Média de casos é de 2,90 por dia e 86 por mês na cidade

Números de ataques por cães abandonados em PG supera a capital | Foto: Marcus Benedetti


Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mostram 2.052 ataques por cães e gatos registrados nas ruas de Ponta Grossa de janeiro de 2018 a setembro de 2019. Segundo relatórios do Corpo de Bombeiros, ocorreram 67 casos de ataques por animais de rua que precisaram da ação dos bombeiros nos últimos 12 meses. Os relatórios mostram que Ponta Grossa é a cidade do Paraná que mais registra ataques por animais de rua, ficando à frente inclusive de Curitiba, com 46 casos, e de Londrina, com 40.

O problema já é presente na cidade há anos. Em 2013 o advogado Rodolfo Ribas, 25, foi atacado por cachorros de rua próximo à UEPG Central. Ribas estava à caminho da faculdade para realizar uma prova, quando foi surpreendido por cães que o cercaram. “Estava subindo a pé a rua Barão do Cerro Azul e tinham uns três cachorros de rua descendo. Quando se aproximaram, saí da calçada e fui para a rua. Mas um deles começou a vir atrás de mim e mordeu minha canela”, conta o advogado. “Fiz a prova em 10 ou 15 minutos e fui direto para o pronto-socorro. Tive que tomar três vacinas antirrábicas e mais alguns remédios”, completa.

Procurar atendimento médico para tomar as vacinas antirrábicas, como fez Ribas, é a atitude correta nesses casos. “Quando o animal é de rua, é mais complicado, pois não se tem o histórico de saúde deles. Nesses casos, a orientação é procurar uma Unidade de Saúde ou um pronto socorro para que as vacinas antirrábicas sejam aplicadas o mais rápido possível”, explica a médica veterinária Fernanda Guedes. Além da transmissão da raiva, a mordida dos animais de rua podem causar outros problemas à vítima. “Na boca dos cachorros e gatos, existem muitas bactérias. Ao morder uma pessoa, o local mordido pode ser infectado”, completa Guedes.

No início de setembro deste ano, a Prefeitura de Ponta Grossa lançou o programa Patrulha Animal, que oferece serviço de urgência para animais de rua. O programa, realizado em parceria com a Guarda Municipal, disponibiliza 15 médicos veterinários contratados pela Prefeitura Municipal, que atendem, com auxílio de uma antiga ambulância do Samu reformada, principalmente animais de rua que foram vítimas de atropelamento ou sofreram algum tipo de trauma. Desde 2015, existe também o programa Castramóvel, que realiza castramentos e convênios com clínicas veterinárias.

Em relação ao alto número de ataques nas ruas do município, a Secretaria Municipal de Saúde argumenta que não é possível afirmar que Ponta Grossa é a cidade com mais ataques por animais de rua no Estado, pois isso depende da sensibilidade de cada notificação nos registros. “É importante esclarecer que o número de notificações também está atrelado à sensibilidade de notificação. Às vezes o município tem número menor, mas pode ser que notifique menos também. Para comparar, precisa-se conhecer a política pública desses municípios”, disse a SMS por meio de sua assessoria. As assessorias das Secretarias Municipais de Saúde de Curitiba e de Londrina não responderam à reportagem sobre os registros de ataques de animais de rua.

Em Ponta Grossa, o programa Patrulha Animal atende pelo telefone 153. Já a Secretaria Municipal de Saúde atende pelo número (42) 3220-1117 e fica localizada na Avenida Visconde de Taunay, nº 950, no Centro.

Ficha Técnica

Reportagem: Marcus Benedetti
Edição: Matheus Rolim
Foto: Marcus Benedetti
Supervisão: Professores Angela Aguiar, Ben-Hur Demeneck, Fernanda Cavassana, Hebe Gonçalves e Rafael Kondlatsch

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