Apenas no cruzamento da Balduíno Taques com a Saldanha Marinho, mais de 8 mil veículos atravessam o local nos horários de pico
O deslocamento pela cidade, principalmente em horários de pico, tem ficado cada vez mais demorado. O grande fluxo de automóveis e pessoas são algumas das causas para trânsito não fluir com maior agilidade. Trajetos simples se tornam complicados, principalmente em ruas do centro.
Para se deslocar de ônibus, saindo do ponto do Cemitério Municipal São José, localizado na Avenida Balduíno Taques e ir até o Terminal Central de Transporte Público, na Avenida Doutor Vicente Machado, por exemplo, o trajeto costuma levar cerca de cinco minutos, em horários menos movimentados. Em horário de pico, aproximadamente às 18 horas, o tempo de deslocamento chega a dobrar e até passar de 10 minutos.
Segundo o levantamento da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), que leva em conta o mês de setembro de 2019, a maior média da contagem de veículos em dias úteis no cruzamento das ruas Vicente Machado e Visconde de Nácar, é de 1.143, no horário das 18h às 18h59, horário considerado de pico. Na cruzada entre Balduíno Taques e Saldanha Marinho, o maior número é após o almoço, das 13h às 13h59, quando passam em média 1.553 veículos. Sem contar que essas vias possuem outros cruzamentos e semáforos, o que deixa o trânsito mais complicado nesses horários.
O estudante de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Lucas Antunes, relata que precisa pegar quatro ônibus para ida e mais quatro na volta da faculdade. O trajeto que faz, do Núcleo Residencial Santa Maria, no bairro Colônia Dona Luiza, até o Campus de Uvaranas da UEPG, demora aproximadamente 90 minutos. Em horários de pico, o tempo perdido é maior, sem contar com a superlotação, calor e atrasos de ônibus. “É complicado. É um tempo perdido, onde poderia estar fazendo outras coisas”, explica Antunes. Além disso, o estudante afirma que o cansaço das “viagens” pode atrapalhar no rendimento acadêmico. “Chego cansado em casa. São oito ônibus por dia. Quando há trabalhos para casa, complica”, afirma.
O trabalhador ponta-grossense no geral também é afetado por essa condição. Para sair de um bairro afastado, que necessite passar por alguns dos terminais (Oficinas, Nova Rússia e Uvaranas) e chegar ao Centro da cidade para trabalhar, o deslocamento leva, em média, 50 minutos, em horários de pico, contanto que não perca nenhum ônibus durante o percurso. Caso aconteça de perder o horário de algum ônibus, o tempo ultrapassa uma hora de viagem. Em horários de trânsito mais tranquilo, o trajeto dura, em média, 40 minutos.
Em dias de chuva, a situação é pior. Em alguns pontos de ônibus, passam diversas frotas diferentes. Por isso, o passageiro deve apontar com a mão para sinalizar que necessita do serviço. Mas, para não se molhar, os passageiros não fazem o sinal, ainda mais se o ponto estiver cheio, e a condução acaba passando direto. Foi o que aconteceu com Rosmari Mehret Silveira, 68, no final da tarde de uma quinta-feira, após as aulas que frequenta na Universidade Aberta a Terceira Idade (UATI) da UEPG. Se soubesse, havia ido a pé, chegaria mais rápido”, exclamou indignadamente. Silveira demostra irritação. Havia esperado mais de 30 minutos pelo ônibus que acabou não parando para a usuária. “Ainda querem aumentar a passagem. Para isso tem que melhorar as condições de serviço”, disse.
Outra usuária, 72, também cursista da UATI, mas que não quis se identificar, aguardava pelo ônibus no mesmo instante e se sentiu prejudicada. “As coisas nunca acontecem como a gente planeja. Poderia já estar em casa, mas estou aqui, na chuva”, lamentou. O ônibus seguinte veio somente 10 minutos depois. “Graças a Deus, finalmente”, exclamaram alguns dos oito usuários à espera do transporte no mesmo local.
Ficha Técnica
Reportagem: André Ribeiro
Edição: Alunos do 2º ano e Rafael Santos
Supervisão: Professores Angela Aguiar, Ben-Hur Demeneck, Hebe Gonçalves e Fernanda Cavassana