Lucélia Clarindo utiliza brincadeiras e atividades para fugir da homogeneidade da sala de aula

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Uma brincadeira africana que ensina sobre confiança é uma das atividades do Bando. / Foto: Victor Schinato/Lente Quente

O Bando da Leitura em Ponta Grossa é um espaço mantido pela pedagoga Lucélia Clarindo e promove rodas de atividades todas as sextas-feiras para as crianças da comunidade. A educação lúdica se baseia na utilização de brincadeiras que contribuam para a formação pedagógica do estudante, mesclando assuntos de diferentes áreas que também dão suporte para o autoconhecimento da criança. Segundo Lucélia, as atividades nas escolas tradicionais acabam impondo um mesmo comportamento para todas as crianças, mecanizando os exercícios artísticos. O condicionamento, de acordo com ela, mantém a criança na zona de conforto e não estimula a expressão. Ela não descarta a importância do ensino dentro da sala de aula, mas defende o uso do lúdico junto às atividades cotidianas. 

Maria Georgina Santos é professora de artes e mãe de duas crianças que frequentam o Bando, e acredita que o ser humano tem a necessidade de se expressar desde criança. Para ela, a educação lúdica e a liberdade artística facilitam a interpretação das emoções das pessoas que participam das atividades. Emanuelle, de 9 anos, filha de Maria, conta que em sua escola as atividades de artes são entregues prontas e o trabalho é apenas pintar seguindo as cores previamente estabelecidas. As atividades mais lúdicas e livres são propostas apenas em datas comemorativas. 

Lúcelia ainda expõe que já sofreu pressão por parte de outros professores por seguir essa linha de educação e não seguir rigorosamente o planejamento de aula. Seu emprego era ameaçado constantemente, porém ela nunca deixou de aplicar esse método por entender que ele contribui para a inserção da criança na sociedade. “É difícil até se integrar nesse mundo, extremamente organizado e pavloviano… principalmente devido ao efeito estímulo resposta mecânico que é aplicado com as crianças.”

O Bando surgiu como um espaço no quintal da casa de Lucélia e conta com um ateliê de artes, uma sala de leitura com biblioteca, além de árvores e uma horta comunitária. Em 2022 completaram 15 anos de atividades.