Hábito de comprar sem sair de casa se tornou mais comum com a pandemia

 

Resumo

  • De acordo com pesquisa, mais da metade das compras realizadas no mundo durante a pandemia foram feitas pela internet;
  • Dados mostram que 62% dos consumidores pretendem continuar com as compras online no período pós-pandemia;
  • Mas ainda persiste a preocupação com os golpes e farsas no consumo virtual;
  • Além disso, o consumo digital de produtos causa uma diminuição de vendas nas lojas físicas e ameaça comerciantes locais.

 

Uma pesquisa da agência de dados Wunderman Thompson mostra que 51% das compras feitas na pandemia foram de forma online e que 62% dos consumidores pretendem ampliar o uso de canais de compra digital no futuro. Publicado recentemente, o estudo ouviu 28 mil pessoas em 17 mercados de todo o mundo.

No Paraná, com o aumento das compras pela internet, os consumidores apontam os pontos positivos e os negativos do consumo por comércio eletrônico. O estudante Lucas Losekann, 22, que faz compras online, acredita, como mostra a pesquisa, que a prática deve permanecer mesmo após a pandemia. Isso porque, na avaliação dele, há uma maior praticidade. “O consumidor tem maior possibilidade de escolha, possibilidade de comparação de preço entre lojas, além do conforto de conseguir escolher e comprar da sua casa em praticamente qualquer aparelho eletônico”, destaca.

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Foto: Yuri Marcinik

A estudante Jheniffer da Silva Santos, 20, também acredita que, pela facilidade das compras online, a prática deve continuar mesmo após a pandemia. Porém, ela ressalta uma preocupação, que é o medo de algum golpe ou o produto não corresponder ao esperado. Jheniffer relata que adquiriu um jogo de pincéis que nunca foi entregue. Na hora da compra, para evitar situações como essa, a consumidora costuma ver as avaliações, indicações, preços e simular o frete dos produtos.

Para Vitória Rosa da Silva, 20, que também possui o hábito de adquirir produtos online, as lojas físicas são mais práticas. No entender dela, o tempo de espera é menor, e é possível comprar um produto e ter ele em casa no mesmo dia. No entanto, a consumidora destaca que se sente mais segura ao comprar online durante o período de pandemia. Além disso, ela afirma que as lojas online são uma boa alternativa pela variedade que possuem. “Dependendo do produto, tem preços ótimos e nem sempre o que se procura tem disponível em alguma loja física”, relata.

 

A visão dos lojistas

William Custodio da Silva, 38, comerciante de loja física, aponta sua visão diante do cenário de aumento do consumo online. Para ele, as compras pela internet podem se tornar uma ameaça para lojas que atendem presencialmente. Além disso, William afirma que há de fato uma diminuição das vendas por conta do consumidor online e isso ocorre principalmente por conta da concorrência desleal. O lojista ressalta que os sites de vendas chineses são os que mais prejudicam as lojas físicas. “Mas há o outro lado da moeda para esses sites, a falta de confiabilidade, tanto na entrega quanto no produto em si, faz com que o consumidor pondere ao adquirir um produto”, destaca.

Já Cleverson dos Santos Corrêa, 28, também comerciante de loja física, não enxerga o consumo online como algo negativo. Para ele, muitas pessoas sentem necessidade de comprar presencialmente, seja pelo atendimento ou pelo simples fato de sair de casa e ter uma experiência melhor na compra. O lojista acredita que uma forma de consumir não irá fazer com que a outra desapareça. “O online e o presencial se completam, podem andar juntos tranquilamente”, afirma.

 

Ficha Técnica
Repórter: Deborah Kuki
Edição: Evelyn Paes e Marcella Panzarini
Publicação: Lucas Müller
Supervisão de Produção: Jeferson Bertolini 
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

De acordo com IBGE, aumento médio foi de 14% nos últimos 12 meses

Resumo

  • A reportagem detalha a inflação nos preços dos alimentos em PG: 
  • Os produtos que mais encareceram foram o açúcar, o óleo de soja e as carnes;
  • Há uma real preocupação com insegurança alimentar da população local;
  • Os motivos da alta apontados são a concorrência, o dólar e o clima.

 

Por conta da alta de preços, fazer compras no supermercado tem desafiado milhares de famílias em Ponta Grossa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos acumulam alta de 14,66% em 12 meses. Alguns dos produtos que mais encareceram foram o açúcar (44%), óleo de soja (32%) e carnes (25%).

A dona de casa Juliana Krepel, de 40 anos, é uma das afetadas pela alta de preços. Ela conta que, desde o começo do ano, os alimentos não estão só mais caros, mas também com preços instáveis, com mudanças quase diárias. A alta tem feito a moradora de Ponta Grossa lembrar os anos 1980, época da hiperinflação, com mudança de preços em algumas horas.

Krepel diz que, quando era apenas o preço da carne aumentando, até dava para substituir por outro alimento, como frango, carne moída de segunda ou ovos. Mas, agora, até o café e o açúcar aumentaram. “O jeito é ir em mercados diferentes para ver se pega alguma promoção no dia”.

A aposentada Eloysa Taques, 75 anos, que divide a casa com três filhos e uma neta, também sente a alta dos preços. Ela diz que a família costumava consumir carne vermelha todos os dias. Agora, consome apenas nos fins de semana. “Acredito que minha saúde está sendo afetada. Me preocupo também com minha neta, que está em fase de crescimento. Tento buscar outros nutrientes para suprir o da carne”, afirma a aposentada. 

A estudante de Engenharia Civil Leticia Oliveira Almanso, que faz compras com a mãe, conta que com o vale-alimentação usado no mercado, antes, podiam comprar muita coisa e ainda repor. Agora, conseguem comprar muito pouco e ainda falta dinheiro. Elas vêm substituindo marcas de preferência por outras mais baratas. Para economizar, também evitam comprar “besteiras”, como chocolates e salgadinhos.




Segundo o economista Matheus Souza Peçanha, há três grandes motivos que explicam a alta dos preços. Primeiro, a concorrência interna e externa: quanto mais o Brasil exporta alimentos, menor é a sua disponibilidade para o mercado interno do país. Segundo, o dólar: quanto maior é o crescimento no valor do dólar, maior é o encarecimento dos produtos. Terceiro, o clima: a seca impactou a produção dos alimentos nas lavouras de café, milho, e outros itens, como também diminui a pastagem, fazendo o gado perder peso e a produção de leite diminuir.


Ficha Técnica

Repórter: Yasmin Orlowski
Edição e Publicação do Texto: Marcus Benedetti, João Gabriel Vieira e João Paulo Pacheco
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

                                             

 

Na pandemia, produtos de beleza perderam espaço para os de higiene

 

O comércio de cosméticos está reagindo, após queda no período mais intenso da pandemia. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), no início de 2020 o comércio destes produtos teve queda de 10% a 15%, comparado com o ano anterior. Isso se deu devido ao isolamento social e o fechamento provisório das lojas. Contudo, o mercado parece estar reagindo. Nos primeiros meses de 2021, os dados da entidade revelam que o setor cresceu 5,7%, quando comparado com o mesmo período de 2020.

 

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Redução chegou a 15% no início do ano passado, no pico da crise sanitária

 

De acordo com Giulia Pizzatto, gerente de uma loja de cosméticos, no último ano houve um maior consumo de produtos de autocuidado, como cremes para o rosto e produtos para a pele. Contudo, na loja em que trabalha, notou-se queda na venda de produtos para os lábios, com queda de cerca de 35%. 

