CRÍTICA DE PONTA
Produzido pelo terceiro ano de jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor sobre a cultura da cidade de Ponta Grossa.
Corpos negros não encontram a paz nem na morte
Foto: Divulgação
O relatório estatístico criminal de vítimas de crimes relativos à morte no primeiro trimestre de 2022, divulgado pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná, indica que, entre janeiro e março deste ano, 24 pessoas foram assassinadas em Ponta Grossa. Quem acompanha as notícias dos portais jornalísticos locais sabe que o perfil das vítimas de homicídios violentos na cidade é muito específico: na maioria, são jovens negros. Não somente essas pessoas são assassinadas, mas as memórias são ignoradas pela população, como se a morte de cidadãos se tornasse apenas uma estatística.
“Às vezes eu me pergunto se eu não tenho mais a ver com esses corpos, do que com os meus colegas de turma”. A fala é de Maurício, personagem principal do longa M8 - Quando a morte socorre a vida, filme dirigido por Jeferson De e lançado em 2019. Ao narrar a história de um calouro de medicina que cria uma conexão praticamente sobrenatural com os cadáveres dispostos para estudo na aula de anatomia na faculdade, M8 ultrapassa os limites do real e do imaginário, utilizando elementos de sonho e vida para guiar o espectador pelas camadas da personalidade de Maurício.
O ponto principal do filme é a desumanização de jovens negros na sociedade brasileira, já que Maurício percebe que, além de ser o único aluno negro da turma de medicina, todos os corpos dispostos no laboratório são negros como ele. Jeferson De demonstra, por meio de diálogos dos colegas de Maurício apoiados em discursos estruturalmente racistas, além de metáforas baseadas em sonhos e alucinações do personagem, como a desumanização afeta jovens que vivem e morrem sem nome, sem história e sem dignidade, forçados a viver à beira da sociedade.
Apesar de enfrentar momentos difíceis ao sustentar uma narrativa que parece ir para todos os lugares ao invés de se apoiar no ponto principal, M8 encontra força na atuação maestral de Mariana Nunes, intérprete de Cida, mãe de Maurício. O trabalho exemplar da atriz sustenta as ideias do diretor que menos funcionam, e faz com que as ideias que, sim, funcionam, sejam ainda mais apreciadas. M8 - Quando a morte socorre a vida é o resultado do esforço da equipe cinematográfica para que um enredo complexo e, muitas vezes, insustentável, consiga se manter firme pela 1 hora e meia de duração do longa.
Tanto no filme, quanto na realidade ponta-grossense, jovens negros são assassinados, ignorados e esquecidos. Viram figuras sem nome e família, sem história e sem dignidade. A ficção não precisa se esforçar muito para comprovar que imita a vida, por mais fantasmagórica que seja. A paz para uma parcela da brasileira não chega nem no berço, nem no leito.
por: Maria Helena Denck
Serviço:
Filme M8 - Quando a morte socorre a vida (2019), disponível na Netflix (em 2022)
Diretor: Jeferson De
1h24min de duração
Agora, sobe tom da crítica ao Operário?
Foto: Arquivo / Reprodução A Rede!
“Você já deve estar cansado de ler que o Operário Ferroviário tenta se aproximar do G4 da Série B e, na rodada seguinte, ter que ler que o Fantasma tenta se afastar da zona de rebaixamento”.
Foi assim que a reportagem do site de notícias DcMais começou a falar do primeiro jogo do time no mês de julho, contra o Brusque, em Santa Catarina. Após a partida, com mais uma derrota do OFEC (2x0), o portal voltou a pautar má fase do time, lembrando que beira a apatia na Série B.
Nas notícias, o descontentamento é nítido, afirmando que o ‘Fantasma’ tem se conformado com a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. As críticas não vêm somente das redações, mas também dos torcedores. O portal ARede também desaprova a fase atual. ‘’Os jogadores devem honrar a camisa de um time centenário, respeitar a torcida e fazer jus aos salários que recebem”, diz a reportagem, ao destacar a intensificação de protestos pelo público nas arquibancadas do estádio Germano Krüger.
Trabalhar com suposições - “se o Operário vencer, sobe para tal colocação, e se perder, se aproxima do rebaixamento” - parece ignorar que ao mesmo tempo que o time da cidade joga, os outros times também se movimentam, e os resultados, a cada rodada, mudam a classificação.
