Projetos atendem comunidades carentes e grupos em situação de vulnerabilidade em Ponta Grossa

Fabiano Castro, Coordenador do Projeto Handbol de Ponta, que busca promover a melhoria do rendimento escolar

A partir do próximo mês, o Rio Janeiro sedia os Jogos Olímpicos 2016. A atenção da mídia, e de muitos brasileiros, se volta para o evento mundial que têm como principal atração o esporte profissional e de alto rendimento. O Portal Comunitário propôs, no entanto, investigar projetos que focam a função social do esporte em Ponta Grossa.

A reportagem mostra que a prática esportiva não tem idade e pode contribuir para a socialização e preenchimento saudável do tempo em faixas etárias específicas, como na terceira idade e na infância e adolescência. Outro grupo que tem se beneficiado de projetos voltados aos esportes são as pessoas com deficiência e com necessidades especiais.


Associado a atividades artísticas e culturais, o esporte contribui para o bem-estar físico e mental dos participantes. Os benefícios são inúmeros e vão desde o condicionamento físico, com a melhora da postura, da coordenação motora e da capacidade cardiorrespiratória, até o aumento da autoestima.


No último mês de maio teve início o projeto Handebol de Ponta. Embora tenha sido colocado em prática este ano, ele começou a ser pensado em março de 2014. O objetivo, inicialmente, não é formar atletas de alto rendimento, mas preencher, com a prática do esporte, o tempo livre no contra turno escolar. O público são crianças, estudantes da rede pública. Com o projeto, pretende-se ainda promover a melhoria do rendimento e do interesse pela atividade escolar.


O Handebol de Ponta foi criado através da Lei de Incentivo ao Esporte, a Lei 11.438 de 2006. De acordo com o site do governo federal, a legislação visa permitir que “empresas e pessoas físicas invistam parte do que pagariam de Imposto de Renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. As empresas podem investir até 1% desse valor e as pessoas físicas, até 6% do imposto devido”.


As atividades são ministradas pela professora de educação física, Tatiana Buske, e são monitoradas pelo coordenador e criador do projeto, Fabiano Castro. A previsão inicial de atendimento era de 420 crianças, com cinco núcleos distribuídos pelos bairros da cidade. Como foi captado apenas 20% do valor total estimado, o projeto foi revisto e tem apenas um núcleo em funcionamento.


A aceitação do projeto fica ainda mais complicada pelo fato de o handebol ser uma prática pouco comum nas escolas. Fabiano explica: “A gente achou que iria vir bastante criança no início e depois iria diminuindo, mas na verdade aconteceu o contrário. A gente vai às escolas e os estudantes não demonstram muito interesse”.


O professor diz que algumas alternativas estão sendo estudadas para atrair o público. “Então agora a gente está pensando em algumas alternativas para incentivar, como vale transporte para as crianças virem ou, de repente, um transporte oferecido pela prefeitura", destaca.


Embora a adesão esteja abaixo da expectativa, Tatiana Buske ressalta os benefícios e da importância de se incentivar o esporte como uma prática cotidiana na infância e adolescência. “Os projetos esportivos ajudam a desenvolver coordenação motora, que é muito importante para eles nessa faixa etária".


Eduardo Graboski, um dos alunos que participa do projeto, comenta a importância de se preencher o tempo livre. “Eu acho legal o projeto porque a gente geralmente não tem o que fazer à tarde. É bem melhor você estar aqui fazendo exercício com os amigos do que ficar em casa deitado sem fazer nada", conta.


Os treinos do projeto acontecem no Ginásio Zucão, localizado na Praça Getúlio Vargas. Os dias são terças e quintas-feiras, das nove às 11 horas da manhã e das duas às quatro horas da tarde. Apesar de o primeiro horário ser destinado às meninas e o segundo aos meninos, tem sido incentivada a participação em qualquer horário.


