CRÍTICA DE PONTA
 
 
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Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura de Ponta Grossa para você! 

Crédito: Heryvelton Martins

 

Uma das ruas mais antigas da cidade evidência a realidade social e a distribuição habitacional de Ponta Grossa

 

Em 999 metros, a Rua XV de Novembro escancara a disparidade da realidade social, política e econômica de Ponta Grossa. A Quinze é uma das mais antigas ruas da cidade. Tem como referência a proximidade com a Catedral e entre suas extremidades apresenta grande contraste nos comportamentos das pessoas, na disposição dos imóveis e até do cuidado público.

A rua tem sentido único em quase toda a extensão. O único ponto em que é permitido a ida e vinda de veículos é no começo, na primeira quadra. Este local é a parte mais pobre do quase um quilômetro da rua. Casas mais simples, pessoas mais humildes, condições precárias da própria via por conta de questões humanas e do relevo. Por ser um local baixo, a água das chuvas escorre até chegar nessas casas e traz consigo o lixo descartado incorretamente na parte mais alta da rua. Além do lixo, as consequências naturais que cada chuva provoca colocam os moradores da região em risco, já que deslizamentos de terra podem acontecer. Não há asfalto, o que se tem são paralelepípedos antigos, há tempo sem manutenção, e nas calçadas, construídas pelos próprios moradores, é mais difícil caminhar.

Seguindo em direção ao topo da rua, o que se vê é um  enorme contraste ao se comparar com o início da rua. O padrão das casas e pequenos prédios já mostra que ali vivem famílias de classe média, não só as casas são diferentes mas também o próprio cuidado com as calçadas, neste ponto há asfalto, ainda que de qualidade questionável, e o próprio relevo fica menos acentuado.

Um pouco mais próximo ao “centro da XV”, já se começa a enxergar desde estabelecimentos comerciais até a delegacia da mulher. A partir deste ponto, a XV abriga mais empregos do que propriamente pessoas.

Ao atravessar as ruas Balduíno Taques, Dr. Paula Xavier e Coronel Dulcídio, cortadas pela Quinze, chega-se ao “centro” da rua. O que se observa são comércios de pequeno, médio e grande porte. A maior parte deles são advocacias e imobiliárias, mas também se destacam as rádios e os estabelecimentos gastronômicos. Neste ponto da XV a movimentação de pessoas não é uma movimentação de moradores do lugar ou de ruas próximas, embora o local tenha prédios residenciais. A maioria dos sujeitos que andam por ali estão no local por questões comerciais, de trabalho, jurídicas e de cultura. O relevo propiciou que ali fosse o principal ponto da rua. Para as emissoras de rádio o lugar alto propicia maior propagação do sinal. A rua é mais plana, com asfalto de boa qualidade e calçadas mais largas.

Depois de passar pelo Museu dos Campos Gerais, tem-se o início da descida que leva até o fim da rua. Neste intervalo de espaço há imóveis abandonados, prédios para habitação e hotéis, um deles já hospedou até Getúlio Vargas. Aqui, quem caminha nas calçadas está apenas transitando por questão de ser o caminho para algum destino, diferente da parte alta da Quinze em que as pessoas frequentam os locais, no final da rua não se nota isso. Quem transita ali está somente no seu trajeto para algum ponto do centro da cidade.

A Quinze acaba na Rua Benjamin Constant, próxima à Maria Fumaça e a antiga Casa da Memória. O final, embora superficialmente seja mais belo que o início da rua, sofre do mesmo mal: a falta do cuidado público, o abandono.

Por: Kadu Mendes

 

 

 

Crédito: Heryvelton Martins

 

Com grandes investimentos na parte alta, a rua XV tem vários lugares que não recebem melhorias

 

Para quem conhece a Rua XV, na região central da cidade, sabe que ela recebe muito investimento da Prefeitura de Ponta Grossa, tendo diversas melhorias que deixam o espaço muito bacana para se divertir, principalmente à noite, quando os quiosques e bares abrem. Mas ao se deslocar alguns metros na Rua XV, adentrando a uma região mais popular que fica por ali, alguns problemas começam a aparecer.

Logo na descida da Rua XV, após a Visconde de Nacar, a qualidade do asfalto já começa a desaparecer, bem como o cuidado todo especial com a região alta da Rua XV. Ao olhar em volta, os bares dão lugar a um matagal e terrenos baldios, estes que parecem não preocupar tanto a administração municipal. A situação fica ainda pior quando chove, isso porque todas as bocas de lobo, que ajudam a manter a região alta da via bonita e elegante, escorrem para lá, onde a lama toma conta.

Já em direção a região central da cidade, passando pela Rua Benjamin Constant, encontramos outro problema, uma casinha com estilo eclético que parece estar abandonada. Está já foi espaço conhecido e famoso na cidade por ser ponto de encontro de quem chegava de trem na cidade, mas hoje faz jus ao nome “Casa da Memória”, porque toda essa história fica apenas na memória de quem viu o lugar agitado e funcional, ao menos como um museu, algo que a Prefeitura havia prometido.

Enquanto a Rua XV recebe investimentos recorrentes, parece que seu entorno não está nos holofotes dos pontagrossenses, fazendo com que esses espaços sejam esquecidos a cada dia e fiquem de lado nas políticas públicas.

Por: Heryvelton Martins

 

 

Crédito: Heryvelton Martins

 

A rua XV de Novembro oferece opções gastronômicas para o dia e noite 

 

O trecho da Rua XV de Novembro que vai da esquina com a Sete de Setembro até a Augusto Ribas é, há muito tempo, um polo político e econômico em Ponta Grossa. Nela estão concentrados diversos tipos de serviços, desde escritórios de advogados, imobiliárias até serviços cartorários. E é óbvio que não poderiam faltar opções gastronômicas, seja para um cafezinho, um lanche rápido, uma refeição completa ou um happy hour no final do dia.

O Pops Café é, ao menos desde a década de 1980, o ponto de encontro para um cafezinho. Localizado ao lado do Cine Teatro Opera, oferece diferentes opções de café e alguns salgados para acompanhar. Em pé, ao lado do balcão, os frequentadores discutem assuntos que afetam a vida da cidade ou do país.

Mais ou menos com a mesma idade, a Pani Lanches é a opção para um lanche rápido. Localizado defronte à Rádio Clube, oferece desde a tradicional coxinha, a sanduíches, acompanhados de refrigerantes, sucos ou café. O local oferece algumas mesas e também reúne pessoas que discutem assuntos da cidade.

Para refeições completas, na esquina com a Engenheiro Schamber, está o Rafinato Bar e Restaurante. Baners com fotos de pratos já indicam ao público o que encontrar. Carneiro na Pedra, Alcatra à Parmegiana e outros pratos fazem parte do cardápio. Nas quintas-feiras é oferecido um rodízio de frutos do mar, que é muito bem conceituado. O Rafinato abre para almoço e jantar.

No final do dia, a Rua XV também oferece opções de bares para um happy hour ou para um encontro com os amigos. O mais tradicional é o Botequim Original, na esquina com a Augusto Ribas. O local oferece diferentes petiscos de boteco, sanduíches, chope, e em dias de jogos de futebol, telão para acompanhar a partida. 

Outra opção é o Quintal da Quinze, entre as ruas Augusto Ribas e a Santana. O local abre de quarta a domingo e oferece mesas ao ar livre. Entre as atrações estão a gastronomia e shows de música ao vivo, que vão do sertanejo ao pagode.

A Cachaçaria Engenho 227 é o ponto de encontro para quem gosta da mais nacional das bebidas: a cachaça. São mais de setenta rótulos, de variadas procedências. Lá, tanto é possível degustar a cachaça, quanto comprar o produto para consumo próprio ou presente. A cachaçaria também oferece cervejas, chope e gastronomia de boteco.

A Rua XV de Novembro oferece opções gastronômicas para dia e noite. Descobrir cada uma delas é a oportunidade de conhecer um mundo diferente no Centro de Ponta Grossa.

Por: Eder Carlos

 


 

Crédito: Kathleen Schenberger

 

Através dos anos,  a rua XV de Novembro foi palco de histórias, risos e lágrimas com o teatro mais badalado da cidade

 

A história do Ópera não está somente nas performances dos artistas quando saem das coxias, mas também está na memória de Ponta Grossa. Essa localidade proporcionou encontros e diversão através dos anos. Antes do Cine-Teatro Ópera nascer, o local acomodava o famoso Clube Campos Gerais que funcionou até um incêndio em 1945. Após a reconstrução do espaço, o Teatro Éden tomou forma e marcou  a época de ouro do cinema na cidade. 

Localizado na esquina da rua XV de Novembro com a Augusto Ribas, o edifício marca a arquitetura da cidade com seu estilo em art-decô. O teatro foi inaugurado em homenagem ao aniversário de Ponta Grossa no dia 15 de setembro de 1950. Entre os relatos, afirma-se que a primeira sessão cinematográfica exibida no local foi a produção brasileira “Carnaval em Fogo”, do diretor Watson Macedo. A partir de 2002, o local perdeu o caráter cinematográfico, passou a se concentrar em peças teatrais e apresentações culturais. 

O lugar apresenta uma estrutura com três salas. O auditório principal, o palco médio e o palco pequeno. O edifício é referência na cidade e apresenta as principais peças do ano, inclusive é neste teatro que a maior parte da mostra do Festival de Teatro Nacional, Fenata, acontece. Apesar da marca na história local, a centralidade das produções  se ressalta como fator que dificulta o acesso da população ao cenário cultural da cidade. 

Apesar dos incentivos na cidade para fomentar a cultura, há uma escassez de performances teatrais e quando elas acontecem é comum que sejam na região central. O Cine-teatro Ópera é um local que abarca diversas apresentações como concertos, danças e  teatro.  Por exemplo, este ano o teatro foi palco de 27 espetáculos até metade de setembro. Porém, dessas apresentações, poucas eram teatrais.  Isso retrata um  cenário teatral que precisa se estruturar mais e oferecer mais espetáculos durante o todo o ano,  não depender apenas do FENATA. Além de  possibilitar acesso às peças teatrais  para várias regiões da cidade e democratizar a cultura local. 

Por: Kathleen Schenberger

 

 

Crédito: @museucamposgerais

 

Rua XV foi palco de cinemas como o Renascença, Império e Ópera

 

A memória da rua XV de novembro é marcada por cinemas, seja pela queda daqueles que surgiram e desapareceram como o Cine Império, ou dos que adquiriram novos significados ao longo do tempo, como o Cine Renascença. Independente de qual seja sua história, a importância do cinema para a cultura audiovisual é inegável. 

O recente Cineclube Espoletta, do Museu Campos Gerais, é um dos poucos que resistem na rua XV. Criado em 2022, o cine é uma extensão da iniciativa feita no Museu Guido Viaro de Curitiba, pelo cineasta Beto Carminatti. 

A principal função de um Cineclube é fomentar o pensamento crítico, fazendo com que o público crie uma maior intimidade com o trabalho de cineastas da região. O cinema do Museu Campos Gerais cumpre um importante papel dentro da manutenção da agenda cultural da cidade, aproximar a população das produções locais, aumentando a valorização do cinema na cidade e transformando a maneira com que o formato audiovisual é enxergado.

A exibição do filme “Marighella” demonstrou um grande engajamento do público com o cineclube. Um ponto positivo para a iniciativa é a familiaridade com os indivíduos que já frequentavam o museu, tendo assim uma parcela de pessoas já consolidada nas exibições. 

Uma ressalva precisa ser feita com relação à dinâmica estrutural das exibições, pois as poltronas oferecidas dentro da sala do Museu, apesar de agregarem grande valor histórico e colaborarem para uma maior inserção do público na preservação dos artefatos, dificultam o conforto para prestigiar os eventos. 

O cineclube Espoletta se encontra dentro do Museu Campos Gerais, no auditório Brasil Pinheiro Machado e é aberto ao público de forma gratuita. As sessões de exibição são divulgadas através do instagram @museucamposgerais.

Por: Valéria Laroca

Ficha técnica: 

Apresentação: Lucas Ribeiro

Edição: Catharina Iavorski

Publicação: Catharina Iavorski

Supervisão de produção: Felipe Pontes

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira, Marcelo Bronosky e Ricardo Tesseroli