Aprendizado de alunos autistas tem seus obstáculos, mas com as intervenções certas e adaptações no currículo, é possível a inclusão na classe

 

Em Ponta Grossa, há programas de acolhimento e inclusão para pessoas com necessidades especiais realizados pelo Observatório de Inclusão. Para os autistas e seus familiares, o Projeto Autitude integra cerca de 150 famílias, onde a principal finalidade é promover a implementação efetiva da Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Segundo Monique Borgo, colaboradora do Projeto Autitude, a ação apoia famílias após o diagnóstico. O Observatório também oferece projetos de acolhimento a outras deficiências, doenças e síndromes, como Down. Conforme Monique diz, o projeto oferece auxílios de grupo de apoio para pais, orientações jurídicas e discussões sobre temas voltados à essas causas.

Segundo Celia Carreira, vice-presidente do Observatório, crianças e adolescentes participantes do projeto matriculados em escolas regulares enfrentam dificuldades em relação ao direito de inclusão e adaptações curriculares. Ela aponta que a maior parte das recusas vem de escolas privadas. “No que diz respeito à existência de deficiência, em especial, o autismo, não há razões legais para legitimar a recusa na matrícula, portanto, a matrícula é obrigatória e passível de penalização”.

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio que compromete o desenvolvimento, caracterizado na maioria dos casos por manifestações comportamentais, dificuldade na comunicação e nas interações sociais, incluindo comportamentos repetitivos. Logo, educar uma criança com autismo é um desafio para os pais e para os profissionais da educação.

 

Pauta Heloisa Ribas

Foto: Cleuci Mara Barbosa Martins (Acervo Pessoal)

Cada criança com TEA apresenta dificuldades variadas pois cada caso é único. Então, pais, professores e escola devem entender essas particularidades e se adaptar da melhor forma, para auxiliar o desenvolvimento do aluno. “O ambiente escolar não tem que só ser preparado com um tutor ou auxiliar de inclusão, o aluno com TEA precisa que todos estejam preparados, desde aquele que recebe o autista no portão e o encaminha para a sala até quem prepara o alimento”, diz Cleuci Mara Barbosa Martins, neuropsicopedagoga e professora especializada em educação inclusiva.

Cleuci destaca que a dificuldade mais grave enfrentada por alunos autistas nas escolas regulares, é a integração sensorial. A forma de ver o mundo e processar as informações sensoriais é diferente de outras pessoas. Mas, conforme a neuropsicopedagoga, adaptações no ambiente e no currículo tornam possível a inclusão desses alunos. “Adaptação curricular não é dar atividades com menos dificuldades ou de séries anteriores ao que o aluno está, eles precisam de metodologias diferenciadas. Nós precisamos transformar a vida do nosso aluno no objeto e na ferramenta do aprendizado dentro das habilidades funcionais”.

Lorena Rebonato, mãe de Davi, diagnosticado com autismo moderado, diz que mesmo com auxílio de tutores, a inclusão de seu filho não ocorreu efetivamente na escola de ensino regular onde está matriculado. “O profissional auxiliar deveria ser especializado em educação especial, pois tem que saber o que é o autismo e como lidar com ele, mas geralmente os tutores são estagiários e ainda não sabem atender as necessidades dos alunos com TEA”. Segundo ela, escolas normais não deveriam, mas ainda enfrentam dificuldades. “A inclusão acaba tendo que ser feita pela própria professora e o que acontece é a separação do aluno autista do resto da turma”.

 

Ficha técnica: 

Repórter: Heloisa Ribas

Edição e publicação: Vinicius Sampaio

Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen

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