Concessionária alega prejuízo de R$ 50 milhões desde o início da pandemia

 Categoria faz protestos desde dia 28 de abril. Foto: André Lopes/Lente Quente/Arquivo

Motoristas e cobradores da Viação Campos Gerais (VCG) realizam protestos com paralisação parcial dos trabalhos desde 28/04, após a empresa não cumprir com o prazo de pagamento dos salários atrasados, segundo os funcionários. Os trabalhadores estão em greve desde o dia 5 de abril de 2021 em Ponta Grossa. Atualmente, apenas 50% da frota está em funcionamento na cidade por conta de decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A paralisação parcial tem causado aglomerações nos terminais e lotação do transporte coletivo em plena pandemia da Covid-19.

A concessionária alega prejuízo de R$ 50 milhões desde o início da pandemia por conta da diminuição no número de passageiros. A VCG informa que nos últimos 12 meses opera em prejuízo na prestação do serviço.

Para analisar a situação de Ponta Grossa é preciso entender o atual cenário. Esta é a avaliação do professor Elton Barz, presidente estadual do PCdoB no Paraná e membro da Frente Ampla Democrática em Ponta Grossa (FAD PG), que analisa o funcionamento do sistema de transporte coletivo na cidade. “Usamos uma base de planilha que tem uma tendência de gerar mais-valia para os empresários do sistema de transporte coletivo”, explica o professor.

As planilhas servem para calcular todos os insumos necessários ao funcionamento do transporte, incluindo o que já foi feito e os custos de tarifas, conforme documento da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), que foi atualizado em 2014. “A base do sistema é ter custos que dêem vantagem aos empresários, com pouca concorrência e que esteja de acordo aos empresários e sindicatos dos trabalhadores”, avalia Barz. Conforme o professor, o acordo pretendido faz com que os sindicatos também se mobilizem pelos interesses dos empresários e não necessariamente apenas dos trabalhadores.

Antônio Aguinel, que trabalha com transporte em Ponta Grossa e acompanha a situação da gestão pública local, critica o que chama de omissão do poder público em relação ao transporte. “O poder deveria fiscalizar diariamente o transporte coletivo da cidade, mas acaba deixando à concessionária, que agora alega prejuízo e não paga os salários dos funcionários”, diz.

A estudante universitária Mariana Gonçalves, que precisava pegar dois ônibus para chegar à UEPG central, critica o sistema de transporte na cidade. “Desde muito tempo tem lotação nos ônibus e terminais, mas nada é feito para melhorar a situação”, avalia. “O serviço precisa melhorar urgentemente, pois quando a pandemia acabar o quadro só tende a piorar”, diz.

 

Ficha Técnica:

Repórter: Ana Carolina Barbato Dias

Publicação: David Candido

Supervisão: Sérgio Gadini

 

 

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