Em 2021, nasceram 189 bebês a menos que em 2020
Foto: Divulgação/Agência Brasil
De acordo com o levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa, a natalidade na cidade vem diminuindo gradualmente ao longo dos últimos quatro anos. Segundo a pesquisa, houve uma queda de 859 nascimentos. De 5.415 em 2018 para 4.556 em 2021.
A tendência é nacional, pois, em 2020, primeiro ano de pandemia, o Brasil registrou declínio de 4,7% no número de nascimentos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), houve redução em todas as regiões e no Sul o índice foi de menos 3,1%. No mesmo período, os óbitos aumentaram em 14,9% em função do vírus.
Para o sociólogo, mestre em economia e doutor em demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR), José Eustáquio Diniz Alves, o impacto da pandemia de Covid-19 no Brasil deve diminuir o número de nascimentos ao longo dos anos. Alves destaca que o período que mais teve nascimentos no Brasil foi no quinquênio de 1981 a 1985, com cerca de 4 milhões de nascimentos anuais. No ano passado foram cerca de 2,95 milhões de bebês, o menor número em mais de 70 anos.
O professor ressalta em seu artigo “O impacto da covid-19 na dinâmica demográfica brasileira”, publicado no EcoDebate, que a tendência para as próximas duas décadas é o aumento da população, mas em ritmo cada vez mais lento, além de destacar a importância de uma nação menor.
Mães da pandemia
A dona de casa Nayra da Costa Silva Porto, 20 anos, ficou grávida em 2020. Uma gravidez não planejada durante a pandemia de Covid-19 fez com que a jovem se assustasse com o cenário, com medo de contrair o vírus e prejudicar sua gestação. “O ruim mesmo foi ter passado ela [gravidez], na pandemia, pois eu não podia sair, ninguém podia, na verdade, tudo estava fechado, então não dava para comprar as coisas que queria, nem passear um pouco, então foi uma fase complicada nisso, ficar só em casa num momento tão especial”, relata.
O momento desafiador para Nayra foi ser contaminada pelo vírus pois, apesar de os sintomas serem leves por conta da vacina, ela não teve como evitar o contato com a filha. “Não sei se ela chegou a pegar, porque teve febre uns dois dias e só, e mesmo eu me cuidando bem, mas se ela pegou foi bem leve, me senti mais segura por causa da vacina” conta a dona de casa, que pretende ter outros filhos, mas daqui a três anos. “Tudo depende mesmo tanto da situação financeira e a situação da pandemia”.
A professora Cristiane Marinho Rocha, 34 anos, teve seu terceiro filho durante a pandemia e também relata que a gravidez não foi planejada, até porque ela não poderia ter mais filhos em razão de uma complicação na gestação anterior. “Tive muito medo, pois peguei bem o pico da variante delta, e nessa época muitas gestantes estavam entrando em óbito”.
Ficha técnica:
Repórter: Larissa Godoi
Edição e publicação: João Paulo Pacheco e Germano Busato
Supervisão de produção: Rafael Kondlatsch
Supervisção de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen