O período pré-vestibular sempre foi desafiante aos estudantes. Na pandemia, devido ao isolamento social e outras medidas de combate à Covid-19 que afetaram o ensino, o desafio tem sido ainda maior.

Segundo um estudo científico publicado no periódico da Associação Médica Americana, a JAMA Pediatrics, antes da pandemia 12,9% dos jovens apresentavam sintomas depressivos. Durante a crise do vírus, esse número aumentou para 25,2%. Já em adolescentes com sintomas de ansiedade, a taxa subiu de 11,6% para 20,5%. Os índices se elevaram à medida que a pandemia de Covid-19 se agravava em escala mundial. 

Ana Júlia de Souza, estudante do Ensino Médio, planeja seguir para a graduação quando se formar. Ela relata que a pandemia acabou dificultando muito o processo de aprendizagem e que, apesar dos professores se esforçarem, muitas vezes a ajuda deles acaba não sendo suficiente. 

“A pressão das provas de vestibular, provas da escola e os problemas que às vezes ocorrem por estarmos estudando em casa, torna tudo mais difícil”, comenta. A falta de convívio social, aumento no estresse familiar e limitação na hora de realizar atividades acabam prejudicando o bem-estar mental.  

Ana conta que precisou fazer acompanhamento para controlar melhor suas crises durante os estudos. “Quando eu tenho uma crise não consigo fazer nada é como se eu fosse desmaiar, então não realizar o tratamento com remédios não era uma opção.”

 

UEPG CENTRAL Vera Marina Viglus

Foto: Vera Marina Viglus. 

 

Psicologia

Esses problemas psicológicos não se manifestam apenas em jovens no ensino médio, mas também em trabalhadores que desejam cursar o ensino superior. Atualmente, Sara Milena Vaz é setorista na empresa Multinacional Tetra Pak durante o dia, mas à noite estuda para provas de vestibular e ENEM. Ela conta que este é seu terceiro ano como vestibulanda e que sua rotina é estressante e cansativa. 

A psicóloga Izabel Freitas de Borba Rosa aponta que, durante a pandemia, muitos pais entraram em contato para buscar acompanhamento psicológico para seus filhos. “Eu recebi vários adolescentes de uma hora para outra no meu consultório, isso foi um grande reflexo de que os jovens estavam sofrendo”, comenta. 

Apesar das dificuldades vividas, Sara Milena e Ana Júlia relatam que esperam entrar na universidade em 2022, mas divergem em como acham que será a vida acadêmica. “Eu acho provável que o ensino no ano que vem permaneça de forma remota ou ensino híbrido, como já está sendo ofertado por muitas Universidades públicas e particulares”, prevê Sara Milena. 

Em contrapartida, a estudante Ana Júlia se mantém otimista em relação ao seu ano de caloura. “Acredito que até lá muitos jovens já estejam vacinados, então eu acho que o ensino presencial irá voltar”. 

 

Esta reportagem faz parte da edição comemorativa de 30 anos do jornal-laboratório Foca Livre. Leia o conteúdo completo clicando aqui.

 

Ficha Técnica

Repórter: Amanda Martins

Edição: Kathleen Schenberger

Publicação: Manuela Roque

Supervisão de Produção: Muriel Amaral, Cândida de Oliveira e Jeferson Bertolini

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

 

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