Dos projetos contemplados nessa matéria, a escolinha de futebol é o único que não subsidiado pela prefeitura, por estar integrado ao Clube América Pontagrossense. A iniciativa é coordenada por Nelson Filho, que compõe a diretoria do clube.


Aberta à comunidade, a escolinha visa atender crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade financeira. "O projeto é gratuito para as crianças de famílias que não têm condições de pagar, mas os pais que têm condição de arcar com os gastos pagam”, explica Nelson.


O espaço permite a socialização de todas as crianças através das práticas de futsal e futebol. De forma gratuita, o projeto permite, portanto, estabelecer um vínculo com a sociedade através do esporte.


A prática do esporte ajudar a estreitar as relações entre pais e filhos. "Os pais gostam de vir assistir aos treinos para acompanhar seus filhos, ainda mais por se tratar de uma época tão boa como a infância", comenta.


Por enquanto, o projeto atende apenas o público masculino devido à pouca procura pelo público feminino. As atividades acontecem na quadra e no campo de futebol do Clube America. A sede está localizada na Nova Rússia. Os treinos acontecem todos os sábados, das oito às onze e trinta da manhã.


Mais vida e disposição com o esporte na terceira idade


Atividades voltadas ao grupo da terceira idade são desenvolvidas pelo Departamento do Idoso da Fundação Proamor, que integra a Secretaria Municipal de Assistência Social de Ponta Grossa. A coordenação das atividades fica a cargo da professora de educação física, Shirley Santos, que conta com a ajuda de uma estagiária, Jéssica Gonçalves.


A iniciativa oferece aulas de hidroginástica, natação e dança. Os participantes também podem se exercitar na academia e participar da Primeira Fanfarra da Terceira Idade. Outras atividades são a caminhada e o alongamento.


Rita Aguiar, que integra a fanfarra há dois anos, comenta a importância do projeto em sua vida. Embora o grupo tenha enfrentado, inicialmente, as dificuldades da falta de equipamentos, ela comemora o sucesso da proposta e faz um convite aos idosos que ficam em casa, sem atividades físicas e culturais.


“Estou na Fanfarra desde o começo. Não tinha instrumento, não tinha nada. Pra nós, foi uma beleza essa fanfarra, animou a nossa vida”, ressalta. Para as pessoas que ficam em casa fazendo o que ela considera “juntando depressão”, a Rita dá a dica. “Olha, cai fora, vem se divertir conosco!”.


Muitas pessoas chegam, ao Departamento do Idoso, totalmente vulneráveis, com problemas físicos, depressão e dores no corpo. Foi assim que aconteceu com o senhor Paulo César Ferreira que relata os progressos com a atividade física.“Eu tinha problema de coluna e, agora, deu uma acalmada. Não sarei totalmente, mas já melhorou bastante. Eu não conseguia nem amarrar o tênis e, agora, já estou amarrando".


A hidroginástica é um das atividades que ajuda muito em casos como do seu Paulo César. Por isso, a procura pela prática esportiva, no projeto, é bem grande. A fila de espera chega a 100 pessoas. Por ter uma grande demanda e apenas duas profissionais acompanhando os participantes, a lista de espera aumenta ainda mais.


Shirley explica que a procura por professores de educação física para trabalhar no departamento é grande. Porém, por se tratar de um público específico, que precisa de acompanhamento especial, o profissional precisa estar qualificado para atender a essas demandas. “Trabalhar com idoso é diferenciado, tem que ter um jogo de cintura, um jeitinho porque eles vêm à procura de atenção", complementa.


Maria da Silva, que participa do projeto há três anos, faz hidroginástica, dança e as caminhadas. Ela explica que um dos dilemas da terceira idade é ocupar o tempo livre devido a diminuição das atividades sociais após a aposentadoria e a independência dos filhos.


“Você trabalhou a vida toda, tinha contato com as pessoas e depois aposenta e vai ficar em casa. Você faz planos para viajar e viaja. Mas volta e fica em casa, não vai viajar o tempo todo. Aqui você tem atividades, tem aquele compromisso, se sente bem".


