Desigualdade de gênero se mostra na maior contratação de homens,ainda que mulheres sejam mais qualificadas
Uma pesquisa divulgada este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, em 2019, as mulheres eram a maioria da população e a maior parte das pessoas escolarizadas e graduadas no país. No entanto, elas ainda eram minoria no mercado de trabalho. Esses dados foram divulgados no levantamento “Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”.
Conforme a pesquisa, da população economicamente ativa, apenas 54,5% das mulheres estão inseridas no mercado de trabalho, em comparação a 73,7% dos homens. O Instituto mostra ainda que meninos e meninas têm participação igualitária do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Mas a partir do 6º ano, o gênero feminino é maioria na frequência de aulas — fato que permanece inalterado no ensino médio e superior. O mesmo acontece também nos números de pessoas entre 25 e 64 anos de idade formadas nas universidades.
Maria Eduarda Stoco Ferreira, estudante de Design Gráfico na PUC-PR, comenta que em sua área os homens são mais valorizados que as mulheres. Ela encara isso como um problema para a sua carreira. “Acho que esse problema não é exclusivo da minha área de atuação, mas muitas outras meninas e mulheres devem passar pelo mesmo que eu passo”.
Os dados comprovam o que Maria Eduarda disse e reforçam que não só o mercado de trabalho é majoritariamente masculino. Algumas áreas do conhecimento nas universidades também são, a Computação, a Engenharia e a Agricultura.
Para o professor de Direito da UEPG, Volney Campos dos Santos, esses dados revelam um problema estrutural da sociedade, chamado de “divisão sexual do trabalho”. O termo dá nome à atribuição de uma responsabilidade maior às mulheres pelas funções familiares, dispensando, por outro lado, os homens dessa obrigação. “Até historicamente, isso sempre foi dito como forma de liberar o homem para o mercado de trabalho e a mulher não”, completa.
Santos ainda comenta que nos últimos anos o problema tem diminuído e que a tendência é que isso aconteça cada vez mais, devido à visibilidade que as pautas de desigualdade de gênero vêm ganhando. Uma projeção feita em 2019 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostra que, em 2030, 64,3% das mulheres estarão no mercado de trabalho.
Ficha Técnica
Repórter: Leonardo Czerski Junior
Edição: Ana Paula Almeida e Levi de Brito
Publicação: Levi de Brito
Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen