CRÍTICA DE PONTA
Produzido pelos alunos do terceiro ano do curso de Jornalismo da UEPG, o Crítica de Ponta traz o melhor da cultura de Ponta Grossa para você!
Ele subiu, mas vai acabar voltando
Crédito: Raylane Martins
Documentário mostra os momentos de glória do Operário, mas as conquistas não duram por muito tempo
O documentário “O Operário subiu: E Depois?” produzido em 2020 pela estudante Raylane Martins como Trabalho de Conclusão de Curso retrata a trajetória do time de Vila Oficinas que conquistou em 2018 o título de campeão brasileiro da série C.
O média-metragem apresenta, durante 23 minutos, relatos de torcedores, ex-prefeitos, jornalistas, gestor do clube e o reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, tudo o que aconteceu durante a busca pelo título.
Por conta da ascensão do Operário Ferroviário no campeonato, Ponta Grossa recebeu novos investimentos financeiros ao esporte, presenciou um maior movimento na rede hoteleira, aumentou o serviço para empresas terceirizadas que tinham parceria com o clube e o time garantiu também a construção de um Centro de Treinamento dentro do Campus da UEPG. Porém, o documentário não aborda a questão principal trazida no próprio título: o que aconteceu com o Operário depois? Essa lacuna do documentário, o OFEC preenche em 2022. Agora, a situação do time no Campeonato Brasileiro da Série B é delicada. Até 17 de outubro, o time tinha 15 derrotas, 13 empates e apenas 7 vitórias, está na zona de rebaixamento, com pouquíssimas chances de evitar a queda para a série C.
Na partida do dia 4 de outubro contra o Vasco, o time de Vila Oficinas deu mais um passo rumo ao rebaixamento ao ser derrotado de virada por 3 a 2 na casa do Fantasma. Com declaração enfática do técnico da equipe, Matheus Costa, ao dizer “nós somos um time frouxo”, por não conseguir segurar o resultado do jogo até o último apito do árbitro, o Operário revela estar em um momento de crise.
Essa declaração pública não é o que as pessoas que participaram do documentário esperavam ouvir. Para elas, a expectativa que se tinha para o futuro do Operário era continuar crescendo no futebol nacional e comemorar muitos títulos, mas a realidade que o torcedor vê é uma equipe com baixo rendimento, que não sustenta resultado até o final do jogo e acaba perdendo nos minutos finais. Então, esse é o momento “Depois” do Operário Ferroviário. Ele subiu, mas vai acabar voltando.
Porém, se você é torcedor do Fantasma e quer reviver os momentos de glória do seu time, basta procurar no Youtube por: “Documentário: O Operário SUBIU! E depois?” ou acessar o QR Code que está aparecendo aqui na tela e conferir a produção observacional da Raylane Martins.
Por Maria Eduarda Ribeiro
A democracia é livre, o Passe não
Crédito: Ana Luiza Bertelli Dimbarre
Votar em Ponta Grossa foi mais caro que outras cidades do Paraná
Em Ponta Grossa, mais de 250 mil pessoas foram às urnas no dia 02 de outubro eleger os novos representantes estaduais e federais que assumem seus respectivos cargos em janeiro de 2023. A cidade, que é a quarta maior do Paraná em número de pessoas votantes, teve um total de 18,06% de abstenção dos votos, o que representa que cerca de 45 mil pessoas deixaram de votar. Nacionalmente, a média ficou em 21%.
Essa ida às seções eleitorais pode ter se tornado cara para alguns cidadãos do município, uma vez que a cidade não aderiu ao ‘Passe Livre’. Em diversas cidades do país, é comum que no dia das eleições não sejam cobrados os valores das passagens de ida e volta, estimulando a população a votar. Porém, em Ponta Grossa, o valor foi cobrado normalmente. Cada passagem custa R$5,50, então o valor total para quem precisou utilizar do transporte coletivo em pleno domingo, foi de R$11. Custo maior do que a multa, que varia de R$1,05 a R$3,51, para aqueles que se abstiveram da votação e não justificaram.
A prefeitura informou que não houve gratuidade ou cobrança diferenciada neste dia, uma vez que não há previsão dessa prática na legislação municipal vigente. A capital Curitiba e cidades como Maringá e Cascavel, que apresentam o mesmo porte de Ponta Grossa, adotaram o Passe nas eleições. Uma vez que entende-se que a prática do Passe Livre nas cidades brasileiras é um esforço do poder executivo, visto o voto ser obrigatório, para fazer com que o direito e o dever da votação sejam cumpridos por todos, independente de sua condição econômica e social.