As atividades no Departamento do Idoso acontecem de segunda a quinta-feira, nos períodos da manhã e da tarde, e na sexta-feira, pela manhã. Há ainda programação especial, em datas comemorativas e em dias de passeio. Quem se interessar, pode entrar em contato pelo telefone (42) 3223-8514.


É através do Sistema Único de Assistência Social (Suas) que o governo federal estabelece uma diretriz nacional que é implementada através do governo estadual e municipal. O público-alvo é a população em situação de vulnerabilidade, esta caracterizada pelas condições de renda e de idade dos assistidos. Qualquer cidadão nessa condição pode ser alvo do Suas. As ações de assistência social da Fundação Proamor estão incluídas nessa proposta.


Esporte voltado às pessoas com deficiência


“Além dos Olhos” é um projeto de esportes e atividades culturais voltado às pessoas com deficiência. A iniciativa é também promovida pela Fundação Proamor, que tem um departamento voltado a esse público.


O objetivo do projeto é melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência e centralizar os atendimentos a esse público no município. “Busca-se, através dele, oferecer serviços que aproximem os participantes de uma realidade comum aos olhos da sociedade”, comenta a diretora do Departamento da Pessoa com Deficiência da Fundação Proamor, Ana Cristina Duda.


A programação inclui dança, oficina de circo, jogos de mesa, artesanato, fisioterapia e musicoterapia. Há ainda fisioterapia assistida por animais, que está em fase de teste. “Certas pessoas tem um ótimo resultado, porque o animal faz despertar o senso de responsabilidade e afetividade nas pessoas”, explica Jorge Jarenzuk, assistente administrativo e cuidador das cachorras utilizadas na atividade.


Entre os participantes da fisioterapia assistida por animais, há pessoas com síndrome de down, autismo e outras deficiências mentais e intelectuais. “Estando em contato com o cachorrinho, eles aprendem a cuidar, a pegar no colo com cuidado e também a pessoa fica mais apreensiva e receptiva aos estímulos externos", destaca.


Além de ajudar a pessoa com deficiência, o projeto também inclui, nas atividades, o cuidador ou um familiar. Maria Seniuk é mãe da Larissa, que tem síndrome de Down. Juntas, elas participam do projeto há mais ou menos cinco anos.


“Eu acho bom porque eles não podem ficar só em casa. Eles têm que trabalhar a mente todo dia, porque se ficam em casa, se acomodam e, ao invés de progredir, eles regridem", comenta Maria.


A filha também comenta a satisfação de participar das atividades do “Além dos Olhos”, um espaço onde ela aumentou os laços de amizade. “Eu gosto de ficar aqui, é muito emocionante. Eu me divirto, eu corro, faço ginástica, danço. Fiz muitos amigos também.”


As aulas de pintura em tela são ministradas pela artista plástica e professora Audrey Maria de Lima. Além de aumentar a autoestima, a prática artística estimula o senso de percepção e observação. “É um trabalho que leva a um desenvolvimento maior, independente da deficiência de cada um”, explica.


O Departamento da Pessoa com Deficiência também disponibiliza outros serviços, como a isenção tarifária para as pessoas com deficiência poderem utilizar o transporte público e viajar gratuitamente.


A diretora do departamento, Ana Cristina Duda, explica: “Nós fazemos a isenção tarifária municipal, estadual e federal e também os vários encaminhamentos para a rede socioassistencial. Nós também oferecemos o transporte especial, com 570 pessoas cadastradas".


O Departamento da Pessoa com Deficiência está localizado no Centro Esportivo Jamal Farjallah Bazzi. As atividades acontecem de segunda à sexta-feira, nos períodos da manhã e da tarde. Para outras informações, entre em contato pelos telefones (42) 3222-3118 ou (42) 3222-3100.

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