Ao longo do campeonato, que começou em 8 de abril/22, as notícias dos portais da cidade não foram receptivas com o Fantasma, e as críticas e cobranças aumentam na fase atual do time. Nas rodadas recentes da Série B, inclusive, são raros os momentos em que as notícias de Ponta Grossa destacam o desempenho de algum jogador. Talvez, o problema seja a expectativa exagerada com a sonhada vaga na série A, no início do campeonato, criada pela própria mídia esportiva, desde que o Operário disputa a segunda divisão nacional, em 2019.
Por Isadora Ricardo
Serviço:
Portal de notícias A rede
Portal de notícias DcMais
Pinhão é ingrediente principal de bolo feito por sorveteria de PG
Foto: Leriany Barbosa
Qual seria o resultado se adicionasse o tradicional pinhão como ingrediente principal de um bolo? Desde o inverno de 2017, uma sorveteria de Ponta Grossa aposta no que eles chamam de Max Cake de Pinhão. A combinação do pinhão com doce de leite, sorvete de creme e massa de bolo desperta curiosidade. Ainda mais para quem só está acostumado a consumir o fruto em pratos salgados, como a paçoca de pinhão, o entrevero, pastéis e, até mesmo, coxinhas. Mas será que os ingredientes do bolo combinam? Já adianto que não!
O Max Cake de Pinhão vem servido em um copo de 400 ml e é composto por cobertura de chantilly com raspas de pinhão, duas camadas intercaladas de massa de bolo com doce de leite e também de sorvete de creme. A aparência da sobremesa é apresentável, porém a quantidade de chantilly já te deixa um pouco enjoada. Pois, até chegar de fato no bolo, você já se sente satisfeito. Sobre o principal ingrediente do bolo, que neste caso é o pinhão, em cada colherada passa a impressão de que ele não deveria estar ali.
O doce de leite rouba mais a cena do que o próprio pinhão, por ele não ter um gosto marcante. Não sendo nem doce, muito menos salgado. Conforme você chega na terceira camada do bolo, que neste caso é o sorvete de creme, todos os ingredientes se misturam, o que deixa Max Cake de Pinhão enjoativo. Mas, outro ponto positivo para a sobremesa, além da montagem, é que, por motivos óbvios, o bolo não tem como ser seco. A massa em si é fofa e chega a desmanchar na boca. Porém, fica grudenta se misturada ao doce de leite. A tentativa de criar a sobremesa com um dos principais ingredientes da culinária sulista é interessante. Entretanto, para quem não é fã de coisas tão doces, o bolo pode facilmente ser deixado pela metade.
O Max Cake de Pinhão compõe a categoria “delícias da estação” do cardápio do Mr. Max Sorvetes e Açaís. O casal de ponta-grossenses, Vitor Douglas e Ester Silva, foram os idealizadores da sobremesa. Um dos motivos da criação foi para atraírem clientes até a sorveteria, mesmo durante os dias frios. O bolo de pinhão custa R$ 20,00 e só é vendido no inverno. Devido ao preço, vale mais pegar outro ingrediente do cardápio.
por Leriary Barbosa
Serviço
Mr. Max Sorvetes e Açaís
Endereço: R. Nicolau Kluppel Neto, 1148 - Santa Paula, Ponta Grossa
Horário de funcionamento: Terça à sábado das 12h às 22h; Domingo das 14h às 22h
Fone: (42) 99875-4851
Site: mrmax.grandchef.com.br
Evento musical resgata matrizes culturais do Brasil e a união do popular com o erudito
Foto: Cassiana Tozati
A “Grande Missa Armorial”, do compositor Capiba, é a obra principal do evento que marcou o retorno da parceria entre a Orquestra Sinfônica e o Coro Cidade de Ponta Grossa no Cine Teatro Ópera. Os dois grupos, com o uso de instrumentos e ritmos característicos da música nacional, cumprem a proposta de uma noite de imersão à cultura brasileira, com ênfase na religiosidade, e expressa importantes características da cultura brasileira, relembrando as matrizes e principalmente a dualidade erudito/popular.
Para um evento com a proposta de valorizar as expressões culturais brasileiras, a escolha da obra de Louranço da Fonseca Barbosa, foi ideal. A composição faz tributo aos cantos gregorianos e a disseminação entre indígenas, durante o processo de colonização. Com a estrutura das missas cantadas em latim e estilizada para ritmos brasileiros, a obra reflete a estética nordestina da década de 70, e o Movimento Armorial.
