Por causa da covid-19, associações de apoio tiveram que atuar de forma remota
Para crianças que apresentam Transtorno do Espectro Autista (TEA), manter a própria rotina é fundamental. Elas possuem facilidade de fazer as mesmas coisas, nos mesmos horários e do mesmo jeito. Durante a pandemia, no entanto, muitos autistas que frequentavam terapias com psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos tiveram que parar o tratamento presencial. Outros estímulos precisaram ser criados na rotina.
Em Ponta Grossa, há mais de um ano, algumas organizações que atendem pessoas com TEA vivem em um contexto atípico para desenvolver atividades com os autistas, como é o caso da Associação de Proteção aos Autistas (Aproaut) que atende 83 usuários em uma de suas unidades. A entidade deixou de receber pessoas e precisou se adaptar para que a rotina e as tarefas fossem mantidas nas casas dos autistas.
Catarina Candia é neuropedagoga e técnica de artes na Aproaut. Ela revela que a associação tem realizado um trabalho específico com base na rotina de cada autista, para continuar o acompanhamento pedagógico. “Muitos autistas não sabem falar, então nós fizemos painéis didáticos com figuras de atividades do dia a dia de cada um como escovar os dentes, comer, tomar banho e brincar para ajudá-los a identificar essas ações e começar a verbalizar.” Um dos principais desafios é adaptação dos lares, conforme as demandas de entretenimento e atenção que uma pessoa com TEA exige. Para Catarina, é necessário que os pais se dediquem, da mesma forma que os profissionais se inovam para garantir qualidade de vida aos pequenos, nesse tempo que os tira da zona de conforto.
Foto: Amanda Dombrowski
Dedicação
Fabíola Dalla Lana é esteticista, mas atualmente é mãe em tempo integral do Miguel. Seu filho de cinco anos é autista e frequentava regularmente um centro terapêutico até que as aulas foram paralisadas. Para Miguel não sofrer com atrasos no desenvolvimento, Fabíola se dedicou a realizar pequenas atividades para ajudá-lo na identificação de cores, números, animais e outros comandos. “As principais atividades do Miguel são feitas para que ele estimule a coordenação, compreensão e fala, já que ele é não verbal”. Assim, Miguel torna-se capaz de compreender e realizar tarefas necessárias do cotidiano, apesar da pouca interação social devido à pandemia.
Este texto faz parte da edição 220 do Foca Livre, jornal-laboratório produzido por alunos do segundo ano de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Ficha Técnica:
Repórter: Maria Eduarda Ribeiro
Edição: Carolina Olegário
Publicação: Larissa Godoi
Supervisão: Cândida Oliveira, Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi e Maurício Liesen