Dependendo de doações e sem auxílio de prefeituras, elas têm dificuldades em fornecer alimentos

 

Resumo:

  • O custo das cestas básicas registram recorde em Ponta Grossa, com gasto equivalente a 66,42% do salário mínimo;
  • Conforme levantamento do Nerepp/UEPG o valor total dos 33 itens da cesta tiveram um aumento de 4,81% em Outubro;
  •  Coordenadora do Grupo Renascer relata queda brusca no número de doações e falta de auxílio da Prefeitura de Ponta Grossa;
  • De acordo com a nutricionista, Débora Gessillis a falta de uma alimentação balanceada, causada pela dificuldade de acesso a cesta básica pode causar sérios problemas de saúde.

 

O valor da cesta básica está cada vez mais pesado no bolso dos brasileiros, o que impacta diretamente nas doações de mantimentos às instituições de assistência social que dependem desses recebimentos para ajudar  famílias da comunidade e grupos minoritários.

De setembro para outubro deste ano, Ponta Grossa registrou recorde no custo das cestas básicas, na qual o valor aumentou de R$697,07 para R$730,57, representando 66,42% do salário mínimo. O cálculo baseia-se no consumo básico de três membros de uma família.

Conforme levantamento feito pelo Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Nerepp/UEPG), o valor total dos 33 itens considerados indispensáveis para alimentação, higiene e limpeza teve um aumento de 4,81%.

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Foto: Alex Dolgan

 

Falta de donativos

A coordenadora e fundadora do Grupo Renascer, Debora Lee, conta que a instituição começou a apresentar dificuldades para a distribuição de alimentos desde março de 2020 e, com o aumento dos preços, a distribuição piorou. Segundo ela, as dificuldades são devidas à queda brusca no número de doações e pela falta de auxílio da Prefeitura de Ponta Grossa.

"Nós não tivemos ajuda nenhuma do poder público, então todas as doações que nós tivemos, inclusive de máscaras, foram de pessoas que conhecem o trabalho e a seriedade do Grupo Renascer”, explica Lee.

 O Grupo foi fundado no ano de 2000, com intuito de defender e garantir os direitos da população LGBTQIA +, sobretudo daqueles que vivem em vulnerabilidade social. O Renascer também presta auxílio à população transexual e travesti da cidade de Ponta Grossa, fazendo doações, atendimento assistenciais, realizando cuidados à saúde e auxiliando em questões de moradia. 

Em janeiro de 2021, a ONG finalizou a parceria com a Legião da Boa Vontade (LBV), que doava cerca de 14 cestas básicas por mês ao grupo. A coordenadora do Renascer também comenta que as cestas básicas que restam estão sendo distribuídas para um grupo prioritário, formado por mulheres idosas sem renda fixa.

 

Impactos à saúde pública

A nutricionista Débora Gessillis salienta os impactos à saúde pública acarretados pelo elevado valor dos alimentos e pela diminuição de doação da cesta básica a grupos assistenciais. Segundo ela, para uma alimentação ser considerada adequada e de qualidade, é necessário atender todos os grupos alimentícios.

De acordo com a nutricionista, o difícil acesso à cesta básica fez dos carboidratos  os alimentos mais consumidos pela população em vulnerabilidade social. Isso acontece devido ao seu baixo valor, comparado a outros grupos alimentícios. O consumo exagerado pode causar sérios problemas à saúde. “O crescimento no consumo de apenas carboidratos como a farinha, o fubá e a quirera, a longo prazo pode causar um colapso na saúde”. 

Conforme a nutricionista, a alimentação deficiente também causa a desnutrição e perda da imunidade, que faz com que o corpo use a reserva natural de gordura para manter o metabolismo em funcionamento. 

 

Ficha Técnica

Repórter: Alex Dolgan

Edição e Publicação: Lucas Müller

Supervisão de Produção:  Vinícius Biazotti

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen