Entre as consequências estão amadurecimento precoce e baixo rendimento escolar
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) apontam que 1,8 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil, em 2019. Desse total, 66,4% são do sexo masculino e 66,1% são pretos ou pardos.
De acordo com o Artigo 60 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos de idade. A atuação profissional de jovens entre 14 a 17 anos só é permitida através das condições propostas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Segundo a conselheira tutelar Nicole Castagnolli, muitas famílias priorizam o trabalho da criança e do adolescente e deixam de lado direitos como a educação e o lazer. “Às vezes, é preciso entender o contexto, buscando o porquê daquela criança estar trabalhando, se a família está passando fome, por exemplo”.
Foto: Carlos Eduardo Mendes
A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, realizada em 2019, aponta que 41,7% das crianças com até 14 anos estavam em situação de pobreza no país. Jeferson Luiz Bonato Cochinski, psicólogo especializado em trabalho infantil, esclarece que “a maioria dos casos estão ligados a pobreza, pois a criança ou adolescente é obrigada a buscar uma rendar complementar para ajudar nas despesas da casa”.
A psicóloga Ana Paula Orlandini explica que o trabalho durante a infância pode afastar a criança da escola, além de desenvolver quadros de amadurecimento precoce e bloqueio emocional. “Geralmente, a criança passa a trabalhar por incentivo de familiares. Isso pode fazer com que ela naturalize aquela condição de trabalho exploratória e desumana”.
Para a psicóloga, um dos motivos que leva a evasão escolar é o cansaço decorrente de longas jornadas de trabalho e serviço pesado. Segundo ela, por mais que a criança vá para a escola, não consegue prestar atenção nas aulas. “O trabalho tem uma importância na vida de todos, mas ele tem um tempo para chegar e uma condição segura para acontecer”, reforça.
Ficha técnica
Reportagem: Rafaela Koloda
Edição: Ana Moraes e Matheus Gaston
Publicação: Matheus Gaston
Supervisão de produção: Vinicius Biazotti
Supervisão de publicação: Mauricio Liesen e Marcos Zibordi