O resultado da manifestação pela garantia da aposentadoria foram cerca de 400 feridos
Momento do confronto durante manifestação em 2015 Foto: José Gabriel Tramontin/Lente Quente

 

O ‘Massacre do Centro Cívico’ completa seis anos em 29 de abril. O registra marca a violência policial orquestrada pelo então governo Beto Richa (PSDB) contra aproximadamente 20 mil servidores públicos, muitos deles professores, que participavam de uma manifestação em frente ao prédio da Assembleia Legislativa (ALEP), em Curitiba.

O motivo da manifestação era a defesa dos direitos do servidor público em relação à segurança e garantia de aposentadoria, mas a resposta do governo foi com ataques que resultaram em cerca de 400 feridos, de acordo com dados das entidades, e documentos que confirmam agressões físicas após os ataques. “Para quem não conhece a sensação de receber um ataque de bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e os estampidos dos tiros de borracha, ser tratado daquele modo foi violência física e moralmente”, afirma Marcelo Bronosky, ex-presidente do SINDUEPG/ANDES.

O conflito, que durou cerca de duas horas na tarde de 29/04/2015, foi antecedido por outros ataques: na segunda-feira, 27, alguns acampados foram atacados na frente do prédio da Assembleia Legislativa. A partir das 13h30min da tarde, ao iniciar a sessão dentro da assembleia, o clima de tensão e revolta aumentou do lado de fora do prédio, e a resposta da polícia veio em forma de violência com dois helicópteros, camburões, bombas, cachorros, balas de borracha, entre outros armamentos que feriram os servidores públicos. Durante o tempo da violência, a votação havia sido pausada, de acordo com a lembrança do professor Marcelo Bronosky. “É uma data para lamentar na história recente do Paraná e da democracia, pois culminou com violência excessiva por parte da polícia contra servidores que lutavam por seus direitos”, avalia.

O Lente Quente, projeto de extensão do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), produziu em 2015 um documentário intitulado “Massacre 29” em parceria com a Agência de Jornalismo da UEPG, TV Comunitária de Ponta Grossa, SINDUEPG e o financiamento coletivo do livro de fotografias ‘Massacre 29 de abril’. O Blog do Tarso divulgou a produção audiovisual, com duração de 45 minutos, no site, destacando depoimentos marcantes, como o do professor José Gomes, que lembra que custou a violência. “O armamento foi pago com dinheiro público, o nosso imposto, que foi devolvido em forma de bomba e de gás”, critica.

A produção da coletânea, organizada por Sérgio Luiz Gadini, “Coberturas jornalísticas (de)marcadas: a greve dos professores na mídia paranaense em 2015”, traz análises sobre a cobertura e mediações jornalísticas do acontecimento em 2015. Lançado em setembro, cinco meses após o acontecido, o livro está disponível em PDF. No conteúdo, a professora Angela de Aguiar Araújo afirma a necessidade de relembrar a data do massacre aprovado pelo governo de Beto Richa (PSDB), assim como a professora Rosângela Petuba destaca no documentário produzido pelo Lente Quente: “o governo Richa não queria que nós, professores, existíssemos”, conclui a ex-dirigente sindical.

 

Ficha técnica:

Reporter: Lilian Magalhães

Publicação: Vítor Almeida

Supervisão: Sérgio Gadini