A apresentação convida o público a relembrar um movimento baseado em raízes populares com elementos eruditos a partir da composição de Capiba. É pertinente, também, o ingresso social para o evento, de 1kg de alimento. Em vista da proposta de união entre o clássico e o popular da performance, a entrada que convida todos os públicos para participar de um evento cultural da cidade, com o propósito de doações às entidades sociais, é coerente.
Os conjuntos musicais fizeram performances separadamente, antes da união para apresentar a Grande Missa Armorial. O público confere, assim, como os grupos se expressam individualmente e como funcionam juntos, sem perder a harmonia com a temática de missa e música à moda brasileira.
O evento ocorreu no sábado, dia 9 de julho, e durou cerca de uma hora. “Brasilidades: missa e música à brasileira”, relembra a colonização, a influência europeia, as matrizes indígenas, a religiosidade, e os ritmos nordestinos. A combinação traz a riqueza cultural do Brasil ao público disposto a resgatar a história do país, sem romantizá-la, mas com consciência de que o popular se faz presente no erudito e que a variedade de expressões culturais estão presentes em todos os espaços.
Por Cassiana Tozati
Serviço
Apresentação: Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa e Coro Cidade
Maestro Orquestra: Rafael Rauski
Regente do Coro: Édi Marques
Local: Cine Teatro Ópera
Pouco inteligentes, concurseiros e vestibulandos são os principais usuários das chamadas smart drugs
Foto: Mariana Gonçalves
Se você já estudou para vestibular, concurso ou qualquer outra prova com hiper concorrência, deve ter ouvido falar em “drogas inteligentes”.
Mas, se você não conhece, o Hospital Santa Mônica, na região metropolitana de São Paulo, definiu as smart drugs como “potencializadores da cognição, utilizadas por indivíduos que desejam melhorar o desempenho, concentração e ampliar a capacidade mental para se destacar no trabalho e nos estudos”.
Em uma enquete realizada no perfil do professor e especialista em ENEM e vestibulares, Rodrigo Artuso, que dá aula em cursinhos na cidade, muitos dos alunos afirmaram não conhecer estas drogas. Mas, dos 271 respondentes que afirmaram já tê-la usado em alguma ocasião, 38% marcou a opção “estudos”, 34% “vestibular” e 27% marcou a opção “doença”. Apenas 1% afirmou ter feito o uso destes medicamentos em função de uma melhora cognitiva no trabalho.
Mas, o que leva pessoas saudáveis a recorrer aos remédios recomendados para transtornos específicos, como por exemplo o transtorno de déficit de atenção, hiperatividade e epilepsia? A alta concorrência e o número de candidatos por vaga faz com que muitos concorrentes sintam-se pressionados a estudar cada vez mais. A cobrança por notas altas e a quantidade de matéria acumulada para estudar em alguns cursos também pode ser um dos fatores estimulantes para que estudantes considerem tomar remédios, sem receita, como uma saída para a vida acadêmica.
Os prejuízos à saúde não são poucos. Indivíduos saudáveis, por exemplo, que utilizam as drogas estimulantes correm o risco de desenvolver dependência, além dos sintomas que vão desde ataque cardíaco, pressão baixa, alucinações, ansiedade até a depressão. De acordo com estudos clínicos , o uso da substância é considerada perigosa, e deve ser evitada por aqueles que buscam uma melhoria no quesito estudantil. Boas noites de sono e uma alimentação regrada são, na verdade, uma saída saudável para atingir objetivos acadêmicos sem prejuízos à saúde.
A prática de exercícios físicos também pode ser considerada uma saída, pois auxilia no combate à ansiedade, estimulando o organismo a produzir e liberar neurotransmissores como a endorfina, serotonina e a noradrenalina, responsáveis por gerar a sensação de bem-estar, aliviando a depressão e normalizando os níveis de ansiedade. É importante evitar a automedicação, e que jovens ou adultos que sofrem com pressões de concursos e vestibulares encontrem alternativas saudáveis para manter a vida acadêmica, o corpo e a mente também saudáveis.
por Mariana Gonçalves
Serviço
Atendimento Público em Ponta Grossa:
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)