A remuneração de pesquisadores de pós-graduação é a mesma desde 2013

 

A Capes e o CNPq pagam uma bolsa de R$ 1.500 mensais aos alunos do mestrado e R$ 2.200 aos doutorandos. Com a falta de reajuste, o valor pago aos bolsistas reduziu em quase 75%. Segundo a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), caso apenas a inflação fosse reposta, sem aumento real, uma bolsa de mestrado deveria passar para R$ 2.636, enquanto a de doutorado seria de R$ 3.867. 

Os valores das bolsas permanecem os mesmos, mas o salário mínimo quase dobrou nos últimos dez anos, passando de R$ 678 para R$ 1.212. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) são as duas principais agências de fomento à pesquisa no Brasil e são responsáveis pelos pagamentos.

Diante da situação, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que na última quinta-feira (2), que o reajuste de todas as bolsas de pesquisa vai ocorrer ainda no primeiro semestre de 2023 e garantiu, durante coletiva de imprensa, as afirmações de Lula (PT), sobre aumento dos valores, será cumprida.

Dedicação exclusiva

Um pesquisador que recebe bolsa deve se dedicar exclusivamente à pesquisa, sem qualquer outro vínculo empregatício. Por ser a única fonte de renda, a bolsa ainda precisa garantir os custos de pesquisa, deslocamento, alimentação e moradia, entre outros. 

Segundo a doutoranda em Saúde Coletiva na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Camila Lampier Lutzke, “é impossível sobreviver com o mínimo de dignidade dependendo exclusivamente do valor da bolsa”. Ela mora a quase 100km da universidade e depende da bolsa para pagar a locomoção, todas as despesas da pesquisa e investimentos em educação. Camila conta que, mesmo sendo uma profissional de nível superior, ganha muito menos que colegas com titulação menor que estão no mercado de trabalho.

A mestranda Fabricia de Souza Ferreira, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), destaca as dificuldades de sobreviver com este valor de bolsa: “Meu aluguel está atrasado e eu precisei vir para casa dos meus pais porque não tinha nem como comprar mais comida."

Corte de verbas

A ministra Luciana Santos ainda afirma que o governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), foi um dos grandes causadores de faltas de verba, já que houve diversos cortes de verba que impossibilitaram o aumento dos valores das bolsas. O último reajuste ocorreu no final do segundo mandato do governo de Lula.

 

Ficha Técnica:

Reportagem: João Vitor Pizani

Edição e publicação: Heryvelton Martins

Supervisão de produção: Ricardo Tesseroli

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky