O Cine-Teatro Ópera foi negado para sediar o Festival Universitário da Canção (FUC). A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) solicitou o espaço para a realização do FUC e do Festival Nacional de Teatro (FENATA), tradicionais na cidade de Ponta Grossa, mas o pedido foi negado. Além da importância regional, os festivais abrangem grupos e artistas nacionais. A 31ª edição do FUC acontecerá no Cine-Teatro Pax.
Segundo o Diretor do Departamento de Cultura Eduardo Godoy, durante a montagem de uma das peças do FENATA foram queimados equipamentos do Cine-Teatro Ópera: a mesa de iluminação, 9 racks (comunicação entre a mesa) e refletores. No decreto de utilização do teatro está determinado que o produtor do evento deve arcar com os custos de possíveis equipamentos que danificar, caso isso não seja feito o produtor pode ficar 5 anos sem poder utilizar o espaço.
“Porém, este não é o entendimento da Universidade, que apontou a ‘precariedade’ do teatro para não realizar os consertos, orçados pela própria UEPG com o valor aproximado de R$ 23 mil”, argumenta Godoy. O diretor informou que a UEPG foi avisada de que o teatro não será cedido a eles enquanto os equipamentos não forem consertados.
“Infelizmente no último FENATA a gente teve um problema elétrico, houve uma tempestade, teve raio, e teve uma uma queima de equipamentos”, explica o diretor cultural da UEPG Wilton Paz contando também que havia goteira no palco onde estavam alguns equipamentos. Além dos equipamentos do Cine-Teatro Ópera, outros que pertenciam ao PAX ou ao auditório da reitoria também foram queimados.
O diretor cultural da UEPG contextualiza que a universidade havia feito uma parceria com a Fundação Municipal de Cultural de Ponta Grossa para a realização do FUC e do FENATA do ano passado. O FUC como programação do Festival de Música resultou dessa parceria. O acordo entre as instituições era de que os custos com passagem, hospedagem e alimentação das bandas do Festival de Música estariam sob responsabilidade da UEPG e em contrapartida a prefeitura custearia a locação de equipamentos e a gravação do FUC.
Para o FENATA a prefeitura ficaria encarregada de arcar com os custos de alimentação e hospedagem dos grupos de teatro participantes da Mostra Especial. Contudo, no final do ano a prefeitura afirmou não ter verba de licitação para esses fins. A UEPG teve um furo de quase 90 mil reais. “A gente pagou os grupos, mas ficamos com vários débitos pendentes que a gente está acertando até agora”, comenta o diretor cultural da UEPG.
“E veio a conta de quase 30 mil reais para conserto de equipamento do Ópera. A prefeitura responsabilizou a UEPG dentro de uma legislação que eles alteraram em fevereiro, já depois do festival”, conta Paz. O diretor cultural afirma que a prefeitura julgou que a UEPG não entregou o teatro nas mesmas condições em que emprestaram e que haveria uma punição.
Além do prejuízo de 90 mil, existem os fundos municipais de cultura de 2016 e 2017 que não foram depositados. O representante da UEPG no Conselho Municipal de Cultura, Wilton Paz, junto com outros conselheiros, entraram com um processo no Ministério Público cobrando esse dinheiro no valor de 440 mil reais. “Acontece que não existem justificativas para que esse dinheiro não tenha sido depositado na conta. A prefeitura tentou contornar, alegando outras coisas, depositaram o dinheiro desse ano que a gente está aplicando nos editais que estão saindo aí”, comenta.
“Se viesse o dinheiro do fundo de 2017 ou de 2016 que não foram depositados pela prefeitura, eu pagaria com certeza esse conserto, eu não considero uma dívida, e manteria essa parceria. Mas não cabe a mim tomar as decisões dentro desse contexto”, argumenta Paz. Atualmente, está em andamento um acordo jurídico entre a UEPG e a Fundação Municipal de Cultura.
Godoy afirma que o Cine-Teatro Ópera está passando por dificuldades. “Temos apenas oito refletores em funcionamento para atender às apresentações, o que tem inviabilizado diversos eventos, tanto da Fundação como de produtores privados, que não estão locando o teatro, causando uma quebra na arrecadação”, conta.
O Ópera é um teatro com 3 auditórios, totalizando capacidade para 933 espectadores. O principal tem espaço para 694 pessoas. O Auditório B comporta um público de 141 pessoas. A casa de espetáculos é administrada pela Prefeitura de Ponta Grossa. Já o Teatro Municipal Álvaro Augusto Cunha Rocha, conhecido como Cine-Teatro Pax, é administrado pela UEPG desde 2008 - em 2006 foi doado pela prefeitura à universidade, mas passou por reformas e começou a funcionar em 2008. Sua plateia acomoda 650 pessoas.
Apesar de terem capacidades parecidas, os teatros ficam em diferentes bairros do município. O Ópera fica no centro e é próximo ao terminal central, o que facilita o acesso do público ao local. O PAX é em Oficinas, o que pode ser um fator para diminuição da plateia. “Ali no Ópera fica mais próximo dos bares para depois do festival os músicos se encontrarem e trocarem ideia, além do charme da rua XV”, comenta o músico que participou 3 vezes do festival Guilherme Santos.
Segundo o diretor cultura da UEPG o PAX passa por manutenções constantes e que o espaço está em melhores condições que o Cine-Teatro Ópera que, para Paz, “está bem degradado”. “As pessoas reclamam porque estão acostumadas [com o Ópera], mas eu acho que se você tem um teatro na estrutura do PAX, você tem que valorizar e é isso que a gente busca aqui na divisão cultural”, defende.
De acordo com o site do festival, o FUC foi criado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) em 1980. O evento foi até a sua 7ª edição (1986) quando foi interrompido devido a dificuldades financeiras. Em 1995 o festival ficou sob a administração da Divisão de Assuntos Culturais da UEPG e conta com o apoio do governo municipal, estadual e empresas locais para sua viabilidade financeira.
A previsão é de que a realização do FENATA também seja no PAX. “O evento já foi aprovado pela lei Rouanet, já está apto há captação, a gente só tem que finalizar a prestação de contas do 45º festival”, conta Wilton Paz. De acordo com o site do festival, o FENATA (Festival Nacional de Teatro) é realizado pela UEPG desde 1973 ininterruptamente, caracterizando-se como um dos mais antigos festivais de teatro do país. O evento faz parte do calendário de atividades da Divisão de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da Universidade.