Ponta Grossa não consta como cidade contemplada pela verba do Governo Federal para construção de campus do Instituto Federal

O ano letivo de 2024 começou conturbado para os alunos do Instituto Federal do Paraná (IFPR) de Ponta Grossa. As aulas, que funcionavam na  Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) foram interrompidas por falta de estrutura e de espaço no prédio,compartilhado até então com os universitários da UTFPR e estudantes da Escola Estadual Iolando Taques Fonseca. A mudança foi a única alternativa encontrada pela diretoria da entidade educacional para garantir qualidade no processo de ensino. No início deste ano, os alunos foram deslocados para prédio do Centro Integrar da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Segundo informações, o IFPR deve funcionar no terreno da UEPG durante quatro anos. Durante este período, os agentes do IFPR irão trabalhar pela construção de um prédio próprio e a criação do campus Ponta Grossa, visto que a unidade educacional do município ainda funciona como uma expansão do campus Curitiba.

Com a mudança de local alunos do IFPR passam a ter mais espaços de convivência 

O centro de referência do IFPR fica próximo ao bloco de zootecnica na UEPG Campus Uvaranas

Além do espaço da UTFPR não comportar adequadamente todos os alunos, o Instituto Federal precisa arcar com uma espécie de “aluguel” anual para utilizar as salas e os laboratórios. Adriano Stadler, coordenador do Centro de Referência do IFPR, detalha a negociação que as instituições possuíam.  “Nós tínhamos um termo de parceria entre as instituições, e nesse termo havia uma descentralização de recursos que era de trezentos a quinhentos mil reais por ano. Era como um aluguel, um pagamento para a utilização dos laboratórios de informática e mecânica e para a ocupação do ginásio para as aulas de educação física”, explica. Adriano acrescenta que ‘’com as aulas na UEPG, não há nenhum tipo de pagamento, visto que o espaço foi concedido por meio de um termo de cessão não onerosa, com duração de 4 anos’’.

A professora Maressa Oliveira ressalta que a mudança foi positiva tanto para os acadêmicos, quanto para os professores, pois, à medida que a qualidade estrutural melhora, o ensino também evolui. “Agora temos salas maiores, com ar condicionado, projetor e os laboratórios são maiores”. Maressa enfatiza que os alunos estão se adaptando bem ao local da UEPG, visto que o ambiente é maior. A estudante Nayady Silva, do terceiro ano do curso Técnico em Informática, explica que algumas vezes o ensino era modificado por causa da quantidade de equipamentos disponíveis. “Na UTFPR a gente usava os laboratórios compartilhados com os universitários, então se eles estivessem usando, nossa aula tinha que ser adaptada. Nós saímos do ‘meio do mato’. Agora temos uma estrutura melhor. Temos números de salas suficientes para comportar todos os alunos e podemos usar as quadras da UEPG para a prática de atividades esportivas. Esperamos que futuramente possamos usar o restaurante universitário também ", reivindica.

Apesar da mudança possuir caráter positivo, discentes e docentes do Centro de Referência do IFPR ainda se veem frustrados, pois a espera pela  construção de um campus próprio é uma luta forte dentro da instituição. No dia 12 de março deste ano, o Governo Federal anunciou a lista das 100 cidades brasileiras contempladas com recurso para construção de novos Institutos Federais, e Ponta Grossa não entrou nessa lista, o que deixou os docentes e estudantes frustrados.

Em Ponta Grossa, o Instituto Federal atua como uma extensão da unidade de Curitiba e por conta disso, nenhum dos técnicos ou professores pertencem à unidade de Ponta Grossa. Os profissionais são docentes de outros campi que prestam serviços aqui. A professora Maressa detalha a logística dos profissionais envolvidos na situação. “Nós fazemos uma cooperação técnica, ou seja, um ou dois dias na semana a gente se desloca do campus que a gente trabalha e vem trabalhar em PG”. 

Isso interfere diretamente na prática do ensino, pesquisa e extensão, já que os professores, por passarem pouco tempo na instituição, não conseguem realizar projetos extracurriculares. Por consequência, os alunos do Centro de Referência perdem a oportunidade de atuarem como extensionistas ou pesquisadores. “Nós professores não damos conta de oferecer esses projetos para os alunos. Por isso, os estudantes não conseguem ter a totalidade do que poderia ser ofertado em um campus do Instituto Federal. Nós professores e técnicos não conseguimos disponibilizar tudo que temos capacidade de ofertar em nossas áreas de conhecimento”, esclarece Maressa. 

A aluna Nayady desabafa. “Nós estamos em um colégio que escolhemos entrar pela fama de ‘ter boa estrutura e qualidade de ensino’. Nossos professores são muito bem formados. Não ser contemplado com o recurso do Governo Federal quebrou muito nossas expectativas  Teremos que ficar  ‘parasitando’ em outras instituições, para ter direito a estudar”,  lamenta a aluna.

O coordenador Adriano Stadler esclarece que dentro destes quatro anos em que vão ocupar o espaço da UEPG, os professores e a comunidade seguem na luta e esperam liberação de recursos do MEC para a construção do campus do IFPR em Ponta Grossa. “Contamos que dentro desses quatro anos, a gente receba a autorização e dê início a construção de um campus do IFPR aqui no município. Senão, vamos usar o espaço durante o tempo que nos foi cedido e tentar uma negociação com a UEPG para prorrogação no futuro. Caso contrário teremos que dar descontinuidade à escola”, explica. Adriano esclarece que se a única opção disponível for fechar a escola, a instituição não abrirá novas turmas, mas todos os acadêmicos matriculados conseguirão se formar. “A escola tem o compromisso de formar todos os alunos antes de fechar as portas. A ideia é que, se não virar campus, deixem de entrar novos alunos, para que a escola seja aos poucos descontinuada”, expõe. 

Hoje, o IFPR possui por volta de 160 alunos matriculados no curso Técnico em Informática, integrado ao ensino médio, divididos em quatro turmas de primeiro a quarto ano. As aulas acontecem nos períodos da manhã e tarde.

 

Ficha Técnica:

Produção: Loren Leuch

Edição: Melany Pires

Publicação: Gabriel Ribeiro

Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza

Supervisão de publicação: Luiza Carolina dos Santos e Cândida de Oliveira

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