A falta de investimentos municipais destinados à Corporação dos Bombeiros de Ponta Grossa compromete o atendimento à população. Desde 2008, o grupamento funciona apenas com recursos vindos do Estado.
O Fundo de Recomposição do Corpo de Bombeiros, o FUNREBOM, era uma taxa recolhida da população junto ao imposto do lixo. O valor dependia do tamanho da edificação, mas era em torno de R$30,00 por casa. Esse dinheiro era usado na compra de materiais operacionais e na manutenção das sedes. Mas, há 11 anos, ele foi extinto da cidade e, desde então, o grupamento não tem mais a autonomia que tinha no gerenciamento das unidades.
“Esse dinheiro do município vinha para se comprar material, para consertos em geral, pinturas e manutenção do quartel e dos veículos municipais, não se usava para outro fim”, explica o bombeiro aposentado Antonio Portela. E ainda acrescenta “Mas acharam uma brecha na lei que colocava isso como inconstitucional [...] e cortaram. Em vários municípios estão cortando”, declara.
A justificativa para a retirada da taxa foi de que a população estaria contribuindo com uma bitributação, uma cobrança a mais em virtude do que as pessoas já pagavam ao Estado. Mas, segundo o Tenente Matheus Cândido, o montante que a Corporação perdeu foi significativo para o gerenciamento das unidades. “Considerando que ficamos dez anos sem receber e que recebíamos uns 2 milhões por ano, são 20 milhões [que a Corporação não recebeu]”, conta.
Por conta disso, o número de equipamentos, como caminhões específicos, mangueiras de calibre maior, máscaras e até uniformes têm tido um volume limitado. A sede principal, que fica no Centro da Cidade, é a acionada em casos mais graves, pois possui todo o aparato necessário. As sedes de outros bairros, como de Uvaranas e Oficinas contam apenas com os carros que prestam também atendimento comunitário.
Bairros mais afastados do Centro, como o Santa Mônica, não têm sedes instaladas e os moradores dependem do atendimento vindo da principal que, em muitos casos, demora. O trânsito, a falta de sinalização no local, o clima, o horário do dia são exemplos de fatores que interferem no acesso ao lugar acionado. A auxiliar de cozinha Anelise Pereira, que mora no bairro, conta que muitas vezes a espera pelos atendimentos quase chega a uma hora. “Teve um caso na minha rua [em] que pegou fogo em uma casa, eles demoraram uns 40 minutos para chegar, por falta de sinalização e, quando chegaram, a casa estava em nada, praticamente”, relata.
O Tenente Matheus Cândido, do 2º GB, argumentou que o tempo-resposta aos atendimentos, mesmo em bairros afastados, é de no máximo 10 minutos, de acordo com os levantamentos feitos pela própria Corporação.
A respeito de construção de novas sedes na cidade, ele explica que é preciso “antes mesmo de um investimento maior, um estudo detalhado em cima da demanda expressiva do lugar”, o que não existe em Ponta Grossa, pois as áreas com maiores acionamentos, tanto por incêndios ou busca e salvamento se concentram em bairros como Olarias, Oficinas, Nova Rússia, Uvaranas e também no Centro. (ver mapas)
Áreas com maiores acionamentos
Ficha Técnica:
Produção: Francielle Ampolini e Milena Oliveira
Supervisão: Professoras Angela Aguiar, Fernanda Cavassana e Helena Maximo
Edição: Leticia Gomes