Crítica de Ponta
Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura de Ponta Grossa para você!
A noite de um crime que nunca acabou
Três décadas após o assassinato, documentário da morte de Daniella Perez discute crime contra mulher
A noite que nunca acabou; os assassinos; mãe investigadora; de onde vieram e justiça. Estes são os temas dos episódios de “Pacto Brutal: O assassinato de Daniella Perez”. O documentário da plataforma HBO Max narra o crime e toda investigação de um dos casos de feminicídio que mais movimentou a mídia e a política no país.
Após quase 30 anos do ocorrido, os episódios revisam o caso de uma forma diferente da compartilhada no ano do assassinato, dando voz à família, amigos e profissionais de direito relacionados. O roteiro de Guto Barra dá o protagonismo de fala a Glória Perez, mãe e principal investigadora do ocorrido.
Créditos: HBOMAX/Reprodução
O terceiro capítulo, em especial, exibe como a luta de conscientização pelo fim da violência contra a mulher e feminicídio, pauta da campanha do mês de agosto, marcou a lei brasileira. Movida pela dor do luto e a indignação do crime, a mãe de Daniella moveu o país com abaixos assinados para incluir homicídio qualificado na Lei dos Crimes Hediondos. O episódio mostra como Glória, junto com outras mães afetadas pela impunidade de assassinos, conseguiu 1,3 milhões de assinaturas para alterar a lei, fazendo com que a partir daquele momento casos similares ao de sua filha permitam a prisão imediata e não admita pagamento de fiança.
Os episódios seguintes mostram o desfecho do julgamento após quatro anos, o último capítulo “justiça?” deixa, desde o título, o questionamento direto aos telespectadores se de fato a lei se cumpriu para os assassinos, transformados em estrelas pela mídia. Além disso, outras questões são levantadas, como o sensacionalismo, um crime frio por machismo, inveja e ciúmes e a impunidade por trás dos holofotes.
Por Victória Sellares
Serviço:
Disponível na HBO MAX
Yeti Tropical tem força no nome e na música
O primeiro EP da banda traz influências do rock psicodélico unido à música brasileira
A música instrumental alcança cada vez mais notoriedade na cena musical de Ponta Grossa. Hoje, é comum encontrar pessoas que citam bandas instrumentais como grandes nomes da música da cidade. Apesar de não cair no gosto de todo mundo, por conta da falta de palavras, a música instrumental tem muita riqueza, e, quando se sai do senso comum de falar somente sobre essa falta de letras, é possível encontrar uma produção forte e qualificada.
O primeiro EP da banda Yeti Tropical foi lançado no primeiro dia de maio deste ano e conta com cinco músicas. O título é o próprio nome do grupo e os nomes das canções fazem referência à tecnologia, como “Automatron”, e aos animais, como “Doguin Caramelo”. É possível identificar os elementos que fazem parte da premissa da banda, como o rock psicodélico e progressivo. Faixas como a primeira do EP, “Escaravelho”, retomam elementos da música brasileira, como a parte do movimento da Tropicália que também se baseava na psicodelia e no som ardido do rock.
Créditos: Divulgação Yeti Tropical
O trio foi formado em 2019 e é composto por Augusto Aguieiras (baixista), Henrique Russo (guitarrista) e Vinícius Piralinda (baterista). A cumplicidade dos membros é demonstrada musicalmente pela capacidade de fazer com que nenhum instrumento atropele o outro, dando o destaque necessário para cada uma das sonoridades que são responsáveis pela composição de uma música, o que faz com que as músicas que fazem parte do EP sejam uma experiência completa.
O EP demonstra a grande capacidade da cena instrumental na cidade, abrindo espaço para novas inspirações e fazendo, também, com que o trio se junte àqueles grupos já conhecidos pelos apaixonados por música em Ponta Grossa. Yeti Tropical tem muito a dizer, e consegue fazer isso sem nenhuma palavra.
Por Maria Helena Denck
Serviço:
Banda: Yeti Tropical
Início: 2019
EP: “Yeti Tropical”, de 2022
Disponível em todas as plataformas de streaming
Artesanato em palha materializa a identidade de PG
Artesãs utilizam referências não paranaenses para popularizar a arte, sem excluir valor regional
A transformação da palha em arte é o processo que define o artesanato que usa o resíduo agrícola do milho como matéria-prima. A relevância do trabalho manual para Ponta Grossa fez com que o artesanato em palha fosse tombado como bem imaterial, apesar das obras não expressarem elementos típicos paranaenses.
Três mulheres ponta-grossenses assumem, hoje, o trabalho de materializar a memória e cultura da cidade na representação de personagens, lugares, elementos da flora e fauna da região. Odete de Paula, Vanderli Santos e Maria Eugênia Zuraski não se restringem, porém, a elementos históricos e geográficos na produção, utilizando de referências populares. O personagem do folclore Saci, espantalhos, gralha azul, Nossa Senhora e o personagem hollywoodiano Indiana Jones são algumas das criações.
