Tropeço não precisa de cenário complexo ou elenco para alcançar público de todas as idades

O SESC Estação Saudade foi um dos locais de Ponta Grossa que sediou mostras do 50° Festival Nacional de Teatro, o Fenata. No último dia do evento, a peça que levou as pessoas até o prédio foi Tropeço, do grupo de teatro Tato Criação Cênica, de Curitiba.

Tropeço é uma composição teatral de 45 minutos, encenada pelas mãos de dois atores e roteiro composto apenas por onomatopeias. Mesmo sem uma linguagem evidente, o enredo pode ser compreendido por todo o público, um dos elementos que justifica a classificação livre do espetáculo. A peça utiliza como cenário uma bancada, enquanto os atores se vestem de preto para dar ênfase aos personagens principais - as próprias mãos. Para auxiliar no foco da audiência, a peça é feita em um ambiente fechado e escuro, iluminado por velas.

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Katiane Negrão e Dico Ferreira dão vida aos personagens. Foto: Maria Luiza Pontaldi

A narrativa é de um casal de idosos e sua vida cotidiana. Os diálogos e discussões dos personagens são fáceis de entender mesmo por onomatopeias, já que os pequenos gestos e palavras são comuns do convívio familiar, ato que arrancou risadas do público de todas as idades. Além disso, os atores garantem uma maior interação com a audiência prestando atenção aos sons e reações fora do roteiro da peça para improvisarem a incorporação no espetáculo. A história do casal principal é cômica e trágica, pois ao fim descobre-se que era apenas montada por lembranças do personagem após o falecimento de sua esposa.

Para uma peça que não conta com cenário complexo ou muitos personagens, o espaço do SESC Estação Saudade serviu o seu propósito. Porém, sendo um local fechado, atingiu a lotação máxima e teve de deixar algumas pessoas na fila do lado de fora das portas, impedindo que aproveitassem o Fenata. Quem entrou, porém, notou certo desconforto. A iluminação pelas velas, apesar de importante para a peça, já haviam queimado grande parte do oxigênio do local ao fim dos 45 minutos. A abertura das portas quebrou a ambiência, mas foi um alívio para o público.

Tropeço foi a penúltima apresentação da Mostra de Convidados do 50° Fenata. O espetáculo provou que não é preciso muito para se fazer teatro. Com as próprias mãos e poucos objetos, é possível criar um verdadeiro espetáculo.

Serviço:

Tropeço, peça teatral convidada do 50° Fenata.

SESC Estação Saudade, às 15h do dia 13/11/2022

Duração: 45 minutos

Criação e atuação de Katiane Negrão e Dico Ferreira

Direção e produção de Fernando Meira