União-PG foi criado em 2018 no bairro Dalabona.

 

Cleo Nascimento é a única gestora de um time amador de futebol em Ponta Grossa, o União-PG. Ela montou sua equipe por meio de um projeto social em 2018 que visa tirar meninos das ruas através de atividades recreativas. A ideia surgiu no bairro Dalabona, junto de sua mãe, Maria Jacira. Depois de três meses, a quantidade de participantes dobrou, o que possibilitou a criação do projeto e do time. Hoje participam 572 crianças e adolescentes.  

Cleo acredita que sua presença dentro de campo pode se tornar um exemplo, conseguindo encorajar ainda mais a participação feminina no esporte. “Eu acho um máximo ser essa figura para outras garotas. Amo ver mulheres em todas as áreas: no futebol, na política... É uma honra fazer parte disto”. A gestora julga importante todo tipo de representatividade de mulheres no cenário esportivo. O União PG aceita atletas homens e mulheres, porém não foi possível ainda a criação de um time feminino devido a pouca quantidade de jogadoras.

Foto Representatividade Futebol Tayná

Cleo Nascimento, presidente do União PG.  Foto: Tayná Lyra

Atualmente, existem coletivos em 16 estados com grupos de mulheres que buscam a igualdade nas arquibancadas. Apesar da mudança, Cleo afirma ainda enfrentar preconceito quando sua capacidade de gestar o time e seu conhecimento do esporte é posto à prova. “Eu não fico triste, eu fico revoltada. Você está ali para fazer o seu trabalho”, desabafa.

A dirigente acredita que as barreiras que ela enfrenta no futebol acontecem porque muitos julgam que o futebol é uma atividade  exclusivamente masculina. “É difícil porque sinto que temos que sempre provar que somos capazes. Talvez o homem não tenha essa necessidade. Ele pode não entender nada de futebol, mas a figura dele basta. Já a mulher pode estudar, pode acompanhar o esporte, mas ela sempre vai ser colocada em julgamento”. Ela diz não se abalar e usa as críticas como sua força para impulsionar a equipe. “Eles fazem valer e me representam. Minha representação maior é o suor, a garra e dedicação deles dentro de campo. O respeito aqui dentro é igual, pelos técnicos e por mim”.

Alex Ferreira, ex-atleta do Ituano e colaborador do projeto, diz que o União-PG só existe graças ao esforço e dedicação de Cleo. O técnico reafirma a importância de ter um exemplo para outras mulheres dentro do esporte. “Infelizmente o mundo do futebol é machista. Eles veem a mulher como se não entendesse nada de futebol. A Cleo, além de entender, faz um ótimo trabalho dentro e fora de campo. Tenho certeza de que a partir dela vão surgir outras mulheres à frente do futebol.”

Marlon Ferreira de Lima, jogador do União-PG desde 2018, afirma que ter uma presidenta é diferente, pois Cleo se mostra muito acessível aos meninos. “Ela sempre conversa com a gente, nos inclui nos assuntos da equipe, pede nossa opinião. Ela precisa da nossa ajuda”, relata o atleta. Em 2021, a equipe se prepara para competir no campeonato amador de Ponta Grossa pela segunda vez. Na primeira edição que participou, em 2020, o time perdeu a classificação para as quartas de final, marcando participação apenas na primeira fase do campeonato.

Ficha Técnica:

Repórter: Tayná Lyra 

Edição: Levi de Brito

Publicação: Teodoro Anjos

Supervisão: Rafael Kondlatsch, Marcos Zibordi e Kevin Kossar