Retirada da linha não passou por consulta da associação local
Moradores da vila Jardim Lagoa Dourada, em Uvaranas, estão sem linha de ônibus própria desde março de 2020. A partir de então, as linhas de ônibus das vilas San Martin e Londres passam pelo local. A mudança ocorreu sem que a comunidade e a Associação de Moradores do Lagoa Dourada fossem avisados.
A linha do Londres possui dois veículos e somente um circula pelo Lagoa Dourada. Sem horário fixo e sem saber qual deles passa pela vila, os moradores ficam confusos. “Demora mais de 40 minutos, é lotado pelas manhãs e tardes. Sempre vejo o pessoal reclamando do horário do ônibus. Daí é só o Londres e não sabe qual dos dois ônibus vêm e qual não vem”, diz a autônoma Luciane Ferreira.
Segundo os moradores, a linha de ônibus no Lagoa Dourada possui um histórico de problemas relacionados aos horários. À noite, a vila fica sem ônibus e a linha do San Martin passou a fazer a rota. A mesma coisa ocorre nos fins de semana em que as linhas do Londres e San Martin se alternam durante o dia para passar na vila.
Durante a pandemia, o problema se agravou. De acordo com a babá Katarina Breula Pinto, durante a noite os moradores se sentem inseguros por terem que descer do ônibus que para em uma vila ao lado. “Não tem ônibus depois das sete da noite. A vila tem o San Martin que fazia antigamente. A gente tem que dar a volta no bairro inteiro, que é perigoso e chegar no nosso local. Minha filha chegava da escola e eu tinha medo. Já foi assaltada várias vezes”, reclama.
No início de março de 2020, outras linhas de ônibus na cidade também deixaram de circular, tiveram frotas reduzidas ou mudanças nos itinerários. Diego Felipe Vaz, chefe da Divisão de Transportes Urbanos da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte de Ponta Grossa (AMTT), justifica a retirada da linha de ônibus do Lagoa Dourada e de outras vilas devido à queda de passageiros durante o período da pandemia. “A AMTT segue com estudos diários para tentar prever o impacto, retorno ou continuar a pausa dessa linha para tentar amenizar esse impacto que a pandemia trouxe no transporte coletivo”, acrescenta.
Sobre a AMTT não consultar a população e a lotação dos ônibus em horários de pico, Vaz informa que a urgência no período da pandemia inviabilizaria consulta pública e que sempre é acrescentado um carro extra nas linhas quando necessário.
Ficha Técnica:
Repórter: Leonardo Duarte
Edição: Yasmin Orlowski
Supervisão: Fernanda Cavassana, Rafael Kondlatsch e Kevin Kossar
Publicação: Manu Benicio