digital é explorado. A falta de multimidialidade é um problema geral desses programas.

Mudanças simples podem ser feitas para que o rádio esportivo pontagrossense avance. A começar por um espaço maior na grade esportiva das emissoras para outras modalidades além do futebol, ou melhor, do Operário. Entrevistar atletas locais, não somente quando conquistam títulos expressivos, mas fazer isso rotineiramente. Também começar a olhar com carinho para os esportes virtuais. Ponta Grossa conta com times de e-Sports. Aliado a isso, usar mais e melhor as redes sociais e almejar a multimidialidade como uma aliada.

Por Kadu Mendes

 

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Esfihas até não aguentar mais

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Créditos: Lucas Ribeiro

Se estiver procurando uma programação para sair com os amigos no final de semana, o rodízio de esfihas do Habib 's  é uma boa opção para quem come muito. Mas cuidado!  Pode sair caro para quem tem restrições no orçamento como os estudantes universitários. 

Com um cardápio variado, o rodízio presencial apresenta nove sabores, sendo três clássicos, cinco especiais e um doce. Apesar de gostoso, a combinação de diferentes tipos de carnes e queijos pode se tornar enjoativa para alguns paladares. Se preferir provar um sabor bom e diferente, peça a de espinafre com queijo.

Com cupons de desconto no APP o rodízio de segunda a quinta sai por 24,90 por pessoa. Sem cupom, o valor aumenta para 29,90. De sexta a domingo, sem cupom de desconto o preço sobe para 34,90, um valor muito alto para um estudante que recebe bolsa.

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Créditos: Lucas Ribeiro

Para consumir mais produtos no local, prepare o bolso. As bebidas são ainda mais caras. A água não sai por menos de R$ 3,50, e o mínimo por um copo de refri é R$ 8,50. Além disso, uma taxa de serviço também é cobrada, o que pode aumentar o valor final.

O local do Habib´s é limpo e espaçoso. Dividido em duas áreas, permite um fácil deslocamento de clientes e também conta com um playground para crianças brincarem enquanto os pais comem. 

O que mais deixa a desejar é o atendimento. Os pedidos costumam demorar para chegar, o que pode irritar. Os erros nos pedidos também são comuns, principalmente quando há vários pedidos numa mesma mesa. No geral, o atendimento é regular, mas não representa a taxa de serviço cobrada na hora de pagar.

O Habib's Ponta Grossa fica localizado na Avenida  General Carlos Cavalcanti, 206. O atendimento ocorre todos os dias, das 11 até às 23 horas.

Por Lucas Ribeiro

 

cinema art

Um Pantanal de emoções

Gado no Pantanal Foto Eder Carlos

Créditos: Reprodução G1

“Toca cavalo preto!”. “Amigo, me dá um trago daquela sua cachaça especial.” “Ara, eu num quero saí daqui!”. Com certeza você já ouviu alguma destas frases. Ou sabe quem é Juma Marruá, Jove/ Zé Leôncio e o Velho do Rio.

A novela Pantanal toma conta de boa parte dos lares. O remake da trama de Benedito Rui Barbosa é assistido por um de cada três brasileiros. A novela voltou a ocupar a faixa das nove e meia da noite, na Rede Globo e, na nova versão, aborda vários assuntos atuais. Entre eles, o empoderamento feminino, a homofobia e o racismo.

Mas é nas cenas de natureza que tem seu forte. As belas imagens do pantanal mato-grossense são de encher os olhos. Cenas de rios de águas tranquilas, imagens de tuiuiús e outras aves chamam a atenção. E as tramas passadas em meio às águas são um convite para visitar o pantanal. A fotografia é sempre de encher os olhos.

Passando no meio rural, a abordagem de temas sociais como o empoderamento feminino, a homossexualidade, o racismo e o mau uso das terras pelo agronegócio é feita de forma direta. Os personagens transmitem em suas falas as angústias, lutas e vitórias de suas vidas, mostrando que a discussão sempre precisa acontecer.

Buraco do Padre Foto Eder Carlos

Créditos: Eder Carlos

Por outro lado, também há exageros. Zé Leôncio tem milhares de cabeças de gado, mas os peões não vão para a lida e passam o dia a cantar e tocar viola, de preferência o chavão “Cavalo Preto”. Ou a quantidade de cachaça ingerida em cada capítulo. Ou Juma, que vive numa tapera mas tem o cabelo bem tratado.

Pantanal vai continuar visitando os lares brasileiros até o mês de agosto, contando histórias de boiadeiros, discutindo temas de interesse e trazendo belas imagens da natureza. E se não podemos ir ao pantanal, a região em que vivemos, nos oferece belezas naturais como a Escarpa Devoniana, o canyon do Guartelá, e tantos outros. E podemos discutir temas sociais e ouvir Cavalo Preto, uma bela moda de viola, que combina com tudo.

Por Eder Carlos

 

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Meninas que cantam sobre amizade e encantam quem as ouvem

01. MARIA EDUARDA

Créditos: Maria Eduarda Ribeiro

Todo mundo tem aquele amigo que é mais chegado que um irmão e nas horas difíceis, está pronto para ajudar. Se você não se lembrou de alguém, está tudo bem, porque provavelmente você é esse amigo parceiro, só não descobriu ainda. Essa foi a mensagem que o recital Meninas Cantoras do Conservatório Maestro Paulino entregou ao público do Teatro Ópera na última terça-feira, dia 28. As meninas escolheram para o repertório apenas músicas que falassem sobre a amizade. Mesmo estando na faixa etária dos 10 aos 16 anos, o grupo emocionou muitos adultos que já não tinham mais esse sentimento simples, porém verdadeiro, latejando dentro de si da mesma forma que latejava quando eram crianças. 

A música de abertura do recital já entregou muito como seria o espetáculo. Cantando a versão em português “Amigo Estou Aqui” do filme Toy Story, as meninas criaram um cenário de infância no imaginário e no coração de quem as ouvia. Durante uma hora de apresentação, o espectador se sentia acolhido e abraçado. Não somente por conta das ótimas músicas, cujas letras traziam de fato uma mensagem inspiradora, mas pela qualidade vocal das meninas que dava uma sensação de conforto e paz a todos os presentes.

02. MARIA EDUARDA

Créditos: Maria Eduarda Ribeiro

De forma admirável, as meninas conseguiram tocar no íntimo de cada pessoa através das músicas. Quem não é fã de “Amigo Estou Aqui”, foi pego sentimentalmente através da Canção da América de Milton Nascimento, Eu Quero Apenas de Roberto Carlos, Amizade do grupo R2d3 e também a versão brasileira da música See You Again do rapper norte-americano Wiz Khalifa. 

Infelizmente, o recital teve apenas uma apresentação. Mas, considerando o sucesso que foi, certamente ainda este ano as meninas subirão mais vezes no palco principal do Teatro Ópera para cantar e nos encantar.  

Por Maria Eduarda Ribeiro

 

litera

 

O amor em forma de aquarela

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Créditos: Catharina Iavorski

“O que é o amor?” Essa é uma das questões que a história em quadrinhos Calmaria nos faz refletir. Escrita por Phellip Willian e ilustrada pela Melissa Garabeli,  a HQ de forma delicada, simples e toda ilustrada em aquarela, conta a história dos jovens Lia e Tan que vivem em uma ilha e acabam se conhecendo no meio de uma tempestade. A obra traz um paradoxo entre a agitação da tempestade com o nome do livro Calmaria. 

 Após esse encontro, eles começam a trocar coisas favoritas que eles gostam de fazer, como velejar ou até mesmo tomar uma xícara de chá quentinho. Mas a história do livro não se detém apenas nas coisas bonitas e legais de se conhecer alguém.

O livro também revela como é lidar com os sentimentos e o espaço do outro, fazendo  nós, leitores, refletirmos sobre como o amor não é ter tudo do outro na nossa vida, mas sim que o amor é construído de trocas e experiências. E com exemplos simples na HQ, os autores conseguem exemplificar o amor e essas trocas tão importantes entre as pessoas.  A obra tem a presença da aquarela na arte, que deixa a HQ ainda mais delicada e atraente.

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Créditos: Catharina Iavorski

A ilustradora Melissa Garabeli, que ganhou o prêmio HQMix em 2019, já produziu obras como: A Ilha das Memórias de 2015, Saudade de 2018 e Doce Jazz de 2019. Já Phellip Willian, escreveu Brado e Acima de Nós, os dois em 2015, Saudade de 2018 e Uma nuvem no seu Oliveira de 2021. Os dois foram finalistas do prêmio Jabuti e também ganharam o prêmio Angelo Agostini de melhor publicação independente, referente a obra Saudade.

 Eles estão vendendo a HQ de forma independente, então para comprar o livro é só entrar no link presente na bio do instagram da ilustradora @melissa_garabeli. 

E só para te instigar a conferir essa obra, vou ler um trecho que, pessoalmente, me tocou: “Talvez amar seja romper a ilha. Liga-se ao outro e encarar a tormenta que vem com o mar. Pode ser que o amor nos faça travar guerra consigo para ter a ventura de não mais ser só.”

Por Catharina Iavorski