A necessidade das artistas de recorrer a personalidades externas ao Paraná é um indício da falta de valorização de elementos regionais pela população, comportamento comum no Brasil. A utilização de tais referências atribui maior capacidade de atração ao material, por recorrer a uma memória mais frequente à população, promovida pela mídia.
Foto: Cassiana Tozati
O movimento de buscar personalidades amplamente reconhecidas é útil para divulgar o artesanato em palha, e não faz com que o mesmo perca a característica de representar a regionalidade. O Paraná é um dos Estados com maior produção de milho, o que faz da palha um material atrelado a aspectos regionais. Outro exemplo é uma coruja, que apesar de não ser um animal típico paranaense, com o rosto feito de palha e o corpo de pinha, ela se torna uma obra de arte composta por elementos sulistas, materializando uma cultura regional.
O artesanato em palha foi, pela maioria dos votos, tombado como patrimônio imaterial na primeira Sessão de Salvaguarda de bens imateriais em Ponta Grossa. A ação fez parte da Semana do Patrimônio Cultural, organizada pela Prefeitura, e o compromisso que advém dela é de eternizar, de forma simbólica, a produção da expressão artística atrelada à cultura e identidade da cidade.
Por Cassiana Tozati
Serviço:
O que é um bem imaterial de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional (Iphan): http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234
Programação da Semana do Patrimônio Cultural: https://cultura.pontagrossa.pr.gov.br/category/patrimonio-cultural/
Sem lanchonete, UEPG restringe opções aos Estudantes
Após o retorno das aulas presencial, a Universidade não concederá mais o espaço da lanchonete
Os dois campi da Universidade Estadual de Ponta Grossa encontram-se sem lanchonete própria. A situação gera reclamações de estudantes, que precisam optar por alternativas fora da universidade, muitas vezes com preços não acessíveis e alimentos não saudáveis.
No Campus de Uvaranas, quem frequenta o local precisa se deslocar para fora da instituição para acessar algum bar ou lanchonete. Com a extensão do Campus de Uvaranas, é praticamente impossível utilizar intervalos de aulas para a alimentação, assim como se torna difícil armazenar comida trazida de casa, devido ao longo período de permanência na universidade.
Os dois campus contam com a opção do Restaurante Universitário, popularmente conhecido por RU, que oferece refeições de almoço e jantar. Contudo, a UEPG tem inúmeros cursos com funcionamento integral, em que os alunos precisam passar mais de um turno no local. A situação explicita a necessidade de uma lanchonete na universidade. A alternativa aos estudantes é trazer alimento de casa ou optar pelas refeições em ambientes mais caros.
Após o retorno das atividades presenciais a UEPG central não concederá mais o espaço para lanchonete, atualmente o lugar foi disponibilizado ao curso de turismo.
As opções próximas ao campus central são fast-foods e padarias, o que nem sempre garante uma alimentação saudável aos estudantes. A necessidade de uma lanchonete em ambos os campi da UEPG mostra-se urgente para melhorar o convívio tanto dos estudantes quanto de professores e funcionários da instituição.
Por Bettina Guarienti
Serviço:
RU Campus Central: Almoço das 11h às 12h30 e Jantar das 17h45 às 18h30
RU Campus Uvaranas: Almoço das 11h às 13h e Jantar das 17h45 às 18h30
No século XXI, jovens assistem e vestem moda dos anos 1980/90
Cinema e moda revivem a cultura de décadas passadas
Seja através do cenário, edição, enredo ou vestuário, é inegável que a estética de anos passados continua cada vez mais presente. O chamado estilo vintage ou retrô conquista o gosto das novas gerações, principalmente entre jovens de 13 a 25 anos.
No cinema, em 2022, pode-se observar o retorno de aclamados títulos, como Top Gun e Dragon Ball. Mas não é somente a volta de produções que sustentam o estilo de vida dos anos 1980 e 90, versões atualizadas no cinema também fazem sucesso, como Stranger Things, que passa em 1983, trazem várias referências nos cenários e vestuários.
Na moda a história não é diferente, pois algumas peças que marcaram as décadas anteriores estão em alta tanto nas passarelas quanto nas ruas. Wide legs, mangas bufantes, jaquetas de couro e ombreiras tornaram-se cada vez mais comuns no vestuário, especialmente feminino.
No estilo popular, os anos 1980, que antes era chamado por muitos de “época brega” por causa das cores e cortes, e até pareciam já esquecidos, ressurgem com a virada do milênio em versão atualizada e cobertos de saudade. Não é a primeira vez que o estilo cultural de uma década é revivido em outra, a diferença é o quanto, agora, está durando a temporada. Normalmente, a nostalgia ocorre, mas, depois de um curto
tempo, dá lugar a outro período. Em 2022, ao menos aparentemente, a retomada demonstra um tempo superior à média que dá o tom da moda, hábitos e consumo.
Por Victória Sellares