No mês das mães, fala-se sobre presentes e homenagens. Mas as dificuldades enfrentadas pelas mulheres durante o parto ainda são pouco debatidas.
No ano de 2016, 879 mortes maternas (com causa obstétrica declarada) foram registradas no Brasil, de acordo com o DATASUS. Destas, 43 foram no Paraná. Conforme pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2010), uma em cada quadro mulheres sofreu algum tipo de violência durante o parto no país. Violência obstétrica é caracterizada por qualquer ato contra a mulher durante o parto, no âmbito sexual, reprodutivo, psicológico e físico, através de tratamento desumano, abuso de medicação e negação da decisão sobre o próprio corpo.
A violência obstétrica foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jaqueline Guerreiro e Leonardo Mordhost, defendido no início de 2017, pelo curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). " O objetivo principal é dar voz às mulheres que são silenciadas pela mídia e instituições hospitalares, conscientizar o público de tais procedimentos e, com isso, denunciar as práticas e cenário abusivos", afirma Jaqueline Guerreiro. Confira o documentário, com depoimentos sobre o tema em Ponta Grossa:
Existem quatro pŕaticas mais comus de violência obstétrica: episiotomia, incisão que aumenta a abertura vaginal durante o parto; aplicação de ocitocina sintética, que acelera o trabalho de parto, mas aumenta a dor; manobra de Kristeller, ato de pressionar a barriga da mulher no momento em que ela faz força para o bebê nascer; e litotomia, posição em que a mulher é obrigada a permanecer durante o parto.
Em entrevista ao Periódico, a enfermeira obstétrica Ana Paula Robert aponta a cesariana fora do trabalho de parto como uma forma de violência obstétrica. A enfermeira é fundadora do grupo Ventre & Luz, pioneiro em Ponta Grossa na realização do parto domiciliar planejado. Ouça um trecho da entrevista:
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de cesárias não deve ultrapassar 15% do total de partos. No sistema de saúde brasileiro privado, o índice é quase cinco vezes maior que o indicado; no Sistema Único de Saúde (SUS), o número equivale a três vezes a recomendação da OMS.
Na sexta-feira (05), a Associação em prol da Maternidade Ativa e Segura (AMAS) exibe o documentário na sala A17 do bloco A, no campus central da UEPG. A apresentação começa às 19h, seguida de um debate com os autores.