O uso de drones na captura de imagens suscita discussão sobre ética jornalística
Drones facilitam a produção de imagens de longa distância. Vídeo: Celso Margraf.
Também conhecidos como veículos aéreos não tripulados (UVA), os drones saíram do uso militar para ajudar na produção de notícias. Profissionais da área utilizam esses aparelhos para capturar imagens exclusivas e de difícil acesso. Além disso, pela facilidade de manuseio, drones são mais seguros para jornalistas do que, por exemplo, o uso de helicópteros para tomadas aéreas. Entretanto, por se tratar de um equipamento relativamente novo, sendo utilizado com mais ênfase no Jornalismo desde 2018, a prática ainda não foi regulamentada por padrões éticos e de conduta jornalística.
Segundo pesquisa da Agência Iberoamericana para a Difusão de Ciência e Tecnologia (DiCYT), o uso desses equipamentos na imprensa ocorre por três motivos principais: a praticidade e o baixo custo, a segurança do jornalista e a possibilidade de transmissão simultânea das informações. Porém, as limitações das aeronaves não tripuladas envolvem tanto questões técnicas, como a necessidade de redes de internet, quanto questões éticas, como gravações não permitidas.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), uma das regras existentes no Brasil é a necessidade de manter uma distância de 30 metros de pessoas que não consentirem o uso de sua imagem. Mas a medida da distância conta apenas quando a pessoa está na lateral do equipamento. Ainda não há legislação sobre registro de imagens por cima da pessoa observada. Para manter um drone, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), é necessário possuir o selo da Anatel - para drones anteriores à 2020 -, manter a documentação e o manual de instrução em mãos e possuir seguro contra danos próprios e a terceiros.
Para o advogado Diego Spagnolli, mesmo com a existência de legislação acerca dos voos, algumas filmagens ainda ocorrem ilegalmente. “Por ser uma tecnologia nova, a legislação é pouco estudada, principalmente por aviadores amadores. Com isso, acaba-se produzindo e circulando imagens de forma ilegal”. Além disso, o profissional comenta que, pela facilidade de adquirir o equipamento e por dispensar a presença próxima do aviador, é difícil encontrar a pessoa responsável e que pode ser punida nessas situações. “Em outros lugares, como a Europa, já estão sendo produzidas regulamentações mais rígidas aos drones. Porém, por ser algo recente no país, acredito haver dificuldade na hora de legislar assuntos como, por exemplo, invasão de privacidade”, afirma.
Oficina realizada no dia 20 de setembro na 31ª Secom abordou uso de drones por jornalistas. Foto: Victória Sellares.
De acordo com o fotógrafo Celso Margraf, que ministrou oficina na 31ª Semana de Estudos em Comunicação (Secom) para alunos do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), um dos temas discutidos foi a legislação e a importância do equipamento para as novas gerações de profissionais de comunicação. De acordo com Margraf, o uso de drones para produção de fotografias e vídeos está cada vez mais recorrente, sendo necessário que os estudantes aprendam a mexer com essas tecnologias para adentrar preparados no mercado de trabalho. “Assim como o celular virou um equipamento crucial para o Jornalismo, acredito que os drones vão seguir o mesmo caminho. Além de ser mais prático e facilitar a captura de imagens de longa distância, também permite uma visualização mais didática ao público do acontecimento”, comenta.
Ficha técnica:
Reportagem: Tamires Limurci
Edição e publicação: Ana Barbato e Maria Helena Denck
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira, Marcelo Bronoski e Ricardo Tesseroli