 

Outro fator que afetou a área de cosméticos foi o aumento do valor sobre os produtos, especialmente de itens que não são de uso de higiene pessoal diária. A revendedora, Laís Camargo, diz que no início da pandemia, as vendas diminuíram cerca de 50%. “Os preços tiveram um aumento mensal, alguns produtos precisei manter o valor, mas ganhando menos para não perder os clientes; outros precisei esperar promoções.”

 

Consumidores também precisaram repensar os seus hábitos de consumo. Simone Oliveira diz que alterou suas compras durante a pandemia devido aos preços dos produtos. “O meu consumo mudou bastante, dei prioridade aos produtos de autocuidado. O motivo disso está relacionado a minha renda, eu tive que optar pela necessidade, então substituí por outros produtos mais baratos.”

 

Esta reportagem faz parte da edição comemorativa de 30 anos do jornal-laboratório Foca Livre. Leia o conteúdo completo clicando aqui 

 

Ficha Técnica

Repórter: Catharina Iavorski

Edição: Tayna Lyra e Valéria Laroca

Publicação: Tayna Lyra

Supervisão de Produção: Jeferson Bertolini, Cândida de Oliveira e Muriel Amaral

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Alguns empreendimentos diminuíram as vendas e outras não são oferecidas em aplicativos

 

Ao contrário da ideia generalizada de que, com a pandemia, o comércio de comida passou a ser feito por aplicativos de entrega, gerando oportunidades de empreendedorismo, há casos de comerciantes que se mantêm fora dos aplicativos e outros de diminuição do volume de vendas. O aspecto mais comum é que essas refeições são preparadas em dark kitchens, conhecidas também como cozinhas fantasmas, restaurantes que oferecem apenas comida para viagem.

Segundo Marília Daniel, que está no ramo de bolos e salgados há mais de 10 anos em Ponta Grossa, a pandemia diminuiu a quantidade de entregas, pois eram feitas geralmente para festas e com a diminuição delas, por conta da quarentena, a produção teve que ser reduzida. “São poucas pessoas que fazem festa nessa quarentena, mas mesmo assim damos uma driblada e estamos fazendo doces, salgados e bolo no pote para não afetar muito nosso orçamento”, conta.

A empreendedora relata que inicialmente eram feitas entregas apenas para conhecidos e parentes, mas o negócio se expandiu para as redes sociais e agora as entregas são feitas em toda a cidade. “Minha família e eu trabalhávamos fazendo a mão na produção de salgados, agora conseguimos adquirir uma máquina para a formatação deles”, conclui Marília.

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(Foto: Acervo Portal Comunitário)

Por outro lado, Lucimara Schembergue, que trabalha com entrega de marmitas em Ponta Grossa, afirma que não houve redução na procura pelo serviço. “Trabalho principalmente com a construção civil e o pessoal que trabalha nas obras não parou. Em relação ao aumento dos alimentos não sei se devo culpar somente a pandemia”, completa. 

Para ela, o principal desafio foi encontrar clientes, pois seu negócio não está nos principais aplicativos de entrega de comida. “Como não usei propaganda nenhuma, ficou difícil no começo alcançar o número satisfatório de gente”, afirma. 

Em relação à entrega dos alimentos, Lucimara conta que muitas vezes também faz as entregas, e dependendo da distância, usa motoboys. “Não coloquei propaganda em aplicativo e nem em mídias sociais, porque trabalho ainda só com pedidos fixos. Ou seja, pessoas que pegam marmita todos os dias. Um ou outro conhecido atendo às vezes, sem ser fixo”, relata.

Estabelecimentos que entregam comida diretamente aos clientes, geralmente por meio de serviços de entrega terceirizados, vem sendo chamados de dark kitchen. Em cidades maiores, grupos de restaurantes diferentes podem operar no  mesmo local, com o objetivo de dividir os custos de aluguel e cozinhar alimentos puramente para delivery.

