O próximo mês de dezembro marca 50 anos desde a implantação do Ato Institucional nº5 (AI-5) no Brasil. O acontecimento registra um sentimento de censura, pois várias universidades estão com materiais recolhidos pela polícia com mandados judiciais. Além disso, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito no domingo (28/10) para ser o próximo presidente da república. E em novas manifestações, o presidente eleito afirma que o período militar não foi ditadura.
Luciane Justus, jornalista e assessora do Sindicato dos Docentes da UEPG (Sinduepg/ANDES), afirma que será um desafio para o setor de comunicação nos próximos quatro anos. “Será difícil, mas temos mais possibilidade devido ao fácil acesso da tecnologia”, avalia.
O AI-5 é considerado um dos mais graves Atos Institucionais de 17 grandes decretos emitidos durante a ditadura militar. Assinado pelo então presidente Arthur da Costa e Silva, o AI-5 e suspendeu os direitos políticos dos cidadãos e proibiu atividades ou manifestações de natureza política, entre outras medidas.
Jair Bolsonaro, em entrevista a uma emissora de rádio no interior de São Paulo, durante a campanha eleitoral, afirmou que pretendia “fazer o Brasil como era 40, 50 anos atrás”. Apesar de não inferir censura na manifestação, a referência de 50 anos relembra a época em que o AI-5 vigorava no País.
Marcelo Bronosky, professor de Jornalismo da UEPG, acredita que haverá censura, mas nada comparado ao regime militar de 1964-85. “Provavelmente será uma continuidade do governo Temer (MDB), com perda de direitos e repressão aos que resistirem”, avalia o professor.
Luciane Justus diz que, desde o governo Temer (2015), a censura cresceu nos meios de comunicação e que, por isso, a diretoria do Sinduepg já enviou orientação aos professores com alerta sobre perseguição política. “Há um clima de censura no País e nosso desafio é superar o autoritarismo”, explica. A jornalista destaca a importância os movimentos sindicais e estudantis na luta contra a censura durante a ditadura militar. Germano Busato, estudante de Jornalismo na UEPG, vê com preocupação o atual momento. “Espero que a resistência estudantil seja forte, visto que são as minorias que tendem a sofrer com a censura”, conclui.