Em um período eleitoral tão polarizado como o que estamos presenciando em 2022, todo e qualquer voto importa. Dificultar o acesso à votação, é dificultar o exercício da democracia em nosso país. Ainda que não seja uma prática prevista em Lei, o Passe Livre atende um direito das pessoas irem votar.
Por Ana Luiza Bertelli Dimbarre
Mídias locais pautam eleições de 2022
Crédito: Projeto ELOS
A cobertura esteve presente nas rádios, portais online e redes sociais
Nesse mês de outubro ocorreram as eleições para eleger deputados e deputadas estaduais e federais, senadores e senadoras, governador, além de presidente. Por se tratar de um evento de relevância nacional e por representar a democracia no país, os veículos de jornalismo local se dedicaram a cobrir as eleições.
Foi possível perceber como os portais online focaram em trazer informações de serviço que orientassem a população de como votar e o que levar para a votação. Além disso, durante o dia, os veículos acompanharam os colégios eleitorais e os principais candidatos de Ponta Grossa e do Paraná indo até o seu local de votação.
Entretanto, quando o assunto era fora da região, os veículos apenas republicaram matérias de agências, como a Agência Brasil. Além das matérias nos sites, foi perceptível a dedicação em produzir conteúdos para as redes sociais, como a Rádio CBN de Ponta Grossa fez, onde durante todo o dia o instagram foi alimentado com informações de âmbito regional e nacional.
Ainda em relação às redes sociais, o próprio curso de jornalismo da UEPG realizou essa cobertura pelas redes, onde uma parte do material produzido sobre as eleições foi para a Rádio Princesa e uma parte do conteúdo foi para as mídias sociais dos projetos de extensão, como o instagram do projeto Elos e o twitter do Cultura Plural.
Crédito: Cultura Plural
Também foi possível notar que quando traziam matérias do Paraná, havia uma limitação em falar dos crimes eleitorais, como compra de votos e boca de urna, e a votação dos políticos.
Por fim, os portais estavam focados em informar a população do resultado das eleições, trazendo informações sobre quem de Ponta Grossa e do Paraná conseguiram um cargo eleitoral. E para o resultado em tempo real, os portais utilizaram das lives no facebook ou a rádio do próprio portal, para que a população obtivesse o resultado em primeira mão.
Por Catharina Iavorski
Jogos de dança são ótimas oportunidades para fugir do sedentarismo
Crédito: Karen Stinsky (Arquivo Lente Quente)
Jogos de movimento se popularizam entre usuários e se tornam atração em eventos de tecnologia
A edição do Brasil Games Show (BGS), um dos maiores eventos de jogos do Brasil, ocorreu entre os dias 8 e 12 em São Paulo, também transmitido através do canal oficial no YouTube. Diante de mais um evento de grande porte como esse, os jogos de movimento, ao exemplo de ‘Just Dance’, têm cada vez mais espaço nas prateleiras de quem ama jogar videogame.
Um jogo simples com uma dinâmica ainda mais simples: imitar os passos de dança que aparecem na tela e fazer pontos, mas isso pode ser levado a um nível ainda maior quando pensamos no sedentarismo. O jogo Just Dance estava disponível em diversos estandes da BGS, como da Playstation e Nintendo, e agitava a todos que passavam por ali. Não importava a idade, todos eram contagiados pelo espírito da dança, algo que a Ubisoft, produtora do jogo, consegue fazer muito bem.
Crédito: Divulgação
Os jogos de movimento tiveram um significado ainda maior no período da quarentena e pandemia, onde a sala de jogos se tornou escritório, sala de jantar e academia. Mesmo com as flexibilizações da pandemia, esses games ainda estão em destaque, a própria Ubisoft informou em seu relatório para os investidores, que o ‘Just Dance’ teve 52% de aumento das vendas nos últimos seis meses. Para os especialistas da Escola de Medicina de Harvard, conforme artigo publicado no site da instituição, o jogo de dança tem um benefício incrível para quem quer emagrecer e ainda tem o chamariz da diversão.
Por Heryvelton Martins
A história de Ponta Grossa sem sair de casa
Crédito: Museu Cenas
Museu Cenas é um projeto que conta com fotografias de acervo colaborativo
Com o surgimento da pandemia, o mundo modificou a forma como consumimos cultura. Um grande exemplo disso são os chamados museus virtuais, que nos levam a lugares distantes através da tela de um celular ou computador.
Em Ponta Grossa, o Museu Cenas segue a tendência do mundo, sendo totalmente virtual e gratuito. O projeto foi criado em 2021 pela ABC Projetos Culturais em parceria com a Estratégia Projetos Criativos a partir do incentivo PROMIFIC, da Fundação Municipal de Cultura, com o intuito de promover exposições em comemoração aos 200 anos da cidade. A principal proposta do museu é criar exposições com fotografias de acervo digitalizadas sobre Ponta Grossa em outras épocas e resgatar a memória de patrimônios históricos.
O processo de curadoria das fotografias resgatadas possui uma ótima resolução, o que colabora para uma maior imersão no antigo universo ponta-grossense. Além disso, a iniciativa é uma ótima maneira da população da cidade conhecer sua história.
Um comentário precisa ser feito com relação ao layout da página de exposições, pois parte do início ou do fim das fotografias são cortadas no momento em que é necessário passar para a próxima foto. Além disso, o texto que segue anexo à exposição oferece um panorama geral do período histórico registrado. Entretanto, valeria uma maior explicação a respeito da origem de cada foto e o lugar retratado, a fim de ajudar o visitante do site.
Para aqueles que não são moradores do município, ou que chegaram há pouco tempo, o Museu Cenas serve como um guia cultural para explorar importantes marcos da cidade e ao mesmo tempo funciona como um processo de imersão na memória local.
Crédito: Museu Cenas
As 8 exposições produzidas pelo Museu Cenas, incluem temas como desfiles cívicos, cinemas de rua, os patrimônios históricos da cidade e estão disponíveis no site museucenas.com.br.
Por Valéria Larocca
Classe e gênero nos relatos de Annie Ernaux
Crédito: Capa do livro ”O Lugar” / Reprodução
“O Lugar”, um dos livros da vencedora do Nobel de Literatura, explica a evolução da sociedade francesa por meio de relatos pessoais
O prêmio Nobel de Literatura de 2022 foi concedido à escritora francesa Annie Ernaux. É a 17ª vez que uma mulher recebe a premiação entre os 119 laureados, mas é a primeira vez que uma mulher da França ganha o Nobel.
Com 82 anos, Ernaux tem dezenas de livros publicados na França e são considerados clássicos modernos. Ela é conhecida pelos romances de auto-ficção que tratam de classe e gênero com base na própria experiência de vida. Inclusive, Ernaux é considerada revolucionária da auto-ficção, o termo, dentro da crítica literária, remete a um formato de autobiografia fictícia.
Após a apreciação de um dos primeiros livros da escritora, “O Lugar” de 1983, observa-se que Ernaux pôs no livro uma escrita detalhada. Uma leitura simples, de fácil assimilação e que comove. Somente na França foram vendidos quase 1 milhão de exemplares da obra “O Lugar” que foi traduzida em 29 idiomas. A versão em português é da tradutora literária Marília Garcia, tem 72 páginas e foi publicada pela editora Fósforo.
O enredo conta a história da relação entre Annie Ernaux e o pai. Logo de começo já é citada a morte dele, fato que motivou Annie a escrever o livro. A autora desenvolve a narrativa que evidencia as diferenças entre ela e o pai. Enquanto ele era um homem que saiu do trabalho no campo para ser operário e depois foi dono de uma mercearia, ela se torna uma intelectual com estabilidade financeira.
Percebe-se o drama de Ernaux para buscar entender e aprender sobre seu pai e assim assimilar as diferenças entre eles. Tais diferenças são de caráter de classe, gênero e geração, e são apresentadas em forma de cenas. Isso ajuda a mostrar como a relação de pai e filha muda com o passar dos anos.
Ela conta desde a época de infância quando morava junto aos pais, até a vida adulta quando se muda e posteriormente encontra os pais quando os visita na antiga casa, tendo um contato mais espaçado o que dá novas faces à relação entre eles.
Contando a própria história, Ernaux aborda a mudança dos tempos na França, a evolução da sociedade e destaca como a França deixou de ser um país agrário para se industrializar e como, a partir disso, se criaram novas classes na nação. Com isso se pode pensar que a autora quer destacar que o caso da sua relação com o pai não é um fato isolado e sim apenas mais um exemplo do que aconteceu com várias famílias francesas.
É possível encontrar o livro “O Lugar” nas prateleiras das livrarias de todo o Brasil e o preço é de aproximadamente 50 reais. A leitura do livro “O Lugar'', além de apresentar uma história comovente entre pai e filha, é uma ótima recomendação para compreender o contexto social da França.
Por Kadu Mendes
Ficha técnica:
Apresentação: Kathleen Schenberger
Edição: Lucas Ribeiro
Publicação: Kathleen Schenberger
Supervisão de produção: Felipe Pontes
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira, Marcelo Bronosky e Ricardo Tesseroli