O manuseio de comida, independente da escala, sempre exige cuidados, principalmente de higiene pessoal, local de trabalho, na qualidade e validade dos alimentos. Em nota, a Vigilância Sanitária de Ponta Grossa afirmou que funciona com o intuito de promover e proteger a saúde da população, para eliminar, diminuir e prevenir os riscos à saúde.

 

Ficha Técnica

Repórter: Gabriel Clarindo Neto

Edição e Publicação do Texto: Eduardo Machado

Supervisão: Cíntia Xavier, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Após o início do isolamento social pela Covid-19, muitos apostaram nas redes sociais para divulgar seus produtos e conquistar uma renda

 

Com a pandemia, Ponta Grossa presenciou um aumento no número de lojas informais pelo Instagram. Segundo dados nacionais do levantamento realizado pela PayPal Brasil e Big Data Corp, o mercado de comércio on-line cresceu cerca de 40,7% entre 2019 e 2020, atingindo o número de 1,3 milhão de lojas virtuais. Muitas das empresas que anteriormente ocupavam somente o meio físico, migraram também para as redes sociais. Esses dados contribuem para enfatizar a pesquisa do Centro Regional de Estudos do Brasil, que aponta que 78% das empresas brasileiras de grande ou pequeno porte estão presentes em ao menos uma mídia social.

Para muitos, a criação de lojas nas redes sociais foi a alternativa encontrada para manter a renda em meio a crise causada pela Covid-19. É nas redes sociais que seus produtos e serviços são publicados, e por essa razão, plataformas como o Instagram crescem cada vez mais quando o quesito é exposição de produtos no universo on-line. Em junho de 2021, o casal de noivos Paulo Bren e Bianca Britto optou pela abertura de sua confeitaria apenas no espaço virtual, com o intuito de conquistar uma renda extra. Com o início das aulas da faculdade de medicina, Paulo abriu mão do cargo na empresa em que trabalhava para se dedicar ao curso. Como a única fonte de renda seria o salário de Bianca, o casal optou pelo empreendimento virtual e criou a Confeitaria Purpose Start no Instagram. “Meu noivo iniciou as aulas de medicina e precisávamos do dinheiro tanto para o casamento quanto para suprir as necessidades de casa”, conta Bianca.

 

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Exemplo de feed de uma loja virtual no Instagram (Crédito: Reprodução Instagram)

 

Gabriela Bourguignon e Raphaela Pacheco, estudantes de Engenharia Química na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), também investem na internet. Donas da loja Serène, elas oferecem roupas de diversos estilos para o público que acompanha o perfil da loja. Segundo Raphaela, essa plataforma deixou de ser apenas uma rede social e passou a ser um dos maiores responsáveis pelo bombardeio de propagandas todos os dias em seu feed. Por isso, para elas, a ideia inicial sempre foi abrir uma loja no ambiente virtual, independente da pandemia. “O Instagram não cobra nada para você divulgar o seu produto, não precisa gastar com o aluguel de uma loja física e com todos os empecilhos”, destaca Gabriela.

Diferente do casal confeiteiro, as amigas criaram a Serène com o intuito de torná-la sua principal fonte de renda. “O Instagram é o principal e único meio de divulgação dos produtos que oferecemos, ele engloba o nosso público-alvo, além de facilitar a parte da compra e venda com as ferramentas que ele mesmo oferece”, destaca Raphaela.

Para os consumidores, a lógica parece ser a mesma. Bruno Martins Oliveira da Silva, estudante de Administração na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), afirma ter passado mais tempo nas redes sociais desde o início da pandemia, o que contribuiu para a descoberta de novos negócios dentro do aplicativo. “Sempre gostei de comprar, mas nesse período a oportunidade cresceu, conheci muitas lojas e marcas novas, empresas formais e informais, comecei a me arriscar mais e acabei gostando muito”, afirma. 

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre

 

Ficha técnica

Repórter: Quézia Bonato

Editor de texto: Mariana Gonçalves

Publicação: Ana Moraes

Supervisão Foca Livre